quinta-feira, 18 de abril de 2019

O NASCIMENTO DE UMA NAÇÃO - SHABAT SHALOM M@IL - PESSACH 5779

BS"D
O E-mail desta semana é dedicado à elevação da alma de:


HAVA BAT RACHMIL Z"L

Para dedicar uma edição do Shabat Shalom M@il, em comemoração de uma data festiva, no aniversário de falecimento de um parente, pela cura de um doente ou apenas por Chessed, favor entrar em contato através do e-mail 
efraimbirbojm@gmail.com.
ARQUIVO EM PDF
ARQUIVO EM PDF
BLOG
BLOG
INSCREVA-SE
INSCREVA-SE
VÍDEO DE PESSACH

O NASCIMENTO DE UMA NAÇÃO - PESSACH 5779 (19 de abril de 2019)


"Contam que David Ben Gurion, Primeiro Ministro do Estado de Israel, visitou os Estados Unidos em 1954, para se reunir com o Presidente Eisenhower. Em um dos encontros com o Secretário de Estado, John Fuster Dulles, este o questionou com um alto grau de arrogância:

- Diga-me, Sr. Primeiro Ministro, quem você realmente representa? Será os judeus da Polônia, Iêmen, Romênia, Marrocos, Iraque, União Soviética ou Brasil? Eles são a mesma coisa? Depois de 2.000 anos de diáspora, é possível falar de um só povo judeu, de uma única cultura, tradição ou costume judaico?

- Olhe, Sr. Secretário - Respondeu Ben Gurion - Há 300 anos, saiu de Inglaterra o navio Mayflower, que transportava os primeiros colonos que instalaram-se no que hoje é a grande potência democrática dos Estados Unidos da América. Peço-lhe que saia na rua e pergunte a dez crianças americanas o seguinte: Qual era o nome do capitão do navio? Quanto tempo durou a travessia? O que comeram os tripulantes durante a viagem? Como se comportou o mar durante o percurso? Garanto que o senhor não receberá respostas satisfatórias.

- Agora veja - concluiu Ben Gurion - Há mais de 3.000 anos os judeus saíram do Egito. Peço-lhe que, em alguma de suas viagens, tente encontrar-se com dez crianças judias de diferentes países. Pergunte a elas como se chamava o capitão desta saída, quanto tempo durou a travessia, o que comeram durante o percurso e como se comportou o mar. Você vai se surpreender ao descobrir que as crianças judias de qualquer lugar do mundo te darão as mesmas respostas. Neste momento, você mesmo poderá responder a pergunta que acaba de me fazer".
 
Desde o início, o nascimento do povo judeu foi algo único, diferente da criação de todas as nações do mundo. Esta é a essência de Pessach: lembrarmos quem somos, de onde viemos e para onde estamos indo.

Este Shabat coincide com a Festa de Pessach, também conhecida como "Zman Cheruteinu" (Tempo da nossa liberdade). Em Pessach nós revivemos a milagrosa libertação da escravidão do Egito e dedicamos esta Festa, em especial a noite do Seder, para expressar nossa infinita gratidão a D'us por Sua salvação.

Entretanto, há neste agradecimento um grande questionamento. É verdade que foi D'us que nos tirou do Egito. Porém, não foi Ele que nos colocou lá? D'us manejou os acontecimentos da história para que Yaacov e seus filhos fossem ao Egito, o que culminaria na escravidão. Na verdade, D'us já havia profetizado para Avraham que seus descendentes seriam escravos. Então, se foi D'us que nos colocou na escravidão, por que agradecemos, de forma tão entusiasmada, por Ele ter nos tirado de lá?

A resposta é que todo início influencia o futuro desenvolvimento de qualquer coisa. Isto se aplica tanto ao mundo material quanto ao mundo espiritual. Por exemplo, no microscópico DNA inicial de um óvulo fecundado estão contidas todas as informações genéticas do que vai se desenvolver até se transformar em um ser humano. Portanto, o mesmo se aplica ao evento da Saída do Egito, que representa o nascimento do povo judeu. O processo de sermos tirados do Egito foi a criação do DNA espiritual do povo judeu. Portanto, se D'us nos colocou na escravidão, significa que ela também foi necessária para preparar e permitir este processo.

Explica o Rav Yehonasan Gefen que a Saída do Egito foi o nascimento de uma nação, o começo do processo que se devolveu e nos levou ao recebimento da Torá no Monte Sinai e à entrada do povo judeu na Terra de Israel. Portanto, a maneira como o povo judeu foi formado teve um imenso impacto em seu desenvolvimento subsequente. Ela determinou que as leis espirituais que governam o povo judeu seriam diferentes das leis que governam as outras nações do mundo. Historicamente, a maioria das nações do mundo se formou quando um grande grupo de pessoas se estabeleceu em um território ou derrotou outro grupo e tomou controle de sua terra, se tornando a moradia desta nação recém nascida. Já o nascimento do povo judeu foi diferente em muitos aspectos. Em primeiro lugar, a saída do Egito foi algo completamente passivo por parte do povo judeu. As 10 pragas, que destruíram o Egito e fizeram com que os egípcios nos libertassem, foram atos puramente Divinos, praticamente sem a nossa participação. Em segundo lugar, enquanto a maioria das nações nasce em sua própria terra, o povo judeu nasceu em um país estrangeiro, um evento histórico único.

Porém, a diferença mais importante está na forma como a nossa criação ocorreu. Enquanto outras nações foram formadas dentro das leis normais da natureza, o povo judeu foi formado de uma maneira completamente milagrosa. As 10 pragas e a Abertura do Mar Vermelho foram eventos totalmente acima das leis da natureza. Isto teve um significado imenso, pois definiu a forma como as leis da natureza afetariam o povo judeu durante todas as gerações. As nações do mundo, cujos nascimentos e desenvolvimentos seguiram apenas as leis da natureza, vivem de acordo com estas mesmas leis. Em contraste, a história do povo judeu se desenvolveu de acordo com um conjunto de leis diferente, acima da natureza. Isto só foi possível pelo fato do povo judeu ter sido "moldado" durante a escravidão e a Saída do Egito.

Este é o nosso agradecimento de Pessach, não apenas pela salvação do Egito, mas também pela escravidão. Foi somente por estarmos fracos e desamparados que a nossa formação como um povo pôde ter sido completamente entregue nas mãos de D'us. Nossa condição frágil naquele momento torna impossível atribuir qualquer aspecto da Saída do Egito à nossa própria força. Se fôssemos homens livres que viviam no Egito, e não escravos, e tivéssemos sido tirados do Egito e levados para a Terra de Israel, poderíamos com facilidade atribuir o nosso sucesso aos esforços das nossas mãos, tropeçando na egolatria, a idolatria de si mesmo, conforme nos adverte a Torá: "E você dirá para si mesmo: 'Meu poder e a força das minhas mãos me possibilitaram alcançar esta riqueza" (Devarim 8:17). A escravidão foi o que permitiu a claridade de que os eventos completamente milagrosos, que caracterizaram a saída do Egito, vieram apenas das Mãos de D'us, sem envolvimento do povo judeu.

Isto explica o motivo pelo qual o nome de Moshé, o líder do povo judeu na Saída do Egito, não aparece nenhuma vez na Hagadá. Se o nome dele estivesse mencionado, cairíamos no erro de associar a Saída do Egito ao nosso próprio sucesso. Moshé foi um grande líder, mas até mesmo ele não teve nenhuma participação real, tudo veio através das mãos de D'us. Isto também explica uma interessante Halachá, de que o texto da Hagadá deve seguir o seguinte padrão: deve começar com um "Gnai" (demérito) do povo judeu e deve terminar com um "Shevach" (louvor). Começamos a parte central do Seder de Pessach, o Maguid, com as palavras "Há Lachmá Aniá" (Este é o pão da pobreza, que comeram os nossos antepassados na Terra do Egito), e logo depois dizemos "Avadim Hainu" (Fomos escravos do Faraó no Egito). Isto nos ensina que o "Gnai" era parte intrínseca no curso dos eventos que levaram à formação do povo judeu de uma maneira milagrosa. Sem isto, o "Shevach", a parte dos milagres que se tornaram um modelo da nossa existência, não poderia ter acontecido.

Como se manifestaram as leis acima da natureza durante a nossa história? Existem vários fatores únicos que diferenciam a história do povo judeu da história das outras nações. Por exemplo, a improvável sobrevivência profetizada do povo judeu, apesar de seus vários exílios, a dispersão pelo mundo todo e o persistente e violento antissemitismo. Uma nação que é forçada a deixar a sua própria terra enquanto enfrenta uma tremenda perseguição estaria, segundo as leis da natureza, destinada a ser destruída ou assimilada em outras nações. O fato do povo judeu não ter enfrentado esse destino é claramente uma indicação de um padrão único na história.

Este conceito, do povo judeu viver acima das leis da natureza, também se reflete na forma como os judeus que cumprem as Mitzvót conduzem suas vidas. Muitas vezes não agimos de acordo com o "senso comum". Por exemplo, muitas empresas seriam muito mais lucrativas se trabalhassem também aos sábados. Portanto, a lógica determinaria que a pessoa trabalhasse mesmo no Shabat para poder ganhar seu sustento. No entanto, os judeus sabem que as leis da Torá prevalecem sobre o "senso comum". Percebemos que nosso bem-estar financeiro não é determinado por quanto trabalhamos. Por isso, trabalhar no Shabat não nos traria benefício.

Existem muitas áreas nas quais esta lição se torna um grande desafio. A vida deve se concentrar principalmente no sucesso material como fonte de felicidade ou as considerações espirituais se sobrepõem a isso? De maneira puramente lógica, seria muito mais sensato trabalhar mais horas no dia do que passar algumas horas estudando Torá. No entanto, de acordo com uma perspectiva que transcende as leis normais da natureza, pode-se perceber que estudar Torá é muito mais importante do que ganhar um dinheiro extra, que não é necessário para a nossa sobrevivência. Esta é parte da grande reflexão que cada judeu precisa fazer em Pessach: eu vivo minha vida de acordo com as leis normais da natureza, como os outros povos do mundo, ou percebo que as ambições de um judeu são completamente diferentes, definidas por uma compreensão da natureza única do povo judeu?

Esta é uma das principais lições que devemos aprender em Pessach. A Hagadá nos diz que devemos nos enxergar como se tivéssemos pessoalmente saído do Egito. Isto não significa apenas reviver a sensação da Saída do Egito. Embora isto seja louvável, não é o objetivo final. O principal é que devemos nos ver como parte da nação que deixou o Egito de forma milagrosa, uma nação que foi formada para ser "Mensageiros de D'us". Isto é uma responsabilidade, pois devemos viver de acordo com leis diferentes. Nossas metas de vida devem ser guiadas principalmente por considerações espirituais. Quando vivemos com esta atitude, então D'us reflete isso na forma como Ele nos guia, acima dos limites naturais. Quando fazemos Sua vontade, Ele nos permite cumprir os nossos objetivos espirituais mesmo quando isto transcende as leis da natureza.

SHABAT SHALOM  E PESSACH KASHER VESAMEACH

R' Efraim Birbojm

***********************************************
HORÁRIO DE ACENDIMENTO DAS VELAS DE SHABAT E PESSACH 5779:

São Paulo: 17h28  Rio de Janeiro: 17h16  Belo Horizonte: 17h20  Jerusalém: 18h35
*****************************************
Este E-mail é dedicado à Refua Shlema (pronta recuperação) de: Chana bat Rachel, Pessach ben Sima, Rachel bat Luna, Eliahu ben Esther, Moshe ben Feigue, Laila bat Sara, Chana Mirel bat Feigue, Eliezer ben Shoshana, Mache bat Beile Guice, Feiga Bassi Bat Ania.
 
--------------------------------------------
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Ben Tzion (Benjamin) ben Shie Z"L e Frade (Fany) bat Efraim Z"L, que lutaram toda a vida para manter acesa a luz do judaísmo, principalmente na comunidade judaica de Santos. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Meir ben Eliezer Baruch Z"L e Shandla bat Hersh Mendel Z"L, que nos inspiraram a manter e a amar o judaísmo, não apenas como uma idéia bonita, mas como algo para ser vivido no dia-a-dia. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de minha querida e saudosa tia, Léa bat Meir Z"L. Que possa ter um merecido descanso eterno.
-------------------------------------------
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de: Moussa HaCohen ben Gamilla z"l, Renée bat Pauline z"l, Eliezer ben Arieh z"l; Arieh ben Abraham Itzac z"l, Shmuel ben Moshe z"l, Chaia Mushka bat HaRav Avraham Meir z"l, Dvora Bacha bat Schmil Joseph Rycer z"l, Alberto ben Esther z"l, Malka Betito bat Allegra z"l, Shlomo ben Salha z"l, Yechiel Mendel ben David z"l, Faiga bat Mordechai HaLewy z"l.
--------------------------------------------
Para inscrever ou retirar nomes da lista, para indicar nomes de pessoas doentes ou Leilui Nishmat (elevação da alma), e para comentar, dar sugestões, fazer críticas ou perguntas sobre o E-mail de Shabat,favor mandar um E-mail para ravefraimbirbojm@gmail.com
 
(Observação: para Refua Shlema deve ser enviado o nome do doente e o nome da mãe. Para Leilui Nishmat, os Sefaradim devem enviar o nome do falecido e o nome da mãe, enquanto os Ashkenazim devem enviar o nome do falecido e o nome do pai).
Copyright © 2016 All rights reserved.


E-mail para contato:

efraimbirbojm@gmail.com







This email was sent to efraimbirbojm.birbojm@blogger.com
why did I get this?    unsubscribe from this list    update subscription preferences
Shabat Shalom M@il · Rua Dr. Veiga Filho, 404 · Sao Paulo, MA 01229090 · Brazil

Email Marketing Powered by Mailchimp

sexta-feira, 12 de abril de 2019

MUNDO MATERIAL COM EQUILÍBRIO - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHAT METZORÁ 5779

BS"D
Para dedicar uma edição do Shabat Shalom M@il, em comemoração de uma data festiva, no aniversário de falecimento de um parente, pela cura de um doente ou apenas por Chessed, favor entrar em contato através do e-mail efraimbirbojm@gmail.com.
ARQUIVO EM PDF
ARQUIVO EM PDF
BLOG
BLOG
INSCREVA-SE
INSCREVA-SE
VÍDEO DA PARASHAT METZORÁ

MUNDO MATERIAL COM EQUILÍBRIO - PARASHAT METZORÁ 5779 (12 de abril de 2019)


"O mestre encarregou seu discípulo de cuidar do campo de arroz. No primeiro ano, o discípulo foi cuidadoso para que nunca faltasse a água necessária. O arroz cresceu forte e a colheita foi boa. No segundo ano, o discípulo teve a ideia de acrescentar um pouco de fertilizante. O arroz cresceu rápido e a colheita foi maior. No terceiro ano, empolgado com o sucesso do ano anterior, ele colocou ainda mais fertilizante. A colheita foi maior ainda, mas o arroz nasceu pequeno e sem brilho. O mestre então ensinou ao discípulo:


- Se você continuar aumentando a quantidade de fertilizante, não terá nada de valor para colher no ano que vem. Pois se você não cuida do arroz, você não terá nada para colher. Mas se você cuida demais, também acabará prejudicando a produção."


Assim funciona o mundo material. Temos que investir, fazer o nosso esforço, mas de forma equilibrada, pois quando fazemos esforço demais, então o resultado final acaba sendo negativo.

Nesta semana lemos a Parashat Metzorá, que continua descrevendo a doença espiritual chamada Tzaráat, cuja manifestação física era o aparecimento de manchas. A Tzaráat começava atingindo as paredes de casa, em especial por causa do egoísmo. Se a pessoa falhava em aprender a lição transmitida pela Tzaráat em sua casa, seu egoísmo evoluía para um nível de arrogância. Então suas roupas, que representam a honra da pessoa, também eram atingidas pela Tzaráat. Se mesmo assim a pessoa não prestasse atenção às advertências de D'us e continuasse caindo espiritualmente, ela chegaria ao nível de total desprezo por qualquer outro ser humano. Isto é a causa principal de uma terrível atitude: falar Lashon Hará, isto é, usar a fala para denegrir e desprezar outras pessoas. Como castigo, o próprio corpo do transgressor era atingido com Tzaráat.

 

Enquanto a Tzaráat da pele e das roupas já atingia o povo judeu mesmo quando eles ainda estavam no deserto, a Tzaráat que atingia as paredes das casas só começou a se manifestar quando o povo judeu entrou na Terra de Israel. O Midrash (parte da Torá Oral) traz uma explicação de por que isto ocorria. Os Emorim, antigos habitantes da Terra de Israel, haviam escondido seus objetos de valor nas paredes de suas casas, para evitar que caíssem nas mãos dos judeus quando eles chegaram para conquistar a terra. Parte do conserto espiritual da Tzaráat que atingia as paredes era retirar e substituir as pedras dos locais onde as manchas apareciam. Quando as pedras eram removidas, os tesouros escondidos pelos Emorim eram descobertos pelo dono da casa.


Porém, este ensinamento é extremamente confuso. Se a Tzaráat aparecia nas casas por causa do egoísmo, por que D'us recompensava com tesouros esta atitude tão negativa?

 

Quando uma casa era declarada impura pelo Cohen por estar com Tzaráat, tudo o que estivesse dentro dela também se impurificava. Por isso, antes do Cohen inspecionar as manchas da casa para determinar se era Tzaráat ou não, todos os móveis e utensílios deveriam ser removidos para que não se impurificassem. De acordo com o Midrash, esta era uma medida corretiva para o egoísmo. Pessoas egoístas fingem ter menos do que realmente têm para evitar ter que emprestar seus bens aos outros ou para se esquivar de dar Tzedaká. Ser obrigado a colocar todos os bens do lado de fora da casa, em um local público onde todos podiam ver, causava vergonha no transgressor e ajudava a expiar e corrigir seu traço de egoísmo.


A Mishná (Negaim 12:5) traz outro motivo para a remoção dos bens de dentro da casa. Isto era uma mensagem muito forte de D'us ao transgressor. Quando um objeto se impurificava, ele podia ser purificado através da imersão em uma Mikve. Uma das exceções eram utensílios feitos de barro, relativamente baratos, que não podiam ser purificados. Portanto, os únicos objetos que realmente seriam perdidos caso permanecessem dentro de casa seriam os mais simples e baratos utensílios de barro. Apesar disso, D'us se preocupou mesmo com as perdas pequenas e permitiu a remoção de todos os utensílios de dentro da casa antes dela ser declarada impura. D'us assim demonstrava ao transgressor o quanto Ele valoriza os bens de cada judeu.


Porém, se a intenção era curar o egoísmo, não seria mais adequado uma lição sobre a falta de importância das posses materiais? Por que foi transmitida a mensagem de dar valor mesmo para objetos de pouco valor?

 

Outro detalhe interessante é que, em relação às leis de pureza e impureza espiritual, os utensílios de barro têm uma característica única: eles se impurificam apenas através da exposição de sua parte interna à fonte de impureza, mas não através do contato com as paredes externas do utensílio. Por que esta diferença? Pois o valor de um utensílio pode ser medido de duas formas: em termos do valor intrínseco do material com o qual ele é feito e em termos do seu valor funcional. Utensílios de barro têm pouco valor intrínseco, sendo somente a utilidade que dá a eles o seu valor. Para que algo contraia impureza espiritual, ele deve ter algum valor. Por isso, um utensílio de barro somente se torna impuro através do contato da fonte de impureza com a sua parte funcional, a parte interna, e não através do contato com o material da parede externa.


A palavra egoísmo, em hebraico, é "Tzarut Ain", literalmente "olho estreito". Isto significa que o egoísmo é resultado de não apreciarmos o verdadeiro valor das nossas posses materiais e olharmos para elas através de uma perspectiva estreita. O Talmud (Chulin 91a) ensina que os Tzadikim (justos) valorizam suas posses materiais mais do que seus próprios corpos. A fonte deste ensinamento é o ato de Yaacov Avinu, que arriscou sua vida ao voltar sozinho, no meio da noite, para recuperar alguns utensílios de barro de pouco valor monetário. Mas o que significa que um Tzadik valoriza mais seus bens do que seu próprio corpo?

 

Um Tzadik vê suas posses materiais como se fossem utensílios de barro, isto é, sem dar a eles nenhum valor intrínseco, ao contrário, eles dão importância apenas à sua função. De acordo com este ponto de vista, as posses materiais se transformam em ferramentas no serviço a D'us. Elas podem ser usadas, por exemplo, para fazer bondade e ajudar os outros. Tanto o nosso corpo quanto as nossas posses materiais são meios para servir a D'us. A única diferença é que nosso corpo é adquirido como um "presente de nascimento", enquanto a aquisição das nossas posses materiais exige esforços. É por isso que o Talmud afirma que os Tzadikim valorizam suas posses até mais do que valorizam seu corpo, pois a aquisição de suas posses exigiu mais esforço. A perspectiva do Tzadik em relação às suas posses materiais contrasta com a perspectiva "estreita" do egoísta, que vê somente os benefícios pessoais que suas posses podem trazer para ele.


Quando a pessoa cuja casa havia sido contaminada com Tzaráat ficava ciente da preocupação de D'us com as posses de cada judeu, sua visão egoísta era colocada em questão e o processo de correção começava. A vergonha de ser exposto ao exame minucioso dos vizinhos era outro aspecto do mesmo processo de conserto. A remoção dos utensílios para o domínio público também era uma dica de que o propósito daqueles utensílios não era servir apenas a si mesmo, mas também ajudar a todos os que necessitavam deles.


Os objetos de valor escondidos pelos Emorim, antigos moradores da Terra de Israel, estavam manchados pelo intenso egoísmo. Os Emorim os esconderam para privar os judeus de terem benefício deles. Nas mãos de pessoas com tendência egoístas, estas riquezas seriam terrivelmente prejudiciais. Portanto, D'us utilizou a Tzaráat como veículo para prover as riquezas de uma maneira projetada para corrigir o mal do egoísmo presente nelas. A pessoa que contraía Tzaráat era forçada a reformular suas atitudes em relação aos seus bens materiais antes de receber esta nova recompensa.


Isto ajuda a explicar uma aparente contradição em relação a uma das maiores tragédias da história do povo judeu: a morte de 24 mil alunos do Rabi Akiva. De acordo com o Talmud (Yevamot 62b), eles morreram por não terem tratado com o devido respeito uns aos outros. Porém, há um Midrash que ensina que eles morreram por apresentarem um traço de caráter muito negativo, o "Tzarut Ain" (egoísmo), em relação ao seu conhecimento de Torá, isto é, eles não dividiam seus conhecimentos uns com os outros. Afinal, qual foi o motivo da morte deles, o egoísmo ou a falta de respeito?


A Torá é uma das nossas posses mais preciosas, mas ela não pode se transformar em um meio para atingir engrandecimento pessoal. Quando alguém aprecia de verdade seu companheiro e o honra, deseja dividir com ele suas ferramentas para o Serviço Divino. Neste sentido, dividir os conhecimentos de Torá é uma expressão suprema de honra pelo companheiro. Portanto, as duas descrições de qual foi a falha dos alunos do Rabi Akiva são, na realidade, uma só. Ao se comportarem de maneira egoísta e não compartilharem seus conhecimentos de Torá, os alunos estavam demonstrando que não honravam seus companheiros no nível em que deveriam.


A Parashat nos ensina a importância do equilíbrio na utilização do mundo material. D'us nos presenteou com o nosso corpo e com as nossas posses para que possamos também utilizar em prol dos outros. Alguém que se conecta tanto às suas posses a ponto de se tornar egoísta perdeu o propósito de sua existência neste mundo. A dica é o equilíbrio, isto é, saber utilizar o que nós temos para o nosso benefício, mas sem nunca se esquecer dos outros.
 

SHABAT SHALOM              

R' Efraim Birbojm

***********************************************
HORÁRIO DE ACENDIMENTO DAS VELAS DE SHABAT - PARASHAT METZORÁ 5779:

São Paulo: 17h34  Rio de Janeiro: 17h21  Belo Horizonte: 17h25  Jerusalém: 18h30
*****************************************
Este E-mail é dedicado à Refua Shlema (pronta recuperação) de: Chana bat Rachel, Pessach ben Sima, Rachel bat Luna, Eliahu ben Esther, Moshe ben Feigue, Laila bat Sara, Chana Mirel bat Feigue, Eliezer ben Shoshana, Mache bat Beile Guice, Feiga Bassi Bat Ania.
 
--------------------------------------------
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Ben Tzion (Benjamin) ben Shie Z"L e Frade (Fany) bat Efraim Z"L, que lutaram toda a vida para manter acesa a luz do judaísmo, principalmente na comunidade judaica de Santos. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Meir ben Eliezer Baruch Z"L e Shandla bat Hersh Mendel Z"L, que nos inspiraram a manter e a amar o judaísmo, não apenas como uma idéia bonita, mas como algo para ser vivido no dia-a-dia. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de minha querida e saudosa tia, Léa bat Meir Z"L. Que possa ter um merecido descanso eterno.
-------------------------------------------
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de: Moussa HaCohen ben Gamilla z"l, Renée bat Pauline z"l, Eliezer ben Arieh z"l; Arieh ben Abraham Itzac z"l, Shmuel ben Moshe z"l, Chaia Mushka bat HaRav Avraham Meir z"l, Dvora Bacha bat Schmil Joseph Rycer z"l, Alberto ben Esther z"l, Malka Betito bat Allegra z"l, Shlomo ben Salha z"l, Yechiel Mendel ben David z"l, Faiga bat Mordechai HaLewy z"l.
--------------------------------------------
Para inscrever ou retirar nomes da lista, para indicar nomes de pessoas doentes ou Leilui Nishmat (elevação da alma), e para comentar, dar sugestões, fazer críticas ou perguntas sobre o E-mail de Shabat,favor mandar um E-mail para ravefraimbirbojm@gmail.com
 
(Observação: para Refua Shlema deve ser enviado o nome do doente e o nome da mãe. Para Leilui Nishmat, os Sefaradim devem enviar o nome do falecido e o nome da mãe, enquanto os Ashkenazim devem enviar o nome do falecido e o nome do pai).
Copyright © 2016 All rights reserved.


E-mail para contato:

efraimbirbojm@gmail.com







This email was sent to efraimbirbojm.birbojm@blogger.com
why did I get this?    unsubscribe from this list    update subscription preferences
Shabat Shalom M@il · Rua Dr. Veiga Filho, 404 · Sao Paulo, MA 01229090 · Brazil

Email Marketing Powered by Mailchimp