quarta-feira, 1 de março de 2017

VENCENDO A PREGUIÇA - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ TERUMÁ 5777 





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VENCENDO A PREGUIÇA - PARASHÁ TERUMÁ 5777 (03 de março de 2017)
"Era uma vez um grande palheiro que ficava perto de uma aldeia. Vários animais de pequeno porte haviam construído suas casas naquele palheiro e ali habitavam de forma harmoniosa, sem serem molestados pelos seres humanos. Entre os habitantes daquele palheiro estavam três grandes amigos: o jabuti, a tartaruga e o esquilo. O esquilo era agitado e ágil, enquanto o jabuti e a tartaruga eram muito lentos e preguiçosos.

Certo dia, os três estavam conversando animadamente no palheiro quando, de repente, ouviram pessoas gritando: "Fogo! Fogo!". Muitos animais ficaram assustados e começaram a correr para salvar suas vidas. O jabuti não se incomodou, afirmando que estava tranquilo porque sabia mais de cem maneiras de lidar com o fogo. A tartaruga também não se preocupou e disse que sabia mais de mil maneiras de como acabar com um incêndio. Somente o esquilo percebeu o real perigo e, após tentar convencer seus amigos, fugiu para salvar sua vida. Enquanto todos os animais corriam, o jabuti e a tartaruga ficaram ali, discutindo e comparando seus conhecimentos sobre combate a incêndios.


Infelizmente, dos três amigos, o esquilo foi o único que sobreviveu ao incêndio."
Esta pequena fábula ilustra a terrível influência da preguiça em nossas vidas. O preguiçoso, mesmo diante de um terrível fogo, não toma atitudes. Ao invés de correr, de se movimentar, o preguiçoso procura justificativas lógicas para continuar parado. E é por isso que o preguiçoso acaba se queimando tanto na vida.

A Parashá desta semana, Terumá (literalmente "Porção"), descreve uma das realizações mais incríveis do povo judeu: a construção do Mishkan, o Templo Móvel que funcionava como "residência" da Presença Divina no meio do povo no deserto. O Mishkan foi construído com materiais nobres, que foram prontamente doados pelo povo, como está escrito: "E esta é a porção que você pegará deles: ouro, prata e cobre; lã turquesa, lã púrpura e lã escarlate; linho e pelo de cabra; couro de carneiro tingido de vermelho; couro de Tachash (animal multicolorido, já extinto); madeira de acácia; óleo para a iluminação, especiarias para o óleo da unção e para o incenso aromático; pedras de Shoham e pedras de preenchimento, para o Avental e para o Peitoral" (Shemot 25:3-7).

Há algo nesta lista que nos chama muito a atenção. Aparentemente a ordem dos materiais listados está de acordo com o seu valor monetário, começando com os metais mais preciosos e terminando com o óleo. Porém, no final da lista aparecem as pedras de Shoam e as pedras de preenchimento, que eram pedras preciosas de valor inestimável. Então por que, se tinham um valor tão alto, elas apareciam apenas no final da lista, como se fossem materiais sem valor?

Responde o Rav Chaim ben Atar zt"l (Marrocos, 1696 - Israel, 1743), mais conhecido como Ohr HaChaim Hakadosh, que os Nessiim, príncipes das tribos, as pessoas mais influentes e ricas do povo judeu, ao escutarem que o Mishkan seria construído com as doações do povo, disseram: "Deixe o povo doar o que eles puderem e tudo o que faltar nós completaremos". Porém, no final o plano deles deu errado, pois o povo doou com tanta alegria e entusiasmo que Moshé precisou até mesmo pedir para que as doações parassem de ser trazidas. Quando os Nessiim perceberam, todos os materiais já haviam sido doados e eles acabaram ficando de fora. D'us ficou muito aborrecido com o comportamento deles e castigou-os, fazendo com que a palavra "Nessiim", normalmente escrita com a letra "Iud", fosse escrita incompleta, sem a letra "Iud" (ver Shemot 35:27). Porém, ao perceber que os Nessiim estavam arrependidos do seu erro, D'us permitiu que eles trouxessem as pedras preciosas do Avental e do Peitoral, que faziam parte das roupas do Cohen Gadol (Sumo Sacerdote). Pelo fato da doação das pedras preciosas envolver algum tipo de transgressão, elas são mencionadas por último na lista de materiais doados ao Mishkan, pois apesar de seu grande valor material, a imperfeição espiritual da doação causou com que as pedras preciosas fossem inferiores aos outros materiais da lista.

Porém, ainda não está claro qual foi exatamente o erro dos Nessiim. Qualquer pessoa responsável pela captação de fundos de uma sinagoga ou de uma instituição filantrópica sonharia em escutar este tipo de oferta. Um doador que se dispõe a cobrir tudo o que falta parece ser uma pessoa muito caridosa, um verdadeiro Tzadik (Justo). Se o aborrecimento de D'us foi com o atraso das doações dos Nessiim, aparentemente eles adiaram suas doações com motivações nobres e compreensíveis. Qual foi exatamente o erro que eles cometeram? E se foi apenas um pequeno deslize, por que eles foram punidos de maneira tão dura por D'us.

Rashi (França, 1040 - 1105), no versículo no qual a palavra Nessiim aparece faltando o "Iud", nos traz a seguinte explicação: "Pelo fato dos Nessiim terem sido preguiçosos no início, eles perderam um "Yud" no seu nome". Rashi está trazendo uma explicação incrível, que demonstra que D'us vê inclusive os pensamentos mais íntimos do coração de cada ser humano. D'us revelou que, mesmo revestido por justificativas corretas, o argumento dos Nessiim era, na verdade, apenas uma desculpa. Embora os Nessiim estivessem justificando que não estavam levando imediatamente suas doações por motivos nobres, D'us sabia que no fundo o motivo era a preguiça.

O Rav Moshe Chaim Luzzatto zt"l (Itália, 1707 - Israel, 1746) explica em seu livro "Messilat Yesharim" (Caminho dos Justos) que mesmo os motivos aparentemente mais válidos para não assumirmos responsabilidades na vida normalmente não passam de desculpas que encobrem nossa preguiça e nosso desejo de não sair do lugar. Um exemplo impressionante que ilustra esta força do nosso Yetser Hará (mau instinto) é o livro "Chovot Halevavot" (Deveres do coração), uma das maiores obras de Mussar (Ética) já escritas, que certamente já teve uma incrível influência espiritual sobre dezenas de gerações de judeus. O Rav Bahya ibn Paquda (Espanha, início do século 11), autor do "Chovot Halevavot", detalhou na introdução do seu livro quantas dificuldades ele venceu para escrevê-lo. Uma das principais dificuldades foi que, depois de ter decidido escrever o livro, ele acabou mudando de ideia, baseando-se em uma série de motivos lógicos e aparentemente racionais. Por exemplo, ele imaginava que não tinha força nem entendimento suficientes para captar profundamente os ensinamentos da Torá e transmiti-los em um livro. Além disso, o livro deveria ser escrito em árabe, a língua que a grande maioria dos judeus falava na região em que ele vivia, porém ele não dominava um estilo elegante da escrita árabe. Ele também tinha medo de assumir a responsabilidade de uma difícil tarefa cuja consequência poderia ser a exposição pública de seus próprios defeitos e limitações. Por estes e outros motivos, o Rav Bahya decidiu abandonar o projeto. Os judeus de todas as gerações teriam perdido uma incrível fonte de ensinamentos espirituais.

O que levou o Rav Bahya a mudar de ideia e novamente investir em sua obra? Ele parou para refletir sobre sua decisão e chegou à conclusão que talvez suas motivações não estavam sendo completamente puras. Ele começou a suspeitar que havia escolhido a opção mais confortável, buscando apenas tranquilidade na vida. Ele chegou à conclusão que, por trás das razões aparentemente racionais, o que realmente havia motivado o cancelamento do projeto era o desejo de ficar parado na vida. Para o eterno benefício do povo judeu, ele acabou juntando forças, teve a coragem de encarar os desafios e, apesar das dificuldades, escreveu o "Chovot Halevavot". Não podemos nem imaginar o povo judeu desprovido das incríveis orientações espirituais contidas neste livro.

As razões do Rav Bahya para não escrever o livro pareciam realmente corretas e lógicas, mas ele conseguiu reconhecer, em sua grandeza espiritual, que eram razões "manchadas" pelo desejo de conforto na vida. Se alguém grande como o Rav Bahya estava sujeito às influências das nossas características negativas, em especial a preguiça, muito mais nós, em nosso nível espiritual tão baixo, devemos nos preocupar com os riscos de cairmos nas armadilhas da preguiça, um traço de caráter destruidor. Cada um de nós sempre tem razões aparentemente válidas e corretas para ignorar possíveis caminhos de melhoria na vida, mas devemos estar conscientes que, na grande maioria das vezes, é apenas a preguiça nos convencendo a ficarmos parados.

O Yetser Hará da preguiça é tão astuto que pode vir disfarçado de traços de caráter admiráveis, como a humildade. O Rav Moshe Feinstein zt"l (Lituânia, 1895 - EUA, 1986) nos ensina que temos a tendência comum de subestimarmos o nosso potencial, argumentando que temos poucos talentos e que não estamos destinados à grandeza espiritual. Mas o que parece humildade é, na verdade, o nosso Yetser Hará querendo nos enganar. Esta tendência de subestimar o nosso potencial vem da nossa preguiça, uma manifestação do nosso desejo por conforto. Atingir a grandeza espiritual requer muito esforço e disposição para encarar contratempos e até mesmo fracassos. Isto não é uma tarefa fácil, o que torna ainda mais tentador para a pessoa "se liberar" de suas responsabilidades na vida e escolher os caminhos mais fáceis e cômodos. Muitas "almas de ouro" do povo judeu podem simplesmente ter se apagado por terem se acomodado na vida.

Constantemente surgem oportunidades de crescimento e melhoria. Estas oportunidades servem para podermos crescer no nosso nível espiritual e também para influenciarmos positivamente outras pessoas em volta. A dura lição aprendida pelos Nessiim é eterna e também serve para cada um de nós. Talvez o mais poderoso fator que pode nos impedir de atingir a grandeza espiritual é o desejo pelo conforto, que deriva da preguiça. Isto faz com que a pessoa crie inúmeras razões para justificar a sua inabilidade de crescer tudo o que poderia. Foi por isso que D'us castigou os Nessiim de forma tão dura, para mostrar o quanto esta característica da preguiça é terrível e pode nos impedir de crescer e de cumprir o nosso objetivo na vida. O livro "Messilat Yesharim" nos ensina a identificar estas razões e justificativas como sendo "conselhos do Yetser Hará". Devemos, portanto, ignorá-las e continuar os nossos esforços para alcançar os nossos objetivos. Para vencer este terrível Yetser Hará, cada um precisa se esforçar, antes de tudo, para ser sincero consigo mesmo. Precisamos refletir e saber identificar quando realmente nossos argumentos são verdadeiros e quando são apenas desculpas para nos manter parados.

Viemos ao mundo material justamente para crescer, mas não há crescimento sem esforço. Fracassos são parte da vida, ninguém chega ao sucesso sem tropeços e dificuldades. Quando tentamos fazer nosso trabalho espiritual e surgem dificuldades, isto é um sinal de que estamos indo no caminho correto, pois o Yetser Hará está tentando nos impedir de alcançar nosso objetivo. Quando alguém está cavando em busca de um tesouro e bate com a pá em algo duro, é um sinal de que o tesouro está perto. O mesmo vale para a nossa vida, pois quando surgem grandes desafios e dificuldades, isto é um sinal de que o sucesso está muito perto.
SHABAT SHALOM

R' Efraim Birbojm
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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

DOAR COM O CORAÇÃO - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ MISHPATIM 5777





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DOAR COM O CORAÇÃO - PARASHÁ MISHPATIM 5777 (24 de fevereiro de 2017)

Foi em um dia qualquer, no meio do verão, na cidade de Angra dos Reis. Um lugar paradisíaco, que estamos acostumados a ver estampado nas páginas das revistas. O garoto pobre aproximou-se da mansão, colocou o rostinho entre as grades do portão alto e ficou olhando. Evelyn, a dona da casa, uma senhora distinta, regava o jardim. Fazia a tarefa devagar, como quem distribui as gotas com carinho. O menino, em seus nove anos, segurando as grades com as duas mãos, pediu:

- Ei, dona, tem pão velho?

Ela olhou surpresa. Fechou a mangueira e começou a se aproximar do garoto. Desde a sua infância aquele tipo de situação a incomodava. Trazia uma mensagem dentro de si de que, quando alguém pedia pão velho, na verdade estava dizendo: "Me dá o pão que era meu e ficou na sua casa e você esqueceu de comer porque tem muitas outras coisas deliciosas para saborear". Ela caminhou até o portão e perguntou:

- Por que você não está na escola?

- Minha mãe não tem dinheiro para comprar o material - respondeu o garoto, com sinceridade.

Evelyn já estava tão próxima dele que quase o podia tocar. Ele tinha um rostinho tão delicado. Pena que estivesse tão sujo. Pensou nos próprios filhos, tão bem cuidados, penteados, roupas limpas, calçados brilhantes e lancheira cheia para ir para a escola. Do rostinho miúdo do garoto se destacavam os olhos. Espertos, inteligentes e sofridos.

- Seu pai mora com vocês? - arriscou Evelyn.

- Ele sumiu há muitos anos. Não sabemos onde ele está - respondeu o garoto, com voz triste.

A conversa prosseguiu. Evelyn até se esqueceu do jardim e das flores. Diante dela estava uma flor muito mais importante e com muito mais necessidades. Finalmente, Evelyn se recordou da fome do menino e, fazendo um gesto de quem se dirigia para dentro de casa a fim de buscar alguma coisa, exclamou:

- Espere um pouco, vou buscar o pão. Mas não tenho pão velho, serve novo?

- Não precisa não, a senhora já conversou comigo. Tchau - respondeu o garoto, e desapareceu ladeira abaixo.
 
Aquela resposta caiu como um raio no coração de Evelyn. Ela teve a sensação de ter absorvido toda a solidão e a falta de amor daquela criança. Um menino de nove anos já sem sonhos, sem brinquedos, sem comida, sem escola e tão necessitado de carinho e de uma conversa amiga. Naquele dia Evelyn aprendeu um novo significado para o pedido de pão velho. Significa "converse comigo, me dê atenção". Por isso, ela continua dando pão novo, fresquinho. Mas, antes de tudo, compartilha o pão das pequenas conversas, um pão que nunca fica velho. O pão mata a fome do corpo, mas a palavra carinhosa nutre o coração entristecido e traz de volta a esperança de um mundo melhor.

A Parashá desta semana, Mishpatim (literalmente "Juízos"), nos ensina diversos tipos de leis, em especial as que envolvem os relacionamentos interpessoais, nos ajudando a entender o quanto a Torá é rigorosa com o nosso comportamento em relação ao nosso semelhante e o quanto devemos nos esforçar para sermos pessoas corretas e honestas. São dezenas de leis, com muitos detalhes de como devemos nos comportar mesmo nas situações difíceis que ocorrem no nosso cotidiano.

A Parashá também desperta o lado misericordioso do ser humano, ao nos ensinar leis referentes aos cuidados que devemos ter com os pobres. Por exemplo, a Torá diz que é uma obrigação emprestar dinheiro a alguém necessitado e nos ensina como fazer isso da melhor maneira, como está escrito: "Quando você emprestar dinheiro ao Meu povo, ao pobre que está com você, não se comporte com ele como um credor... se você pegar a roupa de seu companheiro como garantia, você deve devolvê-la até o por do sol. Pois esta é a sua única coberta, a veste para sua pele, com o que ele dormirá? Se ele gritar a Mim, Eu escutarei, pois Eu sou misericordioso" (Shemot 22:24-26).

Este versículo descreve detalhes importantes da Mitzvá de emprestar dinheiro a alguém necessitado. Em primeiro lugar, a Torá ressalta que não devemos nos comportar como credores, nos ensinando que quando uma pessoa não tem condições de devolver o empréstimo na data combinada, não devemos pressioná-la. Devemos deixá-la à vontade, para que ela não se sinta humilhada toda vez que nos encontrar. Além disso, a Torá nos ensina que o devedor deve deixar um objeto como garantia, para caso não consiga pagar sua dívida. Porém, se a pessoa for tão pobre que este objeto de garantia for algo que ela precisa para o seu dia-a-dia, como a roupa que ela veste para dormir, então devemos constantemente devolvê-lo, para que a pessoa possa utilizá-lo sempre que necessário.

Mas o que realmente nos chama a atenção são as palavras finais do versículo: "Se ele gritar a Mim, Eu escutarei, pois Eu sou misericordioso". Aparentemente a Torá está deixando claro que, caso o credor não devolva o objeto de garantia para o devedor quando este necessitar, causando com que o devedor grite desesperadamente para D'us, então Ele escutará e castigará o credor. Porém, o credor cometeu alguma transgressão somente por ter pressionado o devedor, retendo o objeto de garantia? O credor fez a sua parte e emprestou seu dinheiro. O grito é apenas entre o devedor e D'us, pois o credor não tem culpa do devedor não ter dinheiro para pagar suas dívidas. Então por que o versículo dá a entender que o credor será castigado caso pressione o devedor?

De acordo com o Rav Ovadia Sforno zt"l (Itália, 1475-1550), após escutar o grito do pobre, D'us fala para o credor: "Quando o pobre grita para Mim, Eu darei a ele um pouco do que teria dado a você, pois Eu dou a você mais do que você precisa justamente para que você possa ajudar a sustentar os outros". Isto quer dizer que D'us deveria mandar para cada ser humano exatamente o que ele precisa para as suas necessidades básicas, como ocorria no deserto, quando o "Man" caía diariamente e cada um recebia exatamente a quantidade que necessitava para sua alimentação diária. Porém, olhamos para o mundo e vemos que a distribuição das riquezas não é igual. Para alguns D'us manda "a mais", enquanto para outros D'us manda "a menos". Devemos ter a claridade de que quando recebemos "a mais", isto não é para nós mesmos, para os nossos luxos, e sim para podermos ajudar a sustentar outras pessoas. É por isso que o versículo utiliza as palavras "Eu escutarei", pois D'us escutará que o credor tem mais do que precisa para suas próprias necessidades e, mesmo assim, fica pressionando o devedor, que tem menos do que precisa. Qual será a consequência? D'us tirará o dinheiro do credor e dará ao devedor.

Este conceito foi ensinado pelo mais sábio dos homens, Shlomo Hamelech (Rei Salomão): "O rico e o pobre serão visitados. D'us é quem faz todos eles" (Mishlei 22:2). O Talmud (Temurá 16a), ao explicar este versículo, relata o que acontece quando um pobre se dirige a um rico e pede "por favor, me ajude no meu sustento". Caso o rico o ajude, então está tudo bem, mas caso o rico não o ajude, sofrerá consequências. "D'us é quem faz todos eles" significa que, da mesma forma que D'us fez a pessoa ficar rica, então Ele fará esta pessoa empobrecer, e da mesma forma que D'us fez a outra pessoa ser pobre, Ele a fará enriquecer.

Mas será que isto realmente pode acontecer? A pessoa rica já tem muito dinheiro acumulado, enquanto o pobre não tem nada! Como pode ser que esta situação vai se inverter? Estamos tão imersos nas ideias equivocadas do mundo material que nos esquecemos de que as regras espirituais são diferentes do que os nossos olhos enxergam. D'us recria tudo a todo instante. O que a pessoa tem neste momento não diz nada em relação ao que vai ocorrer em um próximo momento. Nada é garantido, pois se D'us não recriar a riqueza do rico, no próximo instante ele estará completamente pobre. Portanto, D'us, que controla tudo, pode fazer o rico perder tudo e o pobre enriquecer da noite para o dia.

O mesmo conceito também se aplica em relação aos assuntos espirituais. Assim nos ensina Shlomo Hamelech: "O pobre e o homem de pensamentos profundos são visitados. D'us é quem ilumina os olhos dos dois" (Mishlei 29:13). O Talmud (Temurá 16a) explica que este versículo se refere a um aluno que vai ao seu professor e pede "por favor, me ensine Torá". Caso o professor o ensine, então está tudo bem, pois D'us iluminará os olhos dos dois, tanto do professor quanto do aluno. "Pobre", neste caso, se refere ao aluno, alguém ainda pobre em Torá. "Homem de pensamentos profundos" se refere ao professor, neste caso alguém que já tem bastante conhecimento, mas que ainda precisa crescer muito espiritualmente. Caso o professor aceite dedicar parte do seu tempo para ensinar ao seu aluno, abrindo mão do seu próprio tempo de estudo, então D'us iluminará os olhos dos dois. O professor não perderá nada, ao contrário, ganhará conhecimento e sabedoria junto com o aluno.

Porém, o Talmud continua explicando que, caso o professor se recuse a ensinar seu aluno, preferindo dedicar seu tempo apenas ao seu próprio crescimento em Torá, então D'us, quem transformou aquela pessoa em um sábio, pode transformá-lo em um grande tolo, enquanto aquele que foi criado tolo pode se transformar em um sábio. Quando alguém não é misericordioso e se recusa a dividir o que recebeu "a mais", D'us o castiga e retira dele parte do seu dinheiro e dá ao pobre. O mesmo acontece com aquele que se recusa a ensinar seu companheiro, ele é castigado e perde parte de sua sabedoria, que é dada àquele que quer aprender. É como se D'us estivesse dizendo: "Eu te dei condições financeiras, Eu te dei sabedoria e força para você poder ensinar também aos outros, então por que você quer pegar tudo apenas para você mesmo? Você acha que tem algo? Quem deu tudo isto a você fui Eu. E como a cada momento Eu renovo o que Eu dou para as pessoas, a partir deste momento eu deixarei de dar para você e começarei a dar para ele".

Este é um grande ensinamento para conseguirmos vencer o nosso egoísmo. Vivemos com excessos e luxos, enquanto muitas pessoas não têm nem mesmo o básico. E o pior de tudo é que não nos importamos com os outros. Não apenas não repartimos a parte "a mais" do nosso dinheiro, como também não dedicamos nem mesmo o nosso tempo aos outros, para ensinar algo ou simplesmente para dar atenção a quem necessita. Precisamos lembrar que tudo o que temos é por bondade de D'us, mas se não soubermos utilizar o que recebemos, podemos perder tudo. A palavra "Tzedaká" normalmente é traduzida como "caridade", mas a tradução literal é "justiça". Quando ajudamos alguém que tem menos do que nós não estamos apenas fazendo caridade, estamos fazendo justiça. Este "a mais" somente veio até nossas mãos para podermos ter o mérito de ajudar os outros e, assim, criar um mundo mais justo.
SHABAT SHALOM

R' Efraim Birbojm
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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

A ARTE DE ESCUTAR - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ ITRÓ 5777 





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A DIFÍCIL ARTE DE ESCUTAR - PARASHÁ ITRÓ 5777 (17 de fevereiro de 2017)
"Yossef Goldman (nome fictício) estava se despedindo da Yeshivá. Após alguns anos de estudo em Israel, ele havia crescido muito espiritualmente. Porém, agora era hora de voltar aos Estados Unidos, para dar continuidade ao seu crescimento ao lado da família. A Yeshivá organizou uma linda festa de despedida para ele. Todos os seus amigos de anos de Yeshivá estavam presentes. Mas certamente um dos mais emocionados era Avraham Katz (nome fictício), seu "Chavruta" (colega de estudos) por muitos anos. Horas por dia eles passavam juntos, imersos no estudo da Torá, e a despedida agora era dura. Em certo momento da festa, começaram os discursos de despedida. Então chegou a vez de Avraham discursar:

- Não preciso me estender nos elogios ao Yossef - começou Avraham, visivelmente emocionado - Todos que conviveram com ele conhecem suas incríveis qualidades, como sua bondade, sempre pronto a ajudar todos que necessitam, e sua seriedade no cumprimento das Mitzvót e no estudo da Torá. Mas ele tem uma qualidade que eu, como seu Chavruta de muitos anos, fui um dos poucos privilegiados a perceber. Certo dia, nós estávamos entretidos em uma passagem do Talmud muito difícil. Tínhamos visões completamente distintas sobre como entender aquela passagem. Por muito tempo ficamos em uma discussão acalorada, cada um trazendo argumentos para defender seu ponto de vista. Era uma verdadeira "guerra de Torá" que estávamos travando. Apesar de ter defendido meu ponto de vista com unhas e dentes, Yossef é uma pessoa com uma incrível capacidade de argumentação. Mesmo me esforçando muito, parecia que ele havia saído vitorioso da discussão. Porém, no final do dia ele me chamou e disse: "Avraham, depois de refletir muito sobre seus argumentos, eu entendi os cálculos que você fez para chegar às suas conclusões. E, entendendo a forma como você chegou à sua conclusão, eu percebi que realmente é você que está certo no entendimento desta passagem que estudamos".

- Quando escutei aquilo - concluiu Avraham - eu entendi a verdadeira grandeza do meu Chavruta. Mesmo defendendo o seu ponto de vista, ele soube escutar os meus argumentos. Mas, acima de tudo, ele teve a humildade de assumir que estava errado. Não é fácil, em especial em uma discussão, alguém assumir que o outro está certo. E tenho certeza que estas duas incríveis qualidades de Yossef, a humildade e ouvidos que escutam de verdade, vão fazê-lo se tornar um dia um grande Talmid Chacham (Erudito de Torá).
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A Parashá desta semana, Itró, começa descrevendo a vinda de Itró, sogro de Moshé, ao acampamento do povo judeu no deserto. Ele trouxe também a esposa de Moshé e seus filhos, que haviam ficado em Midian enquanto Moshé foi ao Egito salvar o povo judeu. Itró havia escutado sobre o grande milagre da abertura do mar e sobre a guerra contra o povo de Amalek, e escutou de Moshé também todos os detalhes da salvação do povo judeu no Egito. Ele se surpreendeu com todos os milagres e com a incrível salvação do povo judeu. Depois disso, a Parashá descreve que Itró percebeu que Moshé julgava sozinho todo o povo, algo que era pesado para ele e para o povo, e por isso sugeriu que Moshé apontasse pessoas aptas a julgar o povo junto com ele, dividindo o peso e a responsabilidade. Moshé escutou os conselhos de seu sogro e, depois de se aconselhar com D'us, criou tribunais de instâncias menores, de forma que apenas os casos mais difíceis chegavam até ele. Por último, a Parashá também traz um dos eventos mais importantes da história do povo judeu: a entrega da Torá no Monte Sinai, diante de todo o povo judeu. Mas qual é a conexão entre a visita de Itró, o seu conselho dado a Moshé e a entrega da Torá no Monte Sinai?

Quando estamos em uma discussão importante e sentimos que não estamos conseguindo transmitir nosso ponto, como reagimos? Em um primeiro momento, repetimos e insistimos. Porém, se mesmo assim não conseguimos ter sucesso em convencer o outro de que estamos certos, o que fazemos? Começou a gritar: "Você está ouvindo o que estou dizendo? Você está prestando atenção?" Todo mundo alguma vez já tropeçou neste tipo de erro. Mas por que isto acontece? Por que às vezes queremos mostrar o nosso ponto, mas parece que a outra pessoa não está nem ouvindo nossos argumentos. O mais impressionante é perceber que nós fazemos exatamente a mesma coisa. Quantas vezes achamos que estamos ouvindo a outra pessoa mas, de repente, descobrimos que nossa cabeça estava em outro lugar e não prestamos atenção em nenhuma palavra do que o outro falou? A grande pergunta que surge é: por que é tão difícil escutar os outros?

Explica o Rav Yehonasan Gefen que o ser humano tem uma tendência natural de bloquear qualquer tipo de informação que contradiz a sua própria forma de ver as coisas. Isto porque, de maneira até inconsciente, nunca queremos assumir que estamos errados, pois os erros são um ataque direto à nossa autoestima. Portanto, acabamos bloqueando qualquer tipo de informação que vá contra o que acreditamos ser o correto. Mesmo quando estamos diante das provas mais convincentes, preferimos bloquear nossos ouvidos e não escutar.

Isto é algo muito ruim para nossa vida em geral, mas há uma área em particular que é profundamente afetada por este tipo de "bloqueio": o nosso estudo de Torá. E isto pode acontecer não apenas com alunos iniciantes, mas até mesmo com grandes estudantes de Torá. De acordo com o Rav Elyahu Lopian zt"l (Polônia, 1876 - Israel, 1970), mesmo pessoas que estudam com constância e se esforçam muito no estudo da Torá podem acabar se tornando incapazes de escutar outras opiniões e de se conectar com o que dizem outras pessoas. Eles ficam completamente bloqueados, absorvidos em seus próprios pensamentos e opiniões. Pessoas com este tipo de atitude não apenas serão severamente punidas por seu comportamento inadequado, mas também nunca terão sucesso em seu aprendizado de Torá. A pessoa naturalmente é tendenciosa a ser favorável às suas próprias opiniões. Portanto, caso ela não consiga escutar o que os outros dizem, nunca conseguirá esclarecer as coisas de forma precisa.

O contrário também é válido. O Rav Chaim Ozer Grodzinsky zt"l (Bielorússia, 1863 - Lituânia, 1940) foi um dos maiores sábios de Torá de sua geração. Todos conhecem a sua grandeza no domínio da Torá, sua incrível genialidade e sua habilidade de pensar em muitas coisas ao mesmo tempo. Porém, poucos sabem como ele chegou a este nível tão elevado. Contam que desde muito jovem o Rav Chaim Ozer podia sempre ser encontrado entre os grandes sábios de Torá da geração. Porém, em uma discussão, o Rav Chaim Ozer nunca dizia para eles "aceitem minha opinião". Ao contrário, ele se transformou em um recipiente que reunia e acumulava todas as opiniões e explicações que ele escutava dos sábios de Torá. Ele absorveu todo o conhecimento que escutou e transformou-o em parte de sua própria essência. O segredo da grandeza do Rav Chaim Ozer foi a disposição de aprender com absolutamente tudo o que ele escutava.

É por isso que a Parashá que fala sobre a entrega da Torá no Monte Sinai começa com as seguintes palavras: "Vaishmá Itró" (E escutou Itró). Itró se reuniu ao povo judeu após ter escutado sobre o incrível milagre da abertura do mar e sobre a vitória do povo judeu contra Amalek. Mas apenas Itró escutou? O mundo inteiro havia escutado, mas Itró foi o único que internalizou a mensagem. Os nossos sábios explicam no Pirkei Avót (Ética dos Patriarcas) que existem 48 ferramentas para verdadeiramente adquirir os conhecimentos da Torá. A segunda ferramenta é "Shmiat Haozen", que literalmente significa "escutar com os ouvidos". Toda vez que a Torá utiliza a palavra "Shemá", como em "Shemá Israel", isto implica um nível mais profundo de escuta, que envolve focar, prestar atenção, entender e colocar em ação. Escutar de verdade é deixar a mensagem penetrar em nossos pensamentos e nos influenciar na prática. O mundo inteiro escutou sobre os milagres que ocorreram ao povo judeu, mas somente Itró internalizou e tomou uma atitude.

Porém, há um nível ainda maior do que saber escutar as opiniões de pessoas mais elevadas do que nós: saber escutar as opiniões daqueles que estão em um nível mais baixo do que nós. Normalmente, quando escutamos uma pessoa mais baixa expressando sua opinião, nós "desligamos" os nossos ouvidos. Ao invés de escutar, nossa cabeça está focada em procurar argumentos para derrubar o que o outro está falando. Além de ser uma tremenda demonstração de falta de educação, esta atitude dificulta nossa possibilidade de crescimento em sabedoria.

Assim aprendemos daqueles que atingiram a grandeza: "Quem é o sábio? Aquele que aprende com todos" (Pirkei Avót 4:1). Mas o que significa aprender com todos? O que pessoas com menos sabedoria podem acrescentar em nossas vidas? Esta pergunta foi feita certa vez a um grande rabino, que respondeu contando algo muito interessante que havia acontecido em sua vida. Ele era um rabino muito respeitado, grande conhecedor da Torá. Certa vez ele foi convidado a dar aulas de Mishná Brurá, um livro de Halachót (leis) extremamente profundo escrito pelo Chafetz Chaim, a um grupo de Baalei Teshuvá (pessoas afastadas do judaísmo que decidiram se reaproximar da Torá). Apesar de serem pessoas ainda com pouco conhecimento de Torá, eles abordavam as Halachót através de ângulos muito diferentes do rabino e traziam questionamentos que ele nunca havia parado para pensar. Após um ano de aulas, o rabino chegou a uma incrível conclusão: por causa daquelas aulas, ele havia repensado seriamente sobre muitos fundamentos que ele já havia aceitado em sua vida, e havia chegado a um nível muito mais profundo e abrangente no entendimento das Halachót da Mishná Brurá. Ao saber escutar mesmo das pessoas com menos conhecimento, ele havia elevado de maneira significativa seu conhecimento de Torá.

É por isso que a Torá também traz como introdução à entrega da Torá o conselho de Itró a Moshé Rabeinu. Moshé foi o maior profeta da história da humanidade, havia recebido pessoalmente de D'us toda a Torá. Apesar de Itró ser uma pessoa sábia, que havia dedicado sua vida a buscar conhecimento, ele não chegava aos pés da grandeza de Moshé. Escutar Itró foi uma monumental demonstração da grandeza espiritual de Moshé. Foi a maior demonstração de que "sábio é aquele que aprende com todas as pessoas".

A Parashá nos ensina que a única maneira de se tornar grande em Torá é sendo humilde e estando com os ouvidos abertos a todos. Por educação e por sabedoria, precisamos aprender a escutar. Precisamos saber deixar o outro falar a frase até o fim e não interrompê-lo no meio já com a nossa resposta. Há muitas pessoas que fazem questão de repetir o argumento do seu companheiro antes de dar a sua opinião, para ter certeza que realmente entendeu o que o outro quis dizer. D'us não vai cobrar de nós por não estarmos sempre com a razão, mas certamente Ele nos cobrará se não soubermos escutar todas as pessoas. É sabendo escutar que se criam gigantes espirituais.
SHABAT SHALOM

R' Efraim Birbojm
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