quinta-feira, 3 de agosto de 2017

QUANTO VALE UMA TEFILÁ? - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ VAETCHANAN 5777

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QUANTO VALE UMA TEFILÁ? - PARASHÁ VAETCHANAN 5777 (04 de agosto de 2017) 

"Yaacov viveu uma vida de muita pobreza. Não havia comida suficiente para alimentar sua família, ele não conseguia pagar suas contas e nunca em sua vida conseguiu ajudar outros necessitados. Ele não tinha idéia de como mudar esta terrível situação. Tentou diversos tipos de trabalho, mas o dinheiro nunca era suficiente.
 
Certa vez um amigo lhe contou que havia escutado que na casa onde Yaacov vivia havia um incrível tesouro enterrado sob as tábuas do assoalho, mas Yaacov não acreditou. Outras pessoas também comentaram a mesma coisa, mas Yaacov continuava cético. De tempos em tempos ele dava uma pancada no assoalho com o calcanhar, mas sem muita vontade, para ver se escutava o som de moedas, mas escutava somente um som oco.
 
Quando Yaacov já estava velhinho, certo dia sentiu que suas forças terminavam. Em seu leito de morte, viu quando uma pessoa entrou em sua casa, levantou uma tábua solta do assoalho e retirou de lá um baú cheio de ouro e pedras preciosas. A riqueza que poderia ter dado a Yaacov e sua família uma vida digna estava dentro daquele baú. Diante dos seus olhos escurecidos passaram os detalhes de toda a sua vida miserável. O remorso de nunca ter procurado o tesouro foi uma facada no coração de Yaacov, que deu seu último suspiro e morreu".  
 
Este sentimento de remorso certamente estará presente em todos aqueles que não acreditam e não utilizam a força da Tefilá (reza). Muito do que a pessoa precisa na vida já está pronto para ela, só falta ela pedir para D'us. Mas nós não pedimos. Nos esforçamos, trabalhamos mais e mais, mas não fazemos o mais importante: Tefilá.

Nesta semana lemos a Parashá Vaetchanan (literalmente "Eu implorei"), na qual Moshé continuou recordando os principais acontecimentos dos 40 anos em que o povo permaneceu no deserto, entre eles a reclamação do povo por água, que causou com que Moshé batesse na pedra ao invés de falar com ela, recebendo o decreto espiritual de não entrar mais na Terra de Israel. Porém, mesmo assim Moshé não desistiu e continuou implorando para que D'us revogasse o decreto. Nossos sábios explicam que a linguagem "Vaetchanan" tem o valor numérico de 515, que corresponde ao número de vezes que Moshé Rabeinu rezou e implorou para que pudesse entrar em Israel, tamanho era o seu amor pela Terra e pelas Mitzvót que poderia cumprir lá.
 
Porém, há alguns questionamentos em relação a este ensinamento. Moshé, apesar de se assemelhar a um anjo, fez um erro que, em seu nível, foi algo muito grave, pois perdeu a oportunidade de santificar o nome de D'us diante do povo, o que os ajudaria em sua elevação espiritual. Foi por isso que D'us o castigou com um decreto tão duro. Portanto, se D'us já havia feito um decreto nos mundos espirituais, de que adiantava Moshé rezar? 
 
Além disso, Rashi (França, 1040 - 1105) nos ensina que, em Lashon HaKodesh (língua através da qual D'us criou o mundo), existem 10 linguagens diferentes para reza. O que representa a linguagem "Vaetchanan" e por que Moshé escolheu justamente esta linguagem para transmitir ao povo que ele havia rezado?
 
Outro questionamento surge quando observamos o conteúdo da reza de Moshé. A Parashá começa com as seguintes palavras: "Eu implorei a D'us naquele momento e disse: 'D'us, você começou a mostrar ao Seu servo a Sua grandeza e a Sua mão forte, pois quem é como D'us no Céu ou na terra que pode fazer como Suas ações e Seu poder? Por favor, deixe-me atravessar e ver a boa terra que está do outro lado do Jordão'" (Devarim 3:23-25). Percebemos que, antes de fazer seu pedido, Moshé se alongou em louvores a D'us. Mas D'us precisa de louvores? Por que Moshé não foi direto ao ponto?
 
E, finalmente, se D'us sabe tudo, Ele já sabia que Moshé queria entrar na Terra de Israel, já conhecia o amor dele pela Terra e sua vontade de cumprir as Mitzvót. Então por que Moshé precisou pedir?
 
Explicam os nossos sábios que da Tefilá de Moshé Rabeinu aprendemos muitos ensinamentos práticos para nossa própria Tefilá. Por exemplo, o Talmud (Brachót 10a) afirma que "mesmo que uma espada afiada esteja colocada sobre o pescoço de uma pessoa, ela não deve desistir da misericórdia de D'us". Isto vale para situações do mundo material, como uma pessoa literalmente em uma situação de perigo de vida, mas também vale em relação à anulação de decretos espirituais. Moshé, mesmo sabendo que havia um decreto espiritual que o impedia de entrar em Israel, não deixou de rezar.
 
Mas de onde Moshé aprendeu que a Tefilá pode anular até mesmo decretos Celestiais? Observando os atos de D'us. Quando houve o decreto de destruição de todo o povo judeu, após a terrível transgressão do bezerro de ouro, D'us falou para Moshé "E agora Me deixe, e Minha fúria queimará sobre eles e Eu os destruirei, e Eu farei de você um povo grande" (Shemot 32:10). Moshé então se perguntou: "Por acaso eu estou segurando D'us e O impedindo de cumprir o Seu decreto? Por que Ele está dizendo 'Me deixe'?". Moshé entendeu que D'us estava dizendo: "Está nas suas mãos salvar o povo judeu. Depende da sua Tefilá. Se você Me deixar, isto é, se você não fizer nada, Eu destruirei o povo. Mas sua Tefilá pode anular o decreto Celestial". Por isso Moshé entendeu que a Tefilá também tinha força para cancelar o decreto de não poder entrar na Terra de Israel.
 
Um segundo ponto que aprendemos da Tefilá de Moshé é a linguagem utilizada por ele. "Vaetchanan" vem da linguagem "Lechanen", que significa "agraciar". Rashi explica que esta expressão se refere a "Matanat Chinam", um "presente gratuito". Normalmente pedimos para D'us as coisas com o sentimento de que Ele está nos devendo, como se fosse obrigação Dele nos dar o que precisamos. Achamos que somos tão bons e corretos que temos o direito, pelos nossos méritos, de cobrar de D'us, como se disséssemos: "Minha parte eu já fiz, D'us. Agora faça a Sua parte". Porém, não é assim que os Tzadikim (Justos) se comportam. Quando eles pedem algo para D'us, o fazem com o sentimento de que receberão um presente gratuito, isto é, eles sabem que não merecem receber nada e que tudo o que D'us nos dá é apenas por causa da Sua infinita Misericórdia. Os Tzadikim sentem como se sempre estivessem devendo para D'us e nunca cobram nada Dele. Assim também deve ser a intenção dos nossos pedidos durante a Tefilá, não como uma cobrança de D'us, e sim como um pedido baseado na Sua misericórdia infinita.
 
Aprendemos também de Moshé que, antes de pedir algo para D'us, devemos louvá-Lo e engrandece-Lo. É por isso que a nossa principal Tefilá, a Amidá, é dividida em três partes: Louvores, Pedidos e Agradecimentos. Antes de começarmos a pedir algo, louvamos a D'us e reconhecemos a Sua grandeza. D'us não precisa dos nossos louvores, mas nós precisamos, para que antes de nos dirigirmos a D'us possamos lembrar quem Ele é. Para falar com um presidente, uma pessoa precisa de meses de espera, além de passar por um verdadeiro exército de secretárias e assessores. Mas com D'us, o Rei dos reis, é o contrário. Apesar Dele ser infinito, enquanto nós somos insignificantes diante Dele, mesmo assim Ele nos escuta e anseia pela nossa Tefilá.
 
Finalmente, se D'us sabe tudo, então por que precisamos pedir? Para que possamos colocar no nosso coração a certeza de que tudo vem Dele. Muitas vezes nos perdemos na escuridão e confusão do mundo material. Achamos que a cura vem do médico e dos remédios. Achamos que encontrar a nossa "alma gêmea" depende das pessoas que vão nos apresentar alguém que combina conosco. Achamos que o dinheiro vem do nosso esforço e da nossa inteligência. Tudo isso é uma grande enganação. A Tefilá nos dá a claridade de que tudo vem de D'us. Devemos fazer o nosso esforço, mas nunca esquecendo que tudo vem Dele. É por isso que, mesmo D'us sabendo o que necessitamos, nós precisamos pedir.
 
O Rav Chaim Vologziner zt"l (Lituânia, 1749 - 1821) explica que as palavras do versículo "Ele (D'us) reconta para a pessoa quais foram os seus atos" (Amós 4:13) se referem à revelação que as pessoas terão, no Mundo Vindouro, em relação aos presentes que elas teriam recebido se tivessem acreditado na força da Tefilá e a tivessem utilizado. Será mostrado para estas pessoas como suas Tefilót teriam feito diferença se tivessem sido ditas com concentração e sinceridade. A pessoa doente poderia ter se curado, o casal sem filhos poderia ter sido atendido e a pessoa procurando por uma esposa poderia ter encontrado. Assim afirma o Talmud (Brachót 6b): "Há coisas que estão no topo do mundo, porém as pessoas desprezam". Rashi explica que este ensinamento se refere a coisas elevadas como a nossa Tefilá, que podem mudar a nossa vida, neste mundo e no Mundo Vindouro, e mesmo assim nós não damos o devido valor.
 
De acordo com o Midrash (parte da Torá Oral), no versículo "Eu implorei a D'us naquele momento e disse", a linguagem "e disse" se refere a um ensinamento de Moshé para as futuras gerações. Moshé estava dizendo que ninguém deve se desesperar nem desanimar diante de uma situação difícil. Da mesma forma que ele nunca desistiu e continuou rezando mesmo após D'us ter decretado que os portões da Terra de Israel estavam trancados para ele, nós também nunca devemos desistir da misericórdia de D'us.
 
Depois da destruição do nosso Beit Hamikdash (Templo Sagrado), uma divisória de ferro nos separou do nosso "Pai Celestial". Porém, um portão nunca foi fechado: o portão das lágrimas. A Tefilá é chamada de "o serviço do coração". Portanto, o principal é abrir o nosso coração, colocando toda a nossa confiança em D'us, cuja Misericórdia é infinita. Como um pai que ama seu filho, D'us quer nos dar tudo o que precisamos. Ele está ansiosamente aguardando apenas a nossa Tefilá.

Shabat Shalom

R' Efraim Birbojm

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sexta-feira, 28 de julho de 2017

LENIÊNCIAS EQUIVOCADAS - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ DEVARIM E TISHÁ BE AV 5777

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LENIÊNCIAS EQUIVOCADAS - PARASHÁ DEVARIM E TISHÁ BE AV 5777 (28 de julho de 2017)

"Eduardo e Marta estavam felizes com a visita de Ricardo, um amigo de infância que havia se mudado havia muito tempo para outra cidade. Ricardo, recém-casado, apresentaria para eles sua esposa. A alegria do reencontro foi enorme. Sentaram-se na sala para conversar e colocar os assuntos em dia, e deram muitas risadas ao relembrar a época de escola. Alguns minutos depois, Marta pediu licença para ir ao quarto do bebê e checar se estava tudo bem. Após alguns instantes ela chamou Eduardo, pedindo para que ele a ajudasse com o bebê. Eduardo pediu licença aos convidados e subiu para ajudá-la. Porém, a verdade é que Marta não precisava de nenhuma ajuda. Assim que Eduardo entrou no quarto do bebê, Marta fechou a porta e começou a falar:
 
- Querido, que estúpido foi o Ricardo de escolher tão mal sua esposa. Que mulher mais tonta, não parece ser muito inteligente. Na época de escola ele só namorava meninas bonitas, como ele foi escolher uma esposa assim tão feia? E você viu as roupas dela, que péssima combinação? Meu D'us, e que maquiagem horrorosa! Não consigo entender onde o Ricardo estava com a cabeça para escolher alguém assim!
 
A conversa ainda durou mais alguns minutos, com Marta "descarregando" uma série de defeitos que havia encontrado na esposa de Ricardo. Quando eles desceram, se depararam com um incômodo silêncio. Ninguém falava nada, Ricardo olhava para baixo, nem levantava os olhos. O silêncio era tanto que Eduardo e Marta puderam escutar o ruído de estática emitido pelo aparelho que monitorava o quarto do bebê, e que estava ligado sobre a mesa durante todo aquele tempo..."
 
Da mesma maneira, tudo o que falamos mal em relação aos outros é escutado por D'us. Como um pai que ama seus filhos, D'us é extremamente rigoroso quando uma pessoa denigre seu companheiro, causando sofrimento, tristeza e dor. Se queremos que D'us esteja sempre perto de nós, devemos cuidar da nossa fala.

Na próxima segunda feira de noite (31 de julho) começa Tishá Be Av (dia 9 do mês de Av), o dia mais triste do ano, no qual relembramos a destruição dos nossos dois Templos Sagrados e outras tragédias que ocorreram durante a história do povo judeu justamente neste dia. Infelizmente estamos tanto tempo sem o nosso Templo que já nem sentimos sua falta, pois não conseguimos entender a gigantesca perda que sua destruição causou ao mundo.
 
Nossos sábios ensinam que o Primeiro Templo foi destruído como consequência do povo judeu ter cometido as três piores transgressões: Idolatria, Relações Ilícitas e Assassinato. 70 anos depois da destruição e do exílio do povo judeu para a babilônia o Templo foi reconstruído, nos dias de Mordechai e da rainha Esther. O Segundo Templo foi destruído cerca de 400 anos depois, por causa do ódio gratuito e do Lashon Hará (maledicência, causar danos físicos, morais ou psicológicos a outra pessoa através do mau uso da fala) e, até hoje, mais de 2000 anos depois, ainda não foi reconstruído. Se o Primeiro Templo foi reconstruído tão rápido, isto significa que a causa da destruição do Segundo Templo foi ainda mais grave do que a causa da destruição do Primeiro Templo. Mas como podemos entender isso? Sabemos que é preferível entregar a própria vida a transgredir Idolatria, Relações Ilícitas e Assassinato. Então em que sentido o ódio gratuito e o Lashon Hará podem ser mais graves do que estas três terríveis transgressões?
 
A resposta está na Parashá desta semana, Devarim (literalmente "Palavras"), que inicia uma extensa recapitulação feita por Moshé Rabeinu em seu discurso de despedida antes de sua morte, para relembrar aos judeus os principais eventos que ocorreram nos 40 anos em que eles permaneceram no deserto. Moshé aproveitou para trazer importantes ensinamentos ao povo, para que os judeus pudessem aprender com os acertos e, principalmente, com os erros cometidos. Por exemplo, Moshé ensinou o povo sobre a importância de sermos honestos nos julgamentos, como está escrito: "Não tenha medo de nenhum homem, pois o julgamento pertence a D'us" (Devarim 1:17). Moshé estava instruindo os juízes a não desviarem um julgamento por se sentirem intimidados por pessoas poderosas. Mas o que significam as palavras finais do versículo, "pois o julgamento pertence a D'us"?
 
Nas nossas Mitzvót do cotidiano há aquelas que são predominantemente "Bein Adam LaMakom" (entre a pessoa e D'us), como a nossa Tefilá, enquanto outras são predominantemente "Bein Adam LeHaveiró" (entre a pessoa e seu companheiro), como a proibição de roubar. O ser humano tem a tendência de ser mais rigoroso em relação ao seu relacionamento com D'us, mas acaba sendo leniente em relação ao seu relacionamento com o próximo. Por exemplo, quando alguém tem uma dúvida em relação à Kashrut de certo alimento, normalmente se aconselha com um rabino para saber se é permitido comer ao não. Porém, quando a dúvida é em relação à obrigatoriedade do pagamento do imposto de renda, normalmente a pessoa toma a decisão sozinha e, como tem interesses envolvidos, frequentemente tropeça nesta área. Muitas vezes a pessoa é leniente e acaba cometendo transgressões na área de "Bein Adam LeHaveiró" por pensar que é menos grave, por estar apenas transgredindo em relação ao seu companheiro e não com D'us. É por isso que o versículo termina com as palavras "pois o julgamento pertence a D'us", nos ensinando que toda transgressão "Bein Adam Lehaveiró" também envolve uma transgressão com D'us.
 
Esta diferença de rigorosidade entre as Mitzvót "Bein Adam LaMakom" e "Bein Adam Lehaveiró" é ressaltada em um interessante ensinamento do Talmud (Baba Batra 165a): "Diz o Rav Yehuda em nome de Rav: 'A maioria das pessoas tropeça na transgressão de roubo, poucas tropeçam na transgressão de relações ilícitas e todas tropeçam na transgressão de "Avac Lashon Hará" (literalmente "pó da maledicência", quando a pessoa não fala explicitamente algo ruim em relação ao seu companheiro, mas deixa a entender nas entrelinhas que há algo errado com ele). Nos chama a atenção a diferença entre relações ilícitas, que poucas pessoas cometem, e o roubo, que a maioria acaba tropeçando.
 
Quando o Talmud diz "a maioria tropeça em roubo", não quer dizer que a maioria das pessoas pratica roubos e furtos na rua, tirando carteiras recheadas de dinheiro das bolsas de velhinhas desatentas ou furtando objetos de lojas. O Talmud está se referindo a formas de roubo muitos mais sutis, nos quais as pessoas justificam para si mesmas que o que elas estão fazendo é permitido. Por exemplo, quando a pessoa pede algo emprestado e se esquece de devolver ou quando utiliza objetos de outra pessoa sem permissão. Obviamente que nestes dois casos a pessoa não tem a intenção de roubar propositalmente o objeto ou o uso dele. A pessoa sempre racionaliza suas atitudes e procura justificativas para suas transgressões, do tipo "certamente se o dono do objeto estivesse aqui ele me emprestaria". Porém, de acordo com a Torá, isto é roubo, uma negligência que deriva da falta de respeito pela propriedade alheia.
 
Estamos nos 9 dias do mês de Av, uma época de intenso luto pela destruição dos nossos Templos Sagrados. O ocultamento de D'us é uma das consequências da destruição do Templo. De acordo com os nossos sábios, um dos motivos deste ocultamento Divino estar sendo tão longo é justamente a falta de cuidado nos assuntos monetários. Na Parashá Ki Tetse, a Torá nos comanda sermos completamente honestos nos nossos pesos e medidas. Logo em seguida a Torá fala sobre a nossa luta eterna contra o povo de Amalek. Qual é a conexão entre estes dois assuntos tão diferentes?
 
O povo judeu representa no mundo a presença de D'us, a Providência Divina em tudo o que ocorre. Já Amalek representa no mundo o acaso, a ausência do Criador. De acordo com o Rav Naftali Tzvi Yehuda Berlin zt"l (
Rússia, 1816 - Polônia, 1893), mais conhecido como Netziv, ser desonesto não é um problema apenas entre a pessoa e seu companheiro, também é um problema com D'us, pois arruína as fundações da Emuná (fé). Alguém que confia com toda a sua força que D'us providenciará seu sustento, certamente sabe que não precisa ir contra as leis da Torá para adquirir dinheiro. Portanto, a pessoa que se comporta de forma desonesta para conseguir seu sustento demonstra que não confia que D'us cuida dele com Supervisão Particular. Então D'us se comporta com esta pessoa "Midá Kenegued Midá" (medida por medida), como se Ele dissesse: "Já que você se comporta como se Eu não estivesse por perto, então Eu realmente não estarei por perto para protegê-lo". E sem a proteção Divina, o povo judeu se torna uma presa fácil para os seus inimigos.
 
Se esta leniência ocorre em relação ao roubo, mais ainda em relação à terrível transgressão do Lashon Hará, conforme afirma o Talmud: "todos tropeçam na transgressão de 'Avac Lashon Hará'". A linguagem "todos" obviamente se aplica apenas às pessoas que não estão constantemente cuidando de sua fala e estudando as leis de "Shmirat HaLashon". Porém, o Talmud está confirmando o quanto o Lashon Hará parece algo leve aos nossos olhos. Estamos acostumados a falar mal dos outros e um dos principais motivos é que sempre temos justificativas para o nosso ato. É comum escutarmos as pessoas dizendo "Isto não é Lashon Hará" ou "Sobre esta pessoa existe permissão de falar Lashon Hará". Porém, isto é apenas enganação do nosso Yetzer Hará, que nos faz procurar justificativas para cometermos uma das transgressões mais graves da Torá sem nenhum tipo de consciência pesada.
 
Com este entendimento podemos responder a pergunta sobre a destruição dos dois Templos Sagrados. O primeiro Templo foi destruído por causa de transgressões muito "externas", isto é, que são dificilmente justificáveis. A pessoa pode até cometer a terrível transgressão de relações ilícitas por causa de um desejo incontrolável, porém ela tem claridade que cometeu um ato abominável. Alguém pode matar seu companheiro em um momento de fúria e descontrole, porém carregará para o resto da vida um terrível peso na consciência. Normalmente as pessoas que fazem alguma das três piores transgressões se arrependem de seu ato abominável e consertam seu comportamento. É por isso que a destruição do Templo Sagrado durou apenas 70 anos.
 
Já o Segundo Templo foi destruído por causa do ódio gratuito e Lashon Hará, transgressões mais "internas", que não nos deixam de consciência pesada. Por isso, as pessoas não se arrependem de seu erro e o repetem milhares de vezes na vida. Apesar de querermos nos convencer de que falar Lashon Hará não é tão grave, nossos sábios ensinam que cada palavra de Lashon Hará é uma transgressão por si só. Alguém que não se cuida, portanto, pode cometer na vida milhares e milhares de transgressões. Além disso, nossos sábios afirmam que o Lashon Hará se assemelha a um assassinato, no qual três morrem: aquele que fala, aquele que escuta e sobre quem está sendo dito coisas negativas. Não parece ser algo que podemos ser lenientes na vida.
 
O primeiro passo para consertar os nossos erros é entender a gravidade deles. E a única maneira de entender melhor as leis é estudando os ensinamentos dos nossos sábios, tanto as Halachót (leis) quando o Mussar, o estudo que nos ensina a nos tornarmos pessoas melhores. Somente assim poderemos ter a esperança de que o próximo Tishá Be Av não será um dia de luto, e sim um dia de muita alegria pela reconstrução do nosso Templo Sagrado.

Shabat Shalom e Tsom Kal (um jejum leve para todos)

R' Efraim Birbojm

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