| | | | | ASSUNTOS DA PARASHAT VAIERÁ - D'us visita Avraham após o Brit-Milá, aos 99 anos.
- Os 3 "beduínos" visitantes.
- Promessa de um filho para Sara.
- 2 Anjos vão para Sdom.
- Lot recebe os anjos.
- Destruição de Sdom e fuga de Lot.
- Nascimento de Amon e Moav.
- Sequestro de Sara porAvimelech.
- Nascimento de Itzchak.
- 9º teste de Avraham: Expulsão de Hagar e Ishmael.
- Hagar, Ishmael e o anjo.
- O Tratado de Beer Sheva.
- 10º teste de Avraham: Akeidat Ytzchak.
- Nascimento de Rivka.
| | | CONEXÃO COM O ESPIRITUAL - PARASHAT VAIERÁ 5786 (31/out/25) "Em 1937, um jovem rabino vindo da Lituânia desembarcava nos Estados Unidos. Chamava-se Rav Yaacov Kamenetzky zt"l (Lituânia, 1891 - EUA, 1986), um Talmid Chacham que estudou nas Yeshivót de Slobodka e Mir, em uma época em que a Europa respirava Torá. Mas o mundo onde ele estava chegando era bem diferente. A América dos imigrantes judeus estava tomada pela luta pela sobrevivência e manutenção da espiritualidade. Muitos judeus se viam obrigados a trabalhar no Shabat, e a Torá lentamente se tornava uma lembrança distante. O Rav Yaacov assumiu uma pequena comunidade na Pensilvânia. Era uma vila simples, com poucos judeus e recursos limitados. O salário era modesto, as condições muito difíceis e o futuro parecia incerto. Mesmo assim, ele recusava qualquer proposta de emprego que pudesse interferir no seu estudo de Torá ou no cumprimento do Shabat. Aos olhos do mundo, ele vivia com pouco. Mas, aos olhos da eternidade, ele possuía tudo. Certa vez, já idoso e reconhecido como um dos grandes líderes da geração, alguém lhe perguntou se não se arrependia de ter vivido tantos anos com simplicidade, sem buscar conforto ou riqueza. O Rav Yaacov sorriu com tranquilidade e respondeu: - Arrepender-me? De forma alguma. Eu ganhei algo que ninguém pode tirar: a serenidade de viver com Torá. Ele explicava que conheceu muitos homens que passaram a vida inteira acumulando dinheiro e status, mas que, por dentro, eram inquietos e insatisfeitos. "Eles têm tudo e, ainda assim, nada os preenche. Eu tive pouco, mas vivi com propósito todos os dias". Essa era a sua verdadeira riqueza: a paz interior que nasce quando a vida é guiada pela Torá. Para o Rav Yaacov, o valor das coisas não se media pelo que se possuía, mas pelo quanto se permanecia conectado ao que é eterno. Mesmo já sendo um dos maiores líderes de Torá, continuava vivendo da mesma forma simples. Nunca teve carro próprio, vestia roupas modestas e não acumulava bens. Costumava repetir o versículo "O ganho da Torá é melhor do que o da prata, e a sua renda é melhor do que o ouro fino" (Mishlei 3:14) e explicava: "O lucro do ouro termina quando o homem morre. Mas o lucro da Torá começa justamente quando ele parte deste mundo". Essa frase expressava o lema de sua vida: viver em coerência com o que é verdadeiro, mesmo quando o mundo inteiro segue outro caminho. "Verdade" não é apenas não mentir, é viver alinhado com o propósito Divino. A verdadeira riqueza não se mede pelo que temos, e sim pelo que somos diante da Torá. O homem que vive com Emuná e Torá carrega um tesouro que ninguém pode roubar: a serenidade e a claridade." O exemplo do Rav Yaacov Kamenetsky nos ensina que felicidade não é a ausência de dificuldades, mas a presença de sentido. Quem vive com Torá pode enfrentar a pobreza e ainda se sentir rico, pode ter pouco e ainda viver com fartura. Pois o ganho não está no acúmulo, e sim na tranquilidade de viver com a verdade. | | | Nesta semana lemos a Parashat Vaierá (literalmente "E apareceu"), que continua descrevendo os difíceis dez testes pelos quais Avraham passou em sua vida. A cada teste ele ia se elevando, se espiritualizando, descobrindo que seus limites iam além do que ele imaginava. Até que ele chegou ao seu último e mais difícil teste: a "Akeidat Ytzchak", quando se viu comandado por D'us a sacrificar seu próprio filho. O teste não envolvia apenas conseguir dominar a misericórdia de um pai pelo seu filho para cumprir a vontade de D'us. Era também um teste com um forte componente social, pois a vida inteira Avraham lutou contra a idolatria de Molech, cujo serviço consistia em passar o próprio filho em uma fogueira. Além disso, Avraham teve que lutar contra seu lado intelectual, pois o comando de D'us não parecia fazer sentido. Por que sacrificar aquele que seria o responsável por dar continuidade a todo o legado espiritual desenvolvido por ele, através de anos de reflexão? Mesmo assim, Avraham venceu todos os questionamentos e levou seu filho para ser sacrificado. O teste foi ainda mais difícil por Avraham ter que caminhar por três dias, acompanhado de Ytzchak, Ishmael (seu filho com Hagar) e Eliezer (seu escravo). Quando chegaram ao local do sacrifício, somente Avraham e Ytzchak subiram na montanha apontada por D'us. E, no último instante, quando Avraham já havia levantado a faca para sacrificar seu filho, um anjo o interrompeu e não permitiu que ele terminasse o ato, como está escrito: "E ele disse: 'Não estenda a sua mão contra o rapaz, nem lhe faça mal algum, pois agora eu sei que você teme a D'us, visto que você não negou seu filho, seu único'" (Bereshit 22:12). Depois disso, a Torá descreve a volta de Avraham para casa: "E Avraham retornou aos seus jovens" (Bereshit 22:19). "Jovens" se refere a Ishmael e Eliezer. Porém, onde estava Ytzchak? O Midrash explica que Avraham o enviou à casa de Shem, para estudar Torá. Mas por que justamente neste momento? Naturalmente, seria esperado que, após uma experiência tão intensa, Avraham retornasse imediatamente para casa com Ytzchak. Em primeiro lugar, para que Ytzchak pudesse se recuperar daquela experiência avassaladora. Além disso, para que Sara, que não sabia para onde o filho tinha sido levado, soubesse o que aconteceu e pudesse rever seu filho. O Midrash responde que o motivo pelo qual Avraham mandou Ytzchak estudar Torá justamente naquele momento, ao invés de antes levá-lo para casa, pode ser comparado a uma mulher que enriqueceu por meio de sua máquina de fiar. Ela disse: "Já que foi com essa máquina que eu enriqueci, nunca mais quero me afastar dela". Assim também disse Avraham: "Tudo o que alcancei na vida foi apenas graças ao meu envolvimento com a Torá e as Mitzvót. Portanto, não quero que isso jamais se afaste de meus descendentes". À primeira vista, a analogia parece estranha. Por acaso seguir a Torá trouxe para Avraham riquezas e conforto? Pelo contrário, foram as provações e sofrimentos que o acompanharam justamente por causa de seu compromisso com a Torá e as Mitzvót! Seria mais natural que o Midrash destacasse a dor e a entrega, e não a riqueza. Então o que o Midrash nos transmite com esta analogia? O Rav Meir Rubman zt"l (Lituânia, 1895 - Israel, 1967) aprende das palavras do Midrash um ensinamento profundo sobre o sentimento dos nossos patriarcas em sua Avodat Hashem. Para compreender melhor este tema, é preciso observar outro trecho do Midrash, que expressa o sublime equilíbrio que havia em Avraham, entre o desejo ardente de cumprir a vontade de D'us e a compaixão natural que um pai sente pelo filho. Diz o Midrash que quando Avraham estendeu a mão para pegar a faca, seus olhos se encheram de lágrimas de compaixão. Mas, apesar disso, o coração de Avraham estava alegre por estar cumprindo a vontade de seu Criador. O Midrash acrescenta algo ainda mais surpreendente. Está escrito no versículo "E o anjo disse: não estenda sua mão contra o rapaz". Porém, por que o versículo não disse "Não estenda a faca"? Pois três lágrimas caíram dos anjos e a faca se desmanchou. Avraham então disse: "Eu quero cumprir a vontade de D'us. Como não tenho mais a faca, então me deixe estrangulá-lo!". Foi por isso que o anjo respondeu: "Não estenda sua mão". E mesmo assim Avraham não desistiu e pediu: "Me deixe ao menos tirar uma gota de sangue do meu filho, para que eu possa cumprir a vontade de D'us!", ao que o anjo respondeu "Não lhe faça mal algum". Avraham era um servo leal, que não buscava flexibilizações, leniências ou motivos de isenção. Avraham se entristeceu mais com as palavras "Não estenda sua mão" do que com a ordem "Eleve-o como uma oferenda" (Bereshit 22:2). A prova é que, diante do comando de sacrificá-lo, ele não protestou, como está escrito "e foram ambos juntos" (Bereshit 22:8), isto é, com o coração pleno. Mas quando o anjo o chamou dizendo "Não estenda sua mão contra o rapaz", Avraham ficou surpreso e confuso. Diante dessa confusão, Avraham não via em "não estenda tua mão" um ponto final. Pediu ao menos para cumprir de outra forma a Mitzvá, ou parte dela. Daqui vemos que o comportamento dos patriarcas estava muito acima do comportamento esperado das pessoas normais. Também voltar com Ytzchak para casa após o evento da Akeidá seria o comportamento de quem age segundo o curso natural das coisas. Mas os patriarcas viviam acima da natureza. Por isso, logo após o evento, Avraham enviou Ytzchak para estudar Torá com Shem, pois queria que a Torá fizesse parte integral da vida de seu filho, da mesma forma que fazia parte integral de sua vida e de suas decisões. Agora podemos entender também a analogia do Midrash, comparando Avraham a uma mulher que enriqueceu com sua máquina de fiar. Isso nos ensina algo admirável sobre a grandeza dos patriarcas. Como eles viviam com Emuná e profunda conexão com D'us, sabiam que todo sofrimento neste mundo é insignificante diante da doçura das Mitzvót e da grandeza de sua recompensa, como ensinam nossos Sábios: "Mais preciosa é uma hora de deleite no Mundo Vindouro do que toda a vida deste mundo" (Pirkei Avót 4:17). Por isso, a percepção deles era o oposto das pessoas comuns. Para eles, cumprir a vontade Divina com sacrifício e entrega era, de fato, uma verdadeira riqueza espiritual, pois eles sabiam que "de acordo com a dificuldade, assim é a recompensa" (Pirkei Avót 5:26). Estamos muito longe do nível dos patriarcas. Porém, isso não impede de nos esforçarmos e, em pequenas atitudes, viver com a mesma claridade e foco que eles. Devemos nos questionar todos os dias: "Quando meus atos se igualarão aos atos dos meus patriarcas?". E que possamos sentir a riqueza espiritual que recebemos por meio de nosso envolvimento com a Torá, sem jamais nos afastar dela, pois ela é a nossa vida. SHABAT SHALOM R' Efraim Birbojm | | Este E-mail é dedicado à Refua Shlema (pronta recuperação) de: Chana bat Rachel, Pessach ben Sima. --------------------------------------------  Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Ben Tzion (Benjamin) ben Shie Z"L e Frade (Fany) bat Efraim Z"L, que lutaram toda a vida para manter acesa a luz do judaísmo, principalmente na comunidade judaica de Santos. Que possam ter um merecido descanso eterno. Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Meir ben Eliezer Baruch Z"L e Shandla bat Hersh Mendel Z"L, que nos inspiraram a manter e a amar o judaísmo, não apenas como uma idéia bonita, mas como algo para ser vivido no dia-a-dia. Que possam ter um merecido descanso eterno. Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de minha querida e saudosa tia, Léa bat Meir Z"L. Que possa ter um merecido descanso eterno. -------------------------------------------  Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de: Moussa HaCohen ben Gamilla z"l, Renée bat Pauline z"l. -------------------------------------------- Para inscrever ou retirar nomes da lista, para indicar nomes de pessoas doentes ou Leilui Nishmat (elevação da alma), e para comentar, dar sugestões, fazer críticas ou perguntas sobre o E-mail de Shabat,favor mandar um E-mail para ravefraimbirbojm@gmail.com (Observação: para Refua Shlema deve ser enviado o nome do doente e o nome da mãe. Para Leilui Nishmat, os Sefaradim devem enviar o nome do falecido e o nome da mãe, enquanto os Ashkenazim devem enviar o nome do falecido e o nome do pai). | | | | | | | |
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