sexta-feira, 28 de outubro de 2022

MESMO NAS ALTURAS, NÃO PISE NOS OUTROS - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ NOACH 5783

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MENSAGEM DA PARASHÁ NOACH

 
ASSUNTOS DA PARASHÁ NOACH
  • Noach encontra graça aos olhos de D'us.
  • Construção da Arca.
  • O grande Dilúvio e um ano na Arca.
  • O corvo e a pomba.
  • Noach e a família saem da Arca.
  • Noach oferece um Korban.
  • O pacto: Arco-Íris.
  • Noach fica bêbado e é envergonhado por seu filho Ham.
  • Knaan, filho de Ham, é amaldiçoado.
  • Descendentes de Yafet, Ham, Knaan e Shem.
  • A Torre de Babel e a dispersão.
  • 10 Gerações de Noach a Avraham.
  • 1º teste de Avraham: 13 anos escondido de Nimrod.
  • 2º teste de Avraham: Ur Kassdim.
BS"D

MESMO NAS ALTURAS, NÃO PISE NOS OUTROS - PARASHÁ NOACH 5783 (28/out/22)

"O Rav Shmuel Shtrashun zt"l (Lituânia, 1794 - Israel, 1872), conhecido como Rashash, era muito respeitado. Não apenas por sua erudição na Torá, mas também por sua participação nos assuntos comunitários. Entre suas muitas atividades, ele administrava um Guemach, um fundo de empréstimo gratuito de dinheiro. Ele era muito cuidadoso com as contas, se certificando que as pessoas pagassem em dia e anotando cada transação.
 
Certa vez, um judeu simples da cidade de Vilna pediu do Guemach cem rublos emprestados por quatro meses. Quando o empréstimo estava vencendo, o homem levou o dinheiro para a sinagoga. O Rashash estava estudando, absorto em um assunto complexo do Talmud. O homem colocou o dinheiro na frente do rabino, que ergueu os olhos, balançou a cabeça e voltou a estudar. Certo de que o rabino havia confirmado o recebimento do dinheiro, o homem foi embora. Mas o Rashash estava concentrado apenas em seu estudo. Quando terminou, fechou o livro e colocou-o de volta na prateleira, sem perceber que o dinheiro havia ficado entre as páginas.
 
Toda semana o Rashash examinava o livro de contabilidade para ver os empréstimos que venciam. Quando chegou ao nome daquele judeu, pensou que ele ainda não havia pagado. Chamou-o e pediu que devolvesse os cem rublos. O homem, sem entender, afirmou que já havia pagado a ele, e então o Rashash pediu o recibo. O homem insistiu que havia colocado o dinheiro na frente dele e que não quis incomodar pedindo um recibo. O rabino não se lembrava e, por isso, continuou a exigir o pagamento, já que o dinheiro pertencia à comunidade. O homem continuou insistindo que havia pagado. Finalmente, o Rashash o convocou ao Tribunal Rabínico.
 
A notícia se espalhou entre os judeus de Vilna e o homem caiu em desgraça pública. Como ele se atrevia a desrespeitar o Rashash, chamando-o de mentiroso? A audiência aconteceu, ambos os lados foram ouvidos e o Tribunal decidiu em favor do homem simples. Como não havia testemunhas do empréstimo e nem do suposto pagamento, o homem foi instruído a jurar que havia pagado o empréstimo, e assim ele fez. Porém, apesar de ter saído inocente do julgamento, ele começou a ser apontado como ladrão e as pessoas pararam de falar com ele. Seu filho, não suportando a vergonha, foi embora de Vilna. Finalmente, o homem foi demitido de seu emprego.
 
O tempo passou e, certo dia, o Rashash voltou a estudar aquele mesmo livro. Quando abriu, descobriu dentro dele cem rublos. Ficou intrigado, imaginando o motivo pelo qual uma quantia tão grande tinha sido deixada ali.  De repente, ele entendeu tudo. Aquele era o dinheiro que o homem insistiu ter devolvido! O Rashash sentiu-se muito mal. Ele havia acusado um judeu falsamente! Abalado, rapidamente chamou o homem e pediu perdão.
 
- Como posso compensar a angústia que causei a você? - perguntou o Rashash - Estou disposto a fazer uma confissão pública para limpar seu nome. O que mais posso fazer para compensá-lo por seu sofrimento?
 
- Meu bom nome já está arruinado - disse o homem, com o rosto magro e pálido - Mesmo que você declare minha inocência, as pessoas pensarão que você fez isso por pena de mim, mas continuarão pensando que sou culpado. Além disso, meu filho abandonou Vilna, por vergonha. Minha vida está destruída.
 
O Rashash ficou pensativo. Como poderia ajudar aquele homem, completamente quebrado, cuja reputação ele mesmo havia arruinado? De repente, teve uma ideia.
 
- Diga ao seu filho que volte para Vilna, e ele será o marido da minha filha. Isso restaurará seu bom nome!
 
O homem não podia acreditar. Ele nunca imaginaria algo tão maravilhoso em sua vida. Seu filho se casaria com a filha do respeitado rabino! O alegre noivado aconteceu alguns dias depois."
 
O Rashash sonhava em casar sua filha com um grande estudante de Torá, mas fez o que era necessário para consertar seu erro. Pequenas falhas podem causar consequências gigantescas. Precisamos ser extremamente cuidadosos com nossos atos, mesmo quando estamos cumprindo uma Mitzvá, para não causar danos aos outros.

Nesta semana lemos a Parashá Noach, que conta sobre a destruição da humanidade, apenas 10 gerações após a criação do mundo. D'us criou o mundo apenas por bondade e nos instruiu a sermos bondosos. Porém, o ser humano se desviou. Ao invés de pensar em ajudar o próximo, as pessoas se tornaram egoístas, voltadas apenas aos seus próprios desejos. Só Noach encontrou graça aos olhos de D'us para ser salvo junto com sua família.
 
Quando o dilúvio começou, Noach e sua família finalmente entraram na Arca que ele havia construído, trazendo consigo um par de todos os animais impuros e sete pares dos animais puros. O dilúvio durou apenas 40 dias, mas foi necessário quase um ano para que as águas baixassem e Noach pudesse recomeçar a povoar o mundo. Como Noach fez para saber se as águas haviam baixado? Ele enviou uma pomba para esta missão. Da primeira vez a pomba foi e voltou, demonstrando que as águas ainda não haviam baixado, pois não havia lugar para pousar. Noach esperou mais uma semana e enviou-a novamente. Desta vez ela trouxe em seu bico uma folha de oliveira, como está escrito: "A pomba retornou a ele de noite, e eis que havia uma folha de oliveira em seu bico, e Noach soube que as águas baixaram sobre a terra" (Bereshit 8:11). Após outros sete dias, Noach enviou-a pela última vez, e a pomba não voltou mais. A água finalmente havia baixado.
 
É interessante perceber que cada pequeno detalhe da Torá carrega muitos ensinamentos importantes para nossa vida. A Torá não está apenas trazendo detalhes da história de Noach, e sim ensinamentos de como devemos nos comportar. Por exemplo, quando Noach enviou a pomba pela primeira vez, está escrito: "E ele estendeu a mão para fora, e a pegou, e a trouxe de volta para a Arca" (Bereshit 8:9). Noach se comportou com compaixão com a pomba, mesmo que ela não havia cumprido sua missão. Daqui aprendemos a ser misericordiosos, e devemos tratar tão bem alguém que não cumpriu sua missão quanto tratamos alguém que cumpriu sua missão.
 
Além disso, na segunda vez em que a pomba foi enviada, quando ela voltou com a folha de oliveira, está escrito: "A pomba retornou a ele" (Bereshit 8:11). Isso nos ensina que a pomba estava preocupada em cumprir sua missão da melhor maneira possível. Ela não voltou apenas por causa de seu ninho ou por não ter outro lugar para descansar. Das palavras "a ele" aprendemos que a pomba voltou para trazer a mensagem a Noach.
 
Mas há outro ensinamento ainda mais impressionante neste versículo. Explica o Rav Natan Tzvi Finkel zt"l (Império Russo, 1849 - Israel, 1927), mais conhecido como Alter MiSlobodka, que quando alguém vai cumprir uma Mitzvá, mesmo que seja uma Mitzvá grande e importante, ele deve tomar muito cuidado para não causar nenhum tipo de dano a ninguém, mesmo em coisas pequenas. Um bom ato não nos isenta das consequências negativas que podemos causar aos outros por um descuido.
 
O Talmud (Sanhedrin 108b) nos ensina que todo o tempo em que Noach e sua família estiveram na Arca, eles passaram por grandes sofrimentos. Cuidar dos animais era um trabalho pesado e incessante. Haviam animais que se alimentavam durante o dia, outros que se alimentavam à noite. Alguns animais eles não sabiam como alimentar e outros adoeceram e precisaram de cuidados especiais, como o leão, que ficou febril. Com relação a uma ave chamada fênix, o Talmud traz um lindo ensinamento. Noach a encontrou em seu compartimento e perguntou: "Você não quer comida?" O pássaro respondeu: "Eu vi que você estava ocupado e eu decidi não incomodar". Noach disse ao pássaro: "Que seja a vontade de D'us que você não morra", e através desse pássaro se cumpriu as palavras versículo "Eu multiplicarei meus dias como a fênix" (Yov 29:18).
 
Porém, deste ensinamento surge um questionamento. É verdade que a fênix teve uma atitude muito bonita, ao se importar com o sofrimento dos outros. Porém, se observarmos a pomba, percebemos que ela também teve um comportamento maravilhoso. Ela se importou com Noach, fez de tudo para cumprir sua missão da melhor maneira possível, inclusive trazendo no seu bico uma folha de oliveira para que sua notícia, de que as águas estavam baixando, tivesse ainda mais credibilidade. Ao cumprir sua missão, a pomba trouxe uma alegria enorme para Noach, pois era o aviso de que aquela vida de sofrimentos e dificuldades, após quase um ano trancados dentro da Arca, estava chegando ao fim. Portanto, se a fênix mereceu a Berachá de vida longa, por que Noach também não deu a mesma Berachá para a pomba que, aparentemente, merecia ainda mais?
 
A resposta está em um estudo um pouco mais detalhado das palavras do versículo "eis que havia uma folha de oliveira em seu bico". O termo utilizado para transmitir que a pomba havia trazido uma folha em seu bico é "Taraf", que literalmente significa "arrancar, despedaçar". A pomba, em seu bom ato, em sua vontade de trazer boas notícias a Noach, arrancou aquela folha, destruindo seu potencial de crescimento. O Alter MiSlobodka explica que possivelmente este é o motivo pelo qual a pomba não mereceu a Berachá de longevidade. Mesmo que a pomba cumpriu sua missão, e com as melhores intenções, ela não foi suficientemente cuidadosa para não causar danos em seu redor. Ao interromper o crescimento daquela folha, ela perdeu a Berachá.
 
Se até mesmo um animal, que não tem intelecto e nem entendimento, foi castigado desta maneira, um ser humano, dotados de sabedoria, certamente será muito mais cobrado. Devemos ser muito cuidadosos para nunca causar danos ao próximo, físicos ou psicológicos, mesmo quando estamos cumprindo uma Mitzvá. O mundo foi criado para fazermos bondades. Noach e sua família passaram um ano na Arca para aprenderem a fazer bondades. Que também possamos encontrar graça aos olhos de D'us, ao sempre fazermos o bem aos outros. 

SHABAT SHALOM

R' Efraim Birbojm

 
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sexta-feira, 21 de outubro de 2022

SENTINDO A DOR DA DISTÂNCIA - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ BERESHIT 5783

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ASSUNTOS DA PARASHÁ BERESHIT
  • Dia um: Luz e Escuridão.
  • Segundo dia: Separação das águas de baixo e as águas de cima. 
  • Terceiro dia: Terra firme e Vegetais.
  • Quarto dia: Sol, Lua e Estrelas.
  • Quinto dia: Animais aquáticos.
  • Sexto dia: Animais da terra e Adam Harishon.
  • Shabat.
  • Adam e Chavá no Gan Éden.
  • A cobra engana Chavá.
  • A transgressão de Adam e Chavá.
  • D'us aparece no Gan Éden.
  • A maldição da cobra.
  • A maldição de Chavá.
  • A maldição de Adam.
  • A expulsão do Gan Éden.
  • Cain e Hevel: Oferendas e assassinato.
  • Julgamento e castigo de Cain.
  • 10 gerações de Adam a Noach.
  • Os filhos de Noach: Shem, Ham e Yefet.
  • Os gigantes e as transgressões.
  • O Decreto de destruição do mundo.
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SENTINDO A DOR DA DISTÂNCIA - PARASHÁ BERESHIT 5783 (21/out/22)

"Certa vez Avraham, um rapaz judeu, foi acompanhar seu amigo Boris, que não era judeu, a um restaurante. Avraham não era muito religioso, mas como a comida não era Kasher, ele preferiu não comer nada. Boris não se incomodou com as restrições alimentares do amigo e logo e pediu um leitão. Quando o leitão chegou à mesa, Avraham teve vontade de comer ao ver Boris se deliciando, mas conseguiu controlar seus desejos.

No final do jantar, um pedaço do leitão havia sobrado. Boris se virou para Avraham e perguntou:

- Você não quer provar mesmo? Está uma delicia!

- Apesar de parecer suculento e delicioso, D'us não me permite - explicou Avraham.

- E se alguém te obrigasse a comer? - perguntou Boris.

- Se fosse um risco de vida, então de acordo com a Halachá seria permitido comer - explicou pacientemente Avraham.

Ao escutar isso, Boris puxou da cintura uma arma, apontou para Avraham e gritou:

- Coma agora este leitão ou eu te mato!

Avraham, ao ver a arma apontada em sua direção, começou a tremer. Ele pegou o garfo, espetou um pedaço do leitão e começou a comer. Após Avraham engolir alguns pedaços, Boris guardou a arma, começou a dar risada, deu um tapinha nas costas de Avraham e disse:

- Amigo, desculpe pela brincadeira. Você sabe que eu nunca mataria você. Queria só ver o que aconteceria se você comece o leitão. Você não ficou bravo comigo por isso, ficou?

- Óbvio que eu fiquei! - disse Avraham, com o rosto vermelho de raiva - Da próxima vez que for fazer isso, faça enquanto a carne do leitão ainda estiver quentinha, não depois de já ter esfriado..."

Apesar da piada, um dos maiores sinais de queda espiritual é quando alguém faz algo errado e, ao invés de sentir tristeza, sente alegria. É um sinal de que a pessoa não se importa de se afastar de D'us.

Nesta semana recomeçamos o ciclo anual de leitura da Torá, com o Sefer Bereshit, também conhecido como "Sefer HaYetsirá" (o Livro da Criação), que descreve tanto a criação física do mundo quanto a sua criação espiritual, em especial através dos três grandes pilares que sustentam o mundo: Avraham, Ytzchak e Yaacov.

Na Parashá Bereshit (literalmente "no princípio"), a Torá nos conta sobre a criação do primeiro homem, Adam Harishon, e da primeira mulher, Chavá. Eles tiveram dois filhos, Cain e Hevel, enquanto ainda estavam no Gan Eden, mas logo eles transgrediram ao comer do fruto do conhecimento do bem e do mal e acabaram sendo expulsos. A vida, que poderia ser fácil, tornou-se pesada e difícil. O ser humano passou a ser mortal e teria, daquele momento em diante, dificuldades com seu sustento.

A Torá então começa a descrever a vida fora do Gan Éden. Cain foi se dedicar aos trabalhos da terra, enquanto Hevel se dedicou à criação de animais. Porém, há um detalhe que nos chama a atenção no versículo no qual a Torá descreve os trabalhos de Cain e Hevel: "E era Hevel pastor de rebanhos, e Cain era lavrador da terra" (Bereshit 4:2). A linguagem utilizada para descrever a profissão de Hevel é "Vaiehi" (E era), enquanto a linguagem utilizada para descrever a profissão de Cain é "Haia" (era). Aparentemente não há muita diferença entre as duas linguagens. Porém, nossos sábios ensinam que "Vaiehi" é uma linguagem utilizada pela Torá quando há algum sofrimento envolvido, enquanto "Haia" é uma linguagem utilizada quando há alegria envolvida. Isso significa que a profissão de Cain estava associada a alguma alegria, enquanto a profissão de Hevel estava associada a alguma tristeza. O que este detalhe no versículo nos ensina?

Explica o Rav Yaakov Yitzchak Galinsky zt"l (Polônia, 1920 - Israel, 2014) que quando Adam Harishon e sua família estavam no Gan Éden, eles podiam ter uma vida espiritual. Eles não precisavam se esforçar para conseguir suas necessidades mundanas. Eles eram servidos por anjos e não tinham preocupações materiais. Desta maneira, eles podiam dedicar todos os seus esforços e pensamentos ao seu crescimento espiritual. Porém, após a transgressão de Adam e Chavá, eles foram expulsos desta vida paradisíaca e despencaram para uma vida mundana, cheia de preocupações e dificuldades, na qual o sustento vinha através do esforço físico, não sobrando mais tanto tempo para se dedicar à espiritualidade.

Quando Hevel percebeu que já não poderia mais se dedicar integralmente ao seu crescimento espiritual, ele ficou arrasado. Ele queria estar mais próximo de D'us e, por isso, sofreu muito com a queda espiritual da humanidade. É por isso que, para ele, a ocupação mundana trouxe sofrimento. Já Cain ficou feliz com sua queda espiritual. Já não havia em suas costas o "jugo" do crescimento espiritual, ele estava livre para se dedicar ao mundo material, a juntar riquezas e buscar prazeres. Talvez isso explique o motivo pelo qual Cain e Hevel fizeram oferendas para D'us, mas enquanto Hevel ofereceu o melhor dos seus animais, Cain ofereceu apenas os restos de suas plantações, já que era apegado ao mundo material e não queria abrir mão do material em prol do espiritual.

Este mesmo conceito também é transmitido pelo Talmud (Avoda Zará 3a), que traz um diálogo que ocorrerá entre os povos do mundo e D'us durante a Era Messiânica, quando D'us recompensará todas as pessoas que fizeram bons atos. Os povos então dirão diante de D'us: "Mestre do Universo, nos dê uma Mitzvá e a cumpriremos". D'us responderá a eles: "Tolos! Quem trabalhou duro na véspera do Shabat comerá no Shabat. Mas quem não trabalhou duro na véspera do Shabat, de onde comerá no Shabat?". O Talmud está nos ensinando que apenas quem fez Mitzvót antes da vinda do Mashiach será recompensado, pois quando D'us se revelar e todos verem claramente a honra e a satisfação que terão os Tzadikim por terem cumprido as Mitzvót, e o quão grande será o castigo dos perversos, fazer então as Mitzvót já não será mais um teste e, portanto, não haverá mais motivos para recompensas.

O Talmud continua e diz que, mesmo assim, por misericórdia, D'us dará aos povos do mundo uma Mitzvá leve, chamada Sucá. Imediatamente cada um montará uma Sucá sobre seu teto. D'us então fará o sol forte arder sobre eles, como na época quente de Tamuz. O resultado é que cada um chutará sua Sucá e sairá dela. Por causa deste comportamento, eles não terão direito a receber nenhuma recompensa. Porém, o próprio Talmud questiona: "Mas foi ensinado que aquele que está sofrendo está isento de cumprir a Mitzvá de Sucá!". Por exemplo, quando estamos comendo na Sucá e começa a chover, podemos terminar a refeição fora da Sucá, já que é extremamente inconveniente comer com pingos de chuva caindo sobre nós e sobre a comida. Então, por que os povos não serão recompensados por terem abandonado a Sucá, se este é o comportamento correto de acordo com a Halachá no caso de um dia muito quente e desconfortável? Responde o Talmud: "Mesmo que a pessoa está isenta, mas chutar, quem chuta?". Portanto, o problema não é terem saído da Sucá por estarem incomodados com o calor. O problema é que deveriam ter saído cabisbaixos, tristes por não terem cumprido a Mitzvá, por terem perdido uma oportunidade espiritual, e não dando chutes e desprezando a Mitzvá.
 
Outro exemplo incrível é trazido pelo Talmud (Chaguiga 15a), em relação a Elisha ben Abuia, mais conhecido como "Acher", um grande erudito de Torá da época da Mishná. O Talmud traz diversos motivos que o levaram a tropeçar e se tornar um herege. Elisha ben Abuia então escutou uma Voz Celestial que anunciava: "Voltem (em arrependimento), filhos rebeldes, com exceção de Acḥer". Ao ouvir isso, Elisha ben Abuia pensou: "Já que eu fui banido do Mundo Vindouro, deixe-me sair e desfrutar deste mundo". O Talmud nos conta que, depois deste episódio, "Acher se desviou". Ele começou a procurar os prazeres mundanos mais baixos e degradantes. Mas por que Elisha ben Abuia foi cobrado pelo seu envolvimento com o mundo material? O que ele deveria ter feito, já que havia escutado uma Voz Celestial anunciando que não havia mais chance de arrependimento para ele? A resposta é que aquela Voz Celestial era apenas um teste. Ao escutar que havia perdido o seu potencial espiritual, ele deveria ter sentido dor, ao invés de ter se alegrado e pensado "agora que estou livre da minha carga espiritual, posso aproveitar os prazeres do mundo material".
 
Esta é a regra: devemos desejar ter uma conexão máxima com D'us em todos os momentos. E, mesmo quando isso não for possível, devemos nos sentir incomodados por não estarmos no nível que poderíamos. Em nossas realizações espirituais, devemos sempre querer mais e nos esforçar para chegar ao topo. Tropeços acontecem, e devemos nos lamentar pelas oportunidades perdidas. Somente aqueles que se esforçam,e que sentem a dor de ainda estarem distantes de D'us, conseguirão alcançar seu máximo crescimento espiritual. 

SHABAT SHALOM

R' Efraim Birbojm

 
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