sexta-feira, 4 de novembro de 2011

SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ LECH LECHÁ 5772

BS"D

 

VENCENDO O COMODISMO - PARASHÁ LECH LECHÁ 5772 (04 de novembro de 2011)

 

"Certa vez foi realizada uma expedição de cientistas com a missão de capturar uma espécie rara de macacos nas selvas africanas, para que estes macacos pudessem contribuir em um importante estudo biológico. Seria uma missão difícil, pois os macacos deveriam ser capturados vivos e ilesos, sem nenhum tipo de ferimento. Por isso a utilização de dardos tranquilizantes foi completamente descartada.

 

Para liderar a missão foi contratado um grupo de cientistas que conheciam todos os hábitos desta espécie de macaco. Após algum tempo de estudos e testes eles conseguiram desenvolver uma armadilha muito engenhosa e, ao mesmo tempo, extremamente simples. Foram fabricados frascos de vidro com um gargalo longo e estreito, suficiente apenas para que passasse a mão aberta de um macaco. Dentro do frasco foram colocadas nozes, a comida preferida desta espécie. Vários destes frascos foram fixados na terra, enquanto uma pequena quantidade de nozes também foi espalhada em volta dos frascos como forma de atrair os macacos para a armadilha. Depois disso os cientistas continuaram acompanhando, à distância, o comportamento dos macacos.

 

Como a armadilha funcionava? Quando o macaco sentia o cheiro das nozes dentro do frasco, ele enfiava a mão através da estreita abertura e pegava um punhado de nozes. Mas quando tentava tirar a braço com a mão fechada, ficava preso, pois a mão aberta passava pelo gargalo estreito, mas a mão fechada não.

 

Mas por que os macacos ficavam presos? Era só abrir a mão e eles estariam livres! O mais incrível foi perceber que os macacos desejavam tanto as nozes que, mesmo vendo os cientistas se aproximando para capturá-los, não conseguiam abrir a mão e deixar as sonhadas nozes para trás. Assim os macacos foram facilmente capturados, sem a necessidade de causar nenhum tipo de ferimento neles"

 

Podemos rir dos macacos, pensando que são muito tolos. Mas em alguns aspectos nos comportamos como eles. Nos apegamos tanto a algumas coisas materiais que, mesmo sabendo que elas nos prendem e não nos deixam crescer espiritualmente, não conseguimos nos soltar.

 

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Na Parashá que lemos nesta semana, Lech Lechá, a Torá nos descreve alguns dos grandes testes aos quais Avraham foi submetido durante sua vida. No total foram 10 testes, e Avraham conseguiu passar com sucesso por todos. Ele demonstrou ao mundo sua gigantesca força espiritual e seus méritos nos ajudam, até hoje, a vencer nossos testes cotidianos.

 

A Parashá começa justamente com um dos testes, conforme está escrito: "E D'us disse para Avram: saia para você da sua terra, dos seus parentes, da casa do teu pai, e vá para a terra que Eu te mostrarei" (Bereshit 12:1). Aparentemente abandonar a casa e ir para outro lugar parece um teste fácil, já que muitos fazem isso. Muitas pessoas mudam de cidade ou até mesmo de país em busca de oportunidades de trabalho e melhores condições de vida. Mas refletindo um pouco, percebemos que para Avraham foi um grande teste de Emuná (fé). Ele não saiu de sua casa e da sua terra para buscar melhores condições. Ele já tinha seu sustento garantido e estava próximo da família. Ele saiu apenas porque D'us pediu para que ele abandonasse tudo.

 

Além disso, uma pessoa que sai por vontade de sua terra sabe aonde quer chegar, mas D'us não revelou para Avraham nem mesmo para onde ele iria. D'us o levaria para perto ou para longe? Quem seriam os habitantes deste novo lugar? De onde ele conseguiria seu sustento? Seria recebido de forma amigável ou teria problemas com os moradores? Eram muitas perguntas sem resposta. E apesar das dificuldades, Avraham venceu o teste e seguiu o comando de D'us sem questionamentos, como está escrito "E Avram pegou sua esposa Sarai e Lót, filho de seu irmão... e saíram para ir à terra de Knaan, e chegaram à terra de Knaan" (Bereshit 12:5).

 

Observando atentamente este último versículo, surge uma grande pergunta: a Torá foi escrita de uma maneira muito concisa, de forma que mesmo uma letra "sobrando" carrega consigo ensinamentos profundos. Mas este versículo parece fugir da regra, pois se Avraham saiu de Charan para ir a Knaan, por que a Torá precisou escrever que ele chegou a Knaan? Não é óbvio?

 

A resposta está no final da Parashá da semana passada, Noach. A Parashá terminou falando sobre o pai de Avraham, Terach, que era um grande idólatra. Terach, por algum motivo não revelado pela Torá, também quis sair de sua casa para ir à terra de Knaan, mas nunca chegou ao seu objetivo, como está escrito: "E pegou Terach seu filho Avram, e Lót, filho de Haran, filho do seu filho, e sua nora Sarai, esposa de seu filho Avram, e saiu com eles de Ur Kasdim para ir até a terra de Knaan. E chegaram até Charan e se estabeleceram lá" (Bereshit 11:31). Se Terach queria ir para a terra de Knaan, por que ele parou no meio do caminho, em Charan, e ficou? Além disso, este detalhe sobre a vida de Terach é aparentemente desnecessário. Que mensagem a Torá está nos transmitindo?

 

Fomos criados com um potencial espiritual. Nosso trabalho neste mundo, durante o tempo limitado que nos foi dado, é preencher este potencial e meritar a vida eterna no Mundo Vindouro. D'us criou o mundo material para nos dar, através do livre arbítrio, méritos por cada escolha correta. E para nos dar um livre arbítrio verdadeiro, D'us criou o ser humano composto por duas partes: uma alma, que busca a espiritualidade, e um corpo, que se conecta com o material. Nosso trabalho é fazer com que a alma tenha controle sobre o corpo, para que os dois juntos cheguem ao objetivo final: utilizar o mundo material como um meio para atingir o espiritual. A maneira de fazer isto é através das Mitsvót, que conectam o mundo material com o mundo espiritual. A maioria das Mitsvót envolve objetos físicos que, quando utilizados da maneira correta, criam espiritualidade.

 

Mas o que acontece quando deixamos o corpo comandar as escolhas? O corpo se desvia do caminho e começa a se afundar na busca incessante pelos desejos materiais, como um cavalo que sai da estrada em busca de comida e sombra quando percebe que seu condutor adormeceu. A pessoa se acomoda com os prazeres materiais e perde a vontade de realizar seu trabalho espiritual. Ela perde o foco de qual é o seu trabalho neste mundo temporário.

 

A Terra de Knaan, que futuramente foi chamada de Terra de Israel, representa o nosso máximo potencial espiritual, a nossa meta. Tanto Terach quanto Avraham saíram de suas casas, isto é, iniciaram sua jornada espiritual em direção ao seu objetivo. Mas a diferença entre Avraham e Terach estava na perseverança. Terach queria ir até o final, mas chegou a Charan e se acomodou. Avraham manteve o foco, ele saiu em direção à terra de Knaan e não parou até chegar lá.

 

Todos nós também passamos por este teste na vida, o teste de vencer o comodismo, de procurar a verdade, de cumprir nosso papel espiritual no mundo. Mas por que vemos tantos que não conseguem chegar? Por que vemos tantas pessoas vivendo vidas completamente sem sentido? Pois muitos pensam que para atingir o propósito é necessário abrir mão de todo o conforto e prazer. Imaginam que viver uma vida espiritual é algo pesado e, por isso, desistem antes de começar. Mas isto é um grande erro. As palavras com as quais D'us ordenou a Avraham sair de sua casa nos ensinam que nós temos apenas a ganhar seguindo os caminhos espirituais. D'us não falou para Avraham apenas "Lech" (saia), Ele disse "Lech Lechá" (saia para você), isto é, para o seu benefício, para que você cresça, para que você descubra seu potencial e aumente seus méritos. Tudo o que D'us nos pede é para o nosso próprio bem.

 

Terach, que parou no meio do caminho, morreu como mais um idólatra, equivocado nas suas crenças infundadas, enquanto Avraham foi até o final e se transformou em um dos pilares do mundo. Se hoje em dia mais de 75% do mundo é monoteísta, isto é consequência da perseverança de Avraham, que não se acomodou, não viveu em busca de conforto nem se enfraqueceu com as dificuldades que surgiram. E se o teste se repete, as escolhas também. Podemos nos esforçar e, como Avraham, dar nossa contribuição para o mundo, ou nos comportar como os macacos que, presos pelos seus desejos, já não conseguem mais ser livres de verdade.

 

SHABAT SHALOM

 

R' Efraim Birbojm

 

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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ NOACH 5772

BS"D

 

MILAGRE OU NATUREZA? - PARASHÁ NOACH 5772 (28 de outubro de 2011)

 

"O pequeno Yacov, de apenas 6 anos de idade, voltou para casa mais agitado do que o normal. Seu pai então perguntou o que ele havia aprendido na escola. Ele respondeu que, como a festa de Pessach estava se aproximando, o professor havia ensinado todos os detalhes da saída do povo judeu do Egito. O pai ficou interessado em escutar o que ele havia aprendido e o pequeno Yacov começou a contar:

 

- Moshé queria tirar o povo judeu do Egito, mas o exército egípcio era uma grande ameaça. Foi então que a força aérea israelense apareceu, com centenas de caças F-16, e bombardeou o Egito. Os egípcios ainda tentaram impedir a saída dos judeus, mas eles foram facilmente derrotados pela artilharia. Durante o trajeto no deserto, helicópteros Apache israelenses voavam na frente, eliminando todos os perigos e iluminando o caminho de noite. Quando eles se aproximaram do Mar Vermelho, não era possível atravessar. Então navios de guerra israelenses deram cobertura para que robôs comandados por controle remoto construíssem uma ponte metálica, possibilitando que todo o povo judeu atravessasse. Quando os egípcios foram atravessar, submarinos nucleares israelenses explodiram a ponte, afogando todo o exército egípcio.

 

O pai escutou calado todo o relato do filho, sem piscar os olhos, em estado de choque. Respirando fundo, ele perguntou, incrédulo:

 

- É isso que estão te ensinando na escola?

 

O garoto abriu um sorriso e confessou ao pai.

 

- Olha, pai, na verdade eu inventei tudo isso, pois se eu tivesse contado a verdade, com todos os milagres que aconteceram na saída do Egito, certamente você não teria acreditado!"

 

Infelizmente para muitas pessoas é mais fácil acreditar em acasos da natureza e outros tipos de explicação científica do que enxergar, em cada evento que acontece, a mão de D'us.

 

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Nesta semana lemos a Parashá Noach, que traz dois eventos que mudaram os rumos da humanidade. A Parashá começa descrevendo o dilúvio que destruiu o mundo inteiro. Dentre todos os humanos, apenas Noach (Noé) e sua família foram salvos em uma arca que eles mesmos construíram sob o comando de D'us. Em seguida a Parashá descreve a construção da Torre de Babel, como está escrito "Venham, vamos construir para nós uma cidade e uma torre com seu topo nos céus, e façamos um nome para nós, para que não sejamos dispersados por toda a Terra" (Bereshit 11:4). D'us, vendo que a construção era feita com más intenções, destruiu o plano misturando todas as línguas, de maneira que as pessoas não podiam mais se comunicar.

 

Refletindo um pouco sobre a construção da Torre de Babel, surgem algumas perguntas: em primeiro lugar, aparentemente não há nada de errado em construir uma torre alta. Então qual foi exatamente o erro que aquela geração cometeu? Além disso, por que a Torá juntou os eventos da Arca de Noach e a Torre de Babel, se eles ocorreram com uma diferença de 340 anos? E finalmente, sabemos que a Torá não é apenas um livro de histórias. Que mensagem eterna a Torá nos ensina com o episódio da Torre de Babel?

 

Há um Midrash muito interessante que nos ensina qual foi o fim da Torre de Babel: um terço foi completamente queimado, um terço afundou na terra e um terço continua intacto, e é tão alto que as palmeiras vistas lá de cima parecem gafanhotos. O que este Midrash significa? Será que deve ser entendido de forma literal? Onde está este terço que não foi destruído?

 

Ensinam os nossos sábios que há uma grave proibição de não acreditar em um Midrash por ele parecer "fantasioso" demais, pois D'us tem poder ilimitado e pode fazer o que desejar. Porém, temos a transmissão oral dos nossos sábios de que alguns Midrashim não devem ser entendidos literalmente. Eles são como mensagens codificadas, transmitindo algo mais profundo.

 

Há outro Midrash que nos ajuda a "decodificar" a mensagem sobre a destruição da Torre de Babel. O Midrash traz três diferentes opiniões sobre o motivo que levou as pessoas a quererem construir a Torre de Babel. De acordo com a primeira opinião, a construção da Torre era para estabelecer uma nova ordem mundial, um governo universal para toda a humanidade. De acordo com a segunda opinião, as pessoas construíram a Torre para chegar aos céus e lutar contra D'us. Há ainda uma terceira opinião na qual a construção seria para evitar um novo dilúvio. As pessoas pensavam que dilúvios eram fenômenos naturais cíclicos, causados por aberturas no céu, e por isso quiseram construir uma estrutura que chegasse até o céu e o sustentasse, impedindo a queda das águas.

 

Explica o Rav Yssocher Frand que estas três opiniões representam, na verdade, três diferentes filosofias. E é esta a explicação do Midrash sobre o fim da Torre de Babel: cada uma das três partes da Torre representa o que aconteceu, no decorrer da história, com cada uma destas três filosofias.

 

A filosofia de lutar contra D'us foi completamente queimada e destruída, isto é, foi erradicada do mundo. Mesmo grandes monstros como Saddam Hussein e Muamar Kaddafi assassinavam e roubavam, mas sempre em nome de D'us. Eles desafiaram o mundo afirmando que D'us estava do lado deles. Apesar de ser uma forma de enganar a si mesmos, eles demonstraram que atualmente, mesmo nos governos mais corruptos e perversos, não há uma luta contra D'us.

 

A filosofia de criar uma nova ordem mundial apenas afundou na terra, isto é, não desapareceu completamente. De tempos em tempos esta filosofia coloca sua cabeça para fora da terra e ressurge. Por exemplo, após a Primeira Guerra Mundial foi criada a "Liga das Nações", uma tentativa de criar um governo único e universal, mas que durou poucos anos e terminou no final da Segunda Guerra Mundial. Depois disso foi criada a "Organização das Nações Unidas", que cada vez mais demonstra ser uma instituição falida e corrupta. D'us nos garantiu que a união de todos os povos sob um único governo somente acontecerá após a vinda do Mashiach. Qualquer tentativa, antes do momento certo, pode funcionar por um tempo limitado, porém não trará frutos duradouros.

 

Mas a terceira filosofia, de atribuir tudo o que ocorre ao acaso e às forças da natureza, permanece firme até os dias de hoje. Durante 120 anos Noach avisou as pessoas sobre o dilúvio, mas as pessoas o ridicularizaram. Finalmente o dilúvio veio, exatamente conforme Noach havia profetizado. As pessoas deveriam ter aprendido a lição. As pessoas deveriam ter aproveitado a oportunidade de enxergar a mão de D'us, de ver um milagre aberto. Mas o que a geração da Torre de Babel fez, poucos séculos depois? Tentou construir um apoio para os céus. Enxergou tudo como sendo um fenômeno da natureza. Ao invés de aprender alguma lição espiritual para corrigir seus erros, procuraram explicações científicas.

 

E o que nos ensina o final do Midrash, ao dizer que a parte remanescente de torre é tão alta que lá de cima mesmo as grandes palmeiras se parecem com minúsculos gafanhotos? O Midrash ressalta o nível de cegueira das pessoas que querem se enganar. Mesmo quando D'us faz milagres incríveis, grandes como as altas palmeiras, eles são minimizados como se fossem míseros gafanhotos por aqueles que não querem enxergar.

 

Um exemplo aconteceu há 20 anos. Em 1991, Israel foi atacado por Saddam Hussein, durante a Guerra do Golfo, com 39 mísseis "Scud". Apesar de serem mísseis com elevado poder de destruição, eles causaram apenas 3 mortes. Dos 39 mísseis que caíram, 3 destruíram filiais da "Super Farm", uma grande rede de drogarias cujo slogan era "Funcionamos inclusive no Shabat". A "coincidência" foi tanta que os jornais locais divulgaram a seguinte manchete: "O que Saddam Hussein tem contra a Super Farm?". O número 39 é exatamente a quantidade de trabalhos criativos proibidos no Shabat. Difícil ser coincidência, não? Mas quando muitos israelenses foram questionados sobre o milagre de não ter ocorrido uma gigantesca tragédia, a maioria respondeu: "demos muita sorte, né? Os mísseis caíram no lugar certo".

 

Podemos ver nos nossos dias o quanto esta filosofia ainda é forte, levando muitos a perder a mensagem principal. Quando recentemente o Japão foi atingido por uma série de terremotos, Tsunamis e explosões nas usinas nucleares, tudo o que os jornais noticiaram foram as movimentações das placas tectônicas que causaram tremores de terra, como se tudo tivesse sido um grande acaso. Que lições aprendemos sobre o Japão? O que mudamos depois desta tragédia? Nada, pois se são apenas fenômenos da natureza, o que há para aprender e mudar?

 

Por que as pessoas procuram tanto explicações científicas ou naturais para as catástrofes? Pois é mais cômodo do que se perguntar "o que eu tenha a ver com isso?". É mais fácil acreditar no acaso do que assumir um erro. Mas fechar os olhos não faz o problema sumir. Procurar soluções na ciência e construir torres não evita dilúvios e não muda decretos espirituais. Mas Teshuvá (arrependimento), Tefilá (reza) e Tzedaká (caridade) podem mudar o curso do mundo. Somente quando aprendermos com as tragédias, assumindo nossos erros e os corrigindo, poderemos nos alegrar com o fim das tragédias "naturais".

 

SHABAT SHALOM

 

R' Efraim Birbojm

 

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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

SHABAT SHALOM M@IL - SHMINI ATSÉRET, SIMCHÁ TORÁ E PARASHÁ BERESHIT 5772

BS"D

 

O QUE VOCÊ QUER SER QUANDO VOCÊ CRESCER?  - SHMINI ATSÉRET, SIMCHÁ TORÁ E PARASHÁ BERESHIT 5772 (19 de outubro de 2011)

 

"O movimento dos escoteiros busca desenvolver nos jovens a vontade de trabalhar em equipe pelo bem da sociedade. Seu lema é "sempre alerta", pois procuram constantemente oportunidades de ajudar a alguém necessitado.

 

Certo dia um grupo de escoteiros voltou ao quartel-general. Todos os dias eles se reuniam com o general, no final do dia, para descrever quais as bondades cada um havia praticado. Naquele dia os 12 rapazes do grupo informaram que haviam feito um trabalho em equipe: ajudaram uma velhinha a atravessar a rua. O general comentou:

 

- Acho muito bonita a atitude de ajudar uma senhora velhinha a atravessar a rua. Mas para isso eram necessários 12 escoteiros?

 

Então os rapazes responderam:

 

- É que ela não queria atravessar..."

 

Muitas vezes fazemos uma pequena bondade no nosso dia e achamos que já cumprimos nossa obrigação. Mas será que com o pouco que fazemos realmente preenchemos nosso potencial de fazer bondades? E são realmente bondades verdadeiras?

 

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Na próxima quarta-feira de noite começaremos a reviver a festa de Shmini Atséret. Apesar de vir imediatamente após a festa de Sucót, elas são independentes, cada uma com seus próprios significados e costumes. E junto com a festa de Shmini Atséret nossos sábios fixaram a comemoração da festa de Simchá Torá (em Israel, onde é feito apenas um dia de Yom Tov, as duas festas são juntas. Fora de Israel, que são dois dias de Yom Tov, no primeiro dia é Shmini Atséret e no segundo dia é Simchá Torá). O que fazemos de especial em Simchá Torá? Terminamos o ciclo de leitura anual da Torá, concluindo com a Parashá Vezót Habrachá, e imediatamente recomeçamos o ciclo com a leitura dos versículos iniciais do primeiro livro da Torá, Bereshit. Com isso demonstramos o quanto a Torá é querida para nós, pois não a tratamos como um livro que, ao terminar sua leitura, guardamos na gaveta e nunca mais abrimos. Ao contrário, no mesmo dia em que terminamos o ciclo de leitura da Torá imediatamente recomeçamos sua leitura, demonstrando nosso amor por todos os seus ensinamentos.

 

Também demonstramos o nosso amor em Simchá Torá dançando com o Sefer Torá. O costume é que todos as pessoas presentes tem o mérito de segurar por alguns instantes o Sefer Torá e dançar com ele, dando voltas pela sinagoga. Mas afinal, por que nos alegrar tanto por termos recebido a Torá? Será que algo que foi entregue há 3 mil anos continua atual até hoje? Os livros de ciência, após 20 ou 30 anos, perdem sua validade, pois novas descobertas substituem o que pensávamos ser correto. Será que a Torá também não está desatualizada?

 

Uma das respostas está na Parashá Bereshit, a primeira do novo ciclo de leitura semanal, que será lida no Shabat desta semana. A Parashá começa com a criação do mundo e em cada dia é descrito o que foi criado por D'us. No quarto dia a Torá descreve a criação do sol, da lua e das estrelas, como está escrito: "E disse D'us: Que haja luminárias no firmamento do céu, para separar entre o dia e a noite, e servirão como sinais, e para as festas, e para os dias e anos... E D'us fez as duas grandes luminárias, a grande luminária para dominar o dia e a pequena luminária para dominar a noite, e as estrelas" (Bereshit 1:14,16).

 

Mas deste versículo fica uma dúvida. Por que a Torá descreve o sol como "grande luminária" e a lua como "pequena luminária"? Que diferença faz para nós o tamanho dos astros celestiais? Além disso, existem muitas outras diferenças entre o sol e a lua, então por que ressaltar apenas o ponto de "grande" e "pequena"?

 

Uma pergunta similar fazemos quando escutamos a Brachá (benção) que é dita para a criança durante o seu Brit-Milá: "Este pequeno será grande". Que tipo de Brachá é esta? Estamos desejando apenas que a criança, que agora é pequena e frágil, se torne forte e grande? Não existe nenhuma Brachá mais importante para dar ao bebê neste momento tão especial, no qual ele entra no pacto com D'us?

 

Ensina o Rav Eliahu Dessler que existem duas forças no mundo: a força de Netiná (doar aos outros) e a força de Netilá (tomar dos outros). Todas as boas características são apenas derivações da força de Netiná, enquanto todas as más características são apenas derivações da força da Netilá. Quando uma pessoa dirige sua vida orientada pela força de Netiná, ela se torna um ser humano altruísta e solidário, que busca o bem dos outros mesmo à custa de perdas próprias. Já quando a pessoa dirige sua vida orientada pela força da Netilá, ela se torna um ser humano egoísta e insensível, que não hesita em passa por cima dos outros para alcançar seus próprios benefícios.

 

Dizem os nossos sábios que é justamente este ensinamento que a Torá está transmitindo nos versículos da criação dos astros celestiais. Quando a Torá diz que um astro é "Gadol" (grande) e um astro é "Katan" (pequeno), não está falando apenas do tamanho físico. Qual a diferença principal entre o sol e a lua? O sol tem luz própria, ele ilumina os outros, ele aquece, ele "doa". Já a lua não tem luz própria, ela apenas recebe, apenas toma. Portanto a Torá está definindo que "grande" é aquele que doa, que se importa com os outros, enquanto "pequeno" é aquele que apenas se preocupa em receber e satisfazer suas próprias necessidades.

 

Podemos ver este conceito em Moshé Rabeinu. Quando ele era um bebê, foi colocado em uma cesta no Rio Nilo e foi encontrado por Batia, a filha do Faraó. Como Batia não podia amamentar, ela entregou Moshé para que Yocheved o amamentasse, sem saber que ela era a verdadeira mãe. Quando Moshé passou da idade de amamentação, ele foi devolvido a Batia, como está escrito "E o garoto cresceu, e ela o trouxe para a filha do Faraó" (Shemot 2:10). Estranhamente o próximo versículo repete: "E aconteceu nestes dias que Moshé cresceu e saiu para ver seus irmãos e viu o sofrimento deles" (Shemot 2:11). Por que a Torá menciona duas vezes em seguida que Moshé cresceu ("Vaigdal", de "Gadol")?

 

A explicação é que o primeiro versículo se refere ao seu crescimento físico, Moshé cresceu e deixou de ser um bebê. Já o segundo versículo se refere ao seu crescimento espiritual. Quando a Torá considera que Moshé cresceu espiritualmente? Quando ele saiu para ver seus irmãos e o sofrimento deles. Quando deixou de ser egoísta, de se preocupar apenas com seus próprios problemas e passou a se importar com as dificuldades dos outros. Moshé, apesar de viver no luxo e comodidade do palácio do Faraó, se tornou um "Gadol", importando-se e sentindo a dor das outras pessoas.

 

Não é fácil se importar com os outros. Um bebê nasce com a mão fechada, isto é, ele só sabe receber. Chora por sua comida sem se importar se são 2 ou 3 da manhã, se seus pais estão cansados ou não. Quando a criança cresce, é mandada para a escola e entra em um mundo de competição, ficando cada vez mais centrada em si mesma. Sem nenhum esforço contrário, este egocentrismo tende a crescer cada vez mais. Em uma sociedade competitiva como a que vivemos atualmente, onde somos cobrados constantemente por resultados cada vez melhores, o egoísmo se fortalece ainda mais. Para subir na vida, nos tornamos pessoas frias, aprendemos a passar por cima dos outros sem sentir remorso. Se preocupar com o próximo chega a ir contra a natureza humana de auto-preservação. Justamente por ser algo tão "natural", muitos não se preocupam em mudar. Então, para nós que queremos mudar, como fazer para anular este lado egoísta intrínseco do ser humano?

 

A resposta está em um dos ensinamentos do Talmud (parte da Torá Oral): "Assim D'us disse ao povo judeu: Meus filhos, Eu criei o Yetzer Hará (má inclinação), e Eu criei a Torá como antídoto contra ele. E se vocês se ocuparem com a Torá, vocês não serão entregues na mão dele" (Kidushin 30b). A má inclinação é parte intrínseca do ser humano. D'us criou esta força que nos puxa para baixo justamente para nos dar méritos por cada vitória. E como vencer? Estudando a Torá e aplicando seus ensinamentos na prática.

 

A Torá é um modelo de bondade. Podemos aprender a bondade diretamente de D'us. Se Ele é perfeito e completo, por que criou o mundo? Apenas por bondade, apenas para fazer bem às Suas criaturas. Desde Adam e Chava, quando D'us se preocupou em criar para eles roupas mesmo após terem transgredido Seu mandamento, até a morte de Moshé, quando D'us pessoalmente se ocupou com seu enterro, a Torá está repleta de demonstrações da bondade de D'us. Também na Torá podemos aprender a fazer bondades com aqueles que seguiram os caminhos de D'us. Com Avraham Avinu, cuja casa era aberta nas 4 direções, para receber todos os viajantes que passassem pelo caminho. Com Rachel, que foi enterrada no meio da estrada, sozinha, apenas para poder rezar e chorar por seus filhos quando estivessem sendo levados ao exílio, séculos depois. Com Moshé, que abdicou de ter uma vida pessoal e dedicou sua vida a ajudar aos outros. Em que nível devemos nos cobrar? Ensinam os nossos sábios que todos os dias devemos nos perguntar: "Quando meus atos chegarão ao mesmo nível dos atos dos meus antepassados?". Devemos ter o desejo de ser como Avraham, como Rachel e como Moshé. Devemos querer ser verdadeiros campeões de bondade.

 

Quando vemos um atleta vencendo a prova dos 100 metros, não devemos ter a ilusão de que a vitória veio de maneira simples, em menos de 10 segundos. A vitória não foi apenas na corrida. Foi nos duros treinamentos diários, que muitas vezes começaram de madrugada e se estenderam até o anoitecer. Foi na alimentação balanceada, onde doces e gorduras, apesar de serem deliciosos, ficaram de fora. Foi no equilíbrio, na qualidade de vida, nas noites de sono bem dormidas, mesmo que para isso tivesse sido necessário abrir mão das festas e baladas. E quando vemos o campeão olímpico no pódio, recebendo sua medalha de campeão, sabemos que ele não se arrepende por seu esforço e por tudo o que ele precisou abrir mão. Valeu a pena, valeu o esforço.

 

Também não podemos ser "campeões de bondade" sem esforço. Temos que nadar o tempo inteiro contra a correnteza. Não importa que o mundo é desonesto, queremos ter uma vida honesta. Não importa que o mundo decidiu ser egoísta, queremos fazer a diferença, queremos nos importar com os outros. Não queremos ser apenas mais um tijolo na parede, queremos ser parte das fundações de um mundo melhor. Apesar de ter mais de 3.000 anos, a Torá não está antiquada. Ao contrário, em uma sociedade tão egoísta como a que vivemos, a Torá se torna fundamental para podermos fugir desta natureza tão negativa. É uma verdadeira bóia no meio de um mar de más influências.

 

Se um atleta pudesse escolher seu próprio treinamento, o que ele iria preferir? Treinos leves, com pouco esforço. Começar tarde e acabar cedo. Por isso ele precisa de um treinador, que constantemente exige que ele chegue ao limite, que vai obrigá-lo a trabalhar duro. A Torá é o nosso "treinador". Se o ser humano pudesse escolher seus próprios caminhos espirituais, escolheríamos sempre os caminhos mais cômodos. E o caminho mais fácil é o do egoísmo. Assim observamos os animais que, sem um manual de bondades, se preocupam apenas com suas próprias necessidades. Através das Mitsvót, as nossas obrigações, a Torá nos molda, nos "força" a nos tornarmos boas pessoas. Quando damos Tzedaká (caridade), mesmo que no começo seja por obrigação, com o tempo vamos sentindo gosto pelo ato de doar. Quando devolvemos um objeto encontrado, mesmo que com sofrimento, sentimos o gosto de fazer o que é justo e correto. Assim acontece com todas as Mitsvót, elas nos direcionam ao caminho correto. Elas nos ajudam a sermos grandes de verdade.

 

Portanto, esta é a Brachá que damos para um bebê no dia do seu Brit-Milá. Que este bebê, que agora ainda é um "Katan", que apenas recebe, que apenas se importa com suas necessidades, possa um dia se tornar um "Gadol", um doador, que se importa com as necessidades dos outros.

 

Sem a Torá estaríamos perdidos, dominados por nossas vontades. A Torá é a chave para nos libertar das algemas que nos prendem às nossas más inclinações. Por isso, em Simchá Torá devemos nos alegrar de verdade, dançar com a Torá nos nossos braços, agradecer a D'us pelo presente que Ele nos mandou. E se esta alegria vier do fundo do nosso coração, certamente ela nos acompanhará durante o ano todo. A alegria verdadeira, de saber que estamos fazendo a coisa certa.

 

"Felicidade verdadeira é a que se experimenta ao fazer o que deve ser feito" (Rav Akiva Tatz)

 

CHAG SAMEACH e SHABAT SHALOM

 

R' Efraim Birbojm

 

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HORÁRIO DE ACENDIMENTO DAS VELAS DE YOM TOV (SHMINI ATSÉRET)
São Paulo: 18h54  Rio de Janeiro: 18h39  Belo Horizonte: 18h41  Jerusalém: 16h24

 

HORÁRIO DE ACENDIMENTO DAS VELAS DE YOM TOV (SIMCHÁ TORÁ)
acender depois de São Paulo: 19h47  Rio de Janeiro: 19h31  Belo Horizonte: 19h33 

 

HORÁRIO DE ACENDIMENTO DAS VELAS DE SHABAT (PARASHÁ BERESHIT)
São Paulo: 18h55  Rio de Janeiro: 18h39  Belo Horizonte: 18h42  Jerusalém: 16h21

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Para inscrever ou retirar nomes da lista, para indicar nomes de pessoas doentes ou Leilui Nishmat (elevação da alma), e para comentar, dar sugestões, fazer críticas ou perguntas sobre o E-mail de Shabat,favor mandar um E-mail para ravefraimbirbojm@gmail.com

 

(Observação: para Refua Shlema deve ser enviado o nome da mãe, mas para Leilui Nishmat deve ser enviado o nome do pai).


quarta-feira, 12 de outubro de 2011

SHABAT SHALOM M@IL - SUCÓT 5772

BS"D

 

EQUILÍBRIO NA VIDA - SUCÓT 5772 (12 de outubro de 2011)

 

"Na primeira vez em que o pequeno Zelig visitou Israel, em 1992, uma das paradas obrigatórias foi uma sorveteria de Jerusalém. Naquela época não era fácil encontrar sorvete de iogurte Kasher em Nova York e ele, ao entrar na loja, não podia acreditar nos seus olhos. Eram mais de 30 sabores diferentes, com infinitas possibilidades de acompanhamento: balas, granulados, wafers, frutas, chocolates. Imaginou que havia chegado ao paraíso.

 

Zelig não sabia quando ele teria outra oportunidade daquelas, então resolveu aproveitar de verdade. Após pensar um pouco, pediu sorvete de morango, abacaxi e menta, com crocante, wafers, calda de chocolate, nozes, chocolate branco e balinhas. Tudo o que parecia gostoso ele pedia que fosse acrescentado ao seu sorvete de iogurte. A atendente não se importou e foi colocando tudo o que Zelig pedia. Deveria ser mais um daqueles americanos mimados...

 

Quando o sorvete ficou pronto, Zelig mal podia esperar. Olhava para o sorvete, que mais parecia uma escultura, e sonhava com a primeira colherada. Mas, quando chegou o esperado momento de experimentar, Zelig ficou profundamente decepcionado. Aquela massa não tinha gosto de nada do que ele tinha escolhido. Eram tantos sabores juntos que, no final, já não podia mais distinguí-los..."

 

O maior segredo da vida é o equilíbrio. Pode ser em coisas simples, como um sorvete de iogurte, mas também pode ser aplicado a prazeres maiores que temos na vida. Quando queremos apenas "curtir" a vida sem limites e sem harmonia, no final sentimos que não aproveitamos nada.

 

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Nesta quarta-feira de noite reviveremos uma das festas mais alegres do calendário judaico: Sucót. Inclusive nossos sábios "apelidaram" a festa de Sucót como "Zman Simchateinu" (a época da nossa alegria) justamente pelo fato da alegria ser o ponto marcante. Por uma semana inteira saímos do conforto das nossas casas e passamos parte do nosso dia comendo, descansando e relaxando dentro da Sucá, uma cabana provisória feita, em geral, com madeiras e uma cobertura de folhas.

 

Quando observamos a maioria das religiões do mundo, percebemos que os prazeres do mundo material são vistos como algo negativo. A única maneira de atingir a espiritualidade é afastando-se completamente dos prazeres materiais, com jejuns, votos de silêncio e castidade e abrindo mão de todo o conforto. Mas sabemos que o judaísmo ensina justamente o contrário, que os prazeres do mundo material foram criados justamente para que possamos utilizá-los. A diferença entre o judaísmo e a filosofia ocidental do "Carpe Diem" (aproveite a vida) é que o foco dos prazeres materiais deve ser o crescimento espiritual. Portanto, se o judaísmo não incentiva o ser humano a viver uma vida de pobreza e abstinência, o que tem de tão alegre em abandonar o conforto de nossas casas durante os dias de Sucót?

 

Além disso, cada um dos Shalosh Regalim (Três Festivais: Pessach, Shavuót e Sucót, nos quais fazíamos a peregrinação para o Templo Sagrado) está relacionado diretamente com um dos três patriarcas. Ensinam os nossos sábios que Sucót está associado ao patriarca Yaacov. Qual a conexão entre Yaacov e a festa de Sucót?

 

Para entender a alegria de Sucót precisamos voltar no tempo, para mais de 3.300 anos atrás, quando saímos do Egito. Os judeus acabavam de sair de dois séculos de escravidão e opressão. Eles ainda se sentiam desprotegidos e vulneráveis, ainda mais com aquele deserto gigantesco diante deles, cheio de perigos e incertezas. Como eles sobreviveriam sem comida e sem água? Como aguentariam os dias escaldantes e as noites congelantes do deserto? Como suportariam, com animais e crianças, uma caminhada tão longa? Foi então que todos os medos do povo judeu foram aliviados com o aparecimento das nuvens de D'us, que o envolveram e trouxeram um sentimento de amor e conexão com o Infinito. As nuvens os protegiam, por todos os lados, de todos os perigos.

 

E para relembrar a proteção das nuvens e sentir novamente esta conexão espiritual é que moramos por uma semana em Sucót, as cabanas provisórias. Esta é a essência da festa de Sucót: a Emuná (fé), sentir novamente a proximidade e o amor de D'us. Voltar a refletir sobre todas as bondades que Ele faz conosco, todas as Brachót que recebemos, como Ele nos salva nos momentos de dificuldade e aperto.

 

Emuná é uma das Mitzvót mais importantes da Torá. Por outro lado, ter uma Emuná verdadeira é algo muito difícil. Todas as vezes que D'us não nos manda o que estávamos esperando, como reagimos? Reclamamos ou entendemos que é parte de Sua sabedoria superior e que devemos aprender alguma lição? Quando não temos sucesso em algo pensamos que este era o decreto Celestial ou que deveríamos ter nos esforçado um pouco mais?

 

Por que é tão difícil ter Emuná completa? Pois vivemos em uma verdadeira corda bamba. Por um lado temos uma obrigação de nos esforçar e fazer a nossa parte para obter os resultados desejados. Alguns sábios dizem que se esforçar é inclusive uma Mitzvá. Por outro lado, como saber até onde o esforço é válido e quando ele passa a ser demasiado, resultando em uma falta de Emuná? Qual é o limite?

 

A resposta é que não existe uma medida padrão a ser seguida. O esforço que cada um precisa fazer deve ser de acordo com o seu nível de conexão espiritual, quanto a pessoa sente que D'us participa de sua vida. Mas há uma regra que pode nos ajudar a chegar ao nosso nível correto de Shtadlut (esforço). E esta é a conexão com o nosso patriarca Yaacov.

 

A Torá nos descreve Avraham como alguém que desenvolveu ao máximo o potencial de Chessed (bondade). Porém, mesmo a característica de Chessed precisa ser dosada, e como Avraham foi ao extremo, dele saiu um filho tzadik (justo), Yitzchak, e um filho rashá (malvado), Ishmael. Yitzchak desenvolveu ao máximo o potencial da justiça estrita. Mas também a característica de justiça estrita precisa ser dosada, e como Yitzchak foi ao extremo, dele saiu um filho tzadik, Yaacov, e um filho rashá, Essav. Yaacov desenvolveu o potencial do equilíbrio, saber dosar entre o Chessed e a Justiça estrita, em que momento utilizar cada um deles. Yaacov representa, portanto, a ponderação e o equilíbrio, e por isso dele saíram apenas filhos tzadikim.

 

Precisamos aplicar este conceito em nossas vidas. Por exemplo, se tudo o que recebemos de dinheiro no ano já foi decretado em Rosh Hashaná e selado em Yom Kipur, quanto precisamos trabalhar para garantir nosso sustento? A resposta é: equilíbrio. Precisamos ser bons profissionais, dedicar tempo e esforço para fazer as atividades diárias de uma maneira bem feita. Mas se a condição para ser um bom profissional é não sobrar tempo para acompanhar o jogo de futebol do filho no domingo, não ter forças para frequentar as rezas e o estudo de Torá diariamente na sinagoga ou sempre estar atrasado quando vai levar a esposa para jantar, este são sinais de que não se trata de um esforço construtivo e é, portanto, falta de Emuná. O esforço ideal pelo sustento, de acordo com o judaísmo, é aquele que nos permite cuidar também de todas as outras áreas importantes da vida, como família, saúde e espiritualidade.

 

Mas infelizmente temos a tendência de nos apoiar demais no mundo material, isto é, fazer muito mais esforços do que precisaríamos, causando problemas na nossa Emuná. Associamos nossa segurança às nossas sólidas paredes de casa. Associamos nossa felicidade unicamente aos bens materiais, principalmente aqueles que ainda não temos. Associamos o nosso sucesso profissional a abrir mão de qualquer outra área da vida. Por isso a festa de Sucót está associada com Yaacov e com a alegria. Quando abandonamos o conforto e a segurança de nossas casas, estamos dando um passo ativo para alcançar o equilíbrio e a harmonia. Pendemos momentaneamente para o lado do espiritual, da Emuná, do entendimento de que na verdade, apesar das máscaras que encobrem a verdade, tudo vem de D'us. Voltamos a perceber que para ser feliz precisamos de muito menos do que imaginamos.

 

Portanto, a alegria de Sucót não é uma alegria passageira. É uma alegria que, se alcançada de forma verdadeira, tem o potencial de iluminar nosso ano inteiro. A alegria de saber que não estamos sozinhos. A tranqüilidade de sentir que estamos dentro de um plano maior e que o que temos na vida é exatamente o que precisamos para dar a nossa contribuição verdadeira ao mundo.

 

CHAG SAMEACH e SHABAT SHALOM

 

R' Efraim Birbojm

 

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HORÁRIO DE ACENDIMENTO DAS VELAS DE YOM TOV (1º dia de Sucót)
São Paulo: 17h51  Rio de Janeiro: 17h36  Belo Horizonte: 17h39  Jerusalém: 16h32

 

HORÁRIO DE ACENDIMENTO DAS VELAS DE YOM TOV (2º dia de Sucót)
acender depois de São Paulo: 18h44  Rio de Janeiro: 18h28  Belo Horizonte: 18h30 

 

HORÁRIO DE ACENDIMENTO DAS VELAS DE SHABAT
São Paulo: 17h52  Rio de Janeiro: 17h36  Belo Horizonte: 17h39  Jerusalém: 16h29

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Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de minha querida e saudosa tia, Léa bat Meir Z"L. Que possa ter um merecido descanso eterno.

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Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de: Avraham ben Ytzchak, Joyce bat Ivonne, Feiga bat Guedalia, Chana bat Dov, Kalo (Korin) bat Sinyoru (Eugeni), Leica bat Rivka, Guershon Yossef ben Pinchas; Dovid ben Eliezer, Reizel bat Beile Zelde, Yossef ben Levi, Eliezer ben Mendel, Menachem Mendel ben Myriam, Ytzhak ben Avraham, Mordechai ben Schmuel, Feigue bat Ida, Sara bat Rachel, Perla bat Chana, Moshé (Maurício) ben Leon, Reizel bat Chaya Sarah Breindl; Hylel ben Shmuel; David ben Bentzion Dov, Yacov ben Dvora; Moussa HaCohen ben Gamilla, Naum ben Tube (Tereza); Naum ben Usher Zelig; Laia bat Morkdka Nuchym; Rachel bat Lulu; Yaacov ben Zequie; Moshe Chaim ben Linda; Mordechai ben Avraham; Chaim ben Rachel; Beila bat Yacov; Itzchak ben Abe; Eliezer ben Arieh; Yaacov ben Sara, Mazal bat Dvóra, Pinchas Ben Chaia, Messoda (Mercedes) bat Orovida, Avraham ben Simchá, Bela bat Moshe, Moshe Leib ben Isser, Miriam bat Tzvi, Moises ben Victoria, Adela bat Estrella, Avraham Alberto ben Adela, Judith bat Miriam, Sara bat Efraim, Shirley bat Adolpho, Hunne ben Chaim, Zacharia ben Ytzchak, Aharon bem Chaim, Taube bat Avraham, Yaacok Yehuda ben Schepsl, Dvoire bat Moshé, Shalom ben Messod, Yossef Chaim ben Avraham, Tzvi ben Baruch, Gitl bat Abraham, Akiva ben Mordechai, Refael Mordechai ben Leon (Yehudá), Moshe ben Arie, Chaike bat Itzhak, Viki bat Moshe, Dvora bat Moshé, Chaya Perl bat Ethel, Beila Masha bat Moshe Ela, Sheitl bas Iudl, Boruch Zindel ben Herchel Tzvi, Moshe Ela ben Avraham, Chaia Sara bat Avraham, Ester bat Baruch, Baruch ben Tzvi, Renée bat Pauline, Menia bat Toube, Avraham ben Yossef, Zelda bat Mechel, Pinchas Elyahu ben Yaakov.

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Para inscrever ou retirar nomes da lista, para indicar nomes de pessoas doentes ou Leilui Nishmat (elevação da alma), e para comentar, dar sugestões, fazer críticas ou perguntas sobre o E-mail de Shabat,favor mandar um E-mail para ravefraimbirbojm@gmail.com

 

(Observação: para Refua Shlema deve ser enviado o nome da mãe, mas para Leilui Nishmat deve ser enviado o nome do pai).