sexta-feira, 5 de setembro de 2014

SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ KI TETSÊ 5774

BS"D
A FORÇA DO HÁBITO - PARASHÁ KI TETSÊ 5774 (05 de setembro de 2014)

"O rabino estava dando um belo discurso, explicando a importância de estarmos sempre conectados com a nossa espiritualidade, mesmo quando não estamos na sinagoga. Ele ressaltou a importância de termos pensamentos de espiritualidade até mesmo quando estamos no trabalho, no meio dos negócios. Um dos frequentadores, querendo fazer uma piadinha, se levantou e gritou:

- Ei, rabino, eu não consigo fazer duas coisas ao mesmo tempo. Como você quer que eu consiga fazer negócios e mesmo assim ainda pensar em Torá e Mitzvót?

- É fácil, meu querido - respondeu o rabino, sem se abalar - da mesma maneira que você consegue todos os dias pensar nos seus negócios mesmo estando no meio da sua Tefilá (reza), então você também vai conseguir pensar em espiritualidade mesmo quando estiver no meio dos seus negócios"  

Pela força do hábito, muitas vezes acabamos cumprindo as Mitzvót de forma mecânica. Como na Tefilá, quando muitas vezes nosso corpo está na sinagoga, mas nossa cabeça está vagando em diferentes lugares do planeta...

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Na Parashá desta semana, Ki Tetsê, a Torá lista os povos que não podem fazer parte do povo judeu de forma completa. Para alguns povos, como os egípcios, a proibição é por apenas algumas poucas gerações, mas para outros povos, como Amon e Moav, a proibição é eterna. Mas por que esta rigorosidade com Amon e Moav? Eles foram piores do que os egípcios, que nos escravizaram e nos torturaram por 210 anos?

A Torá traz explicitamente dois motivos pelos quais Amon e Moav não são aceitos como parte do povo judeu, sendo o primeiro deles: "Pelo fato deles não terem recebido vocês com pão e água no caminho, quando vocês estavam saindo do Egito" (Devarim 23:5). Amon e Moav viram diante deles um povo de pessoas sofridas, que haviam passado por dois séculos de duros castigos e humilhações no Egito, e que estavam em um deserto inóspito, mas mesmo assim não tiveram a dignidade de nos oferecer nem mesmo pão e água. Seria o equivalente a ver um sobrevivente do Holocausto, magro e abatido, pedindo um prato de comida, e não sentir absolutamente nenhuma misericórdia por ele. Como a essência do povo judeu é o Chessed (bondade), característica que herdamos de Avraham Avinu, então pessoas tão desumanos como os habitantes de Amon e Moav não podem fazer parte do nosso povo.

Porém, esta extrema falta de bondade de Amon e Moav levanta um sério questionamento. Os dois povos são descendentes de Lót, o sobrinho de Avraham. E a Torá nos ensina que Lót, como Avraham, se destacou justamente na característica de Chessed, chegando ao ponto de arriscar sua vida e a integridade física de suas próprias filhas apenas para fazer bondade com dois beduínos, que na verdade eram anjos disfarçados. Sabemos que até hoje o Chessed é parte do povo judeu por causa da "genética espiritual" que herdamos de Avraham. Então por que Amon e Moav, que também deveriam ter esta característica de Chessed embutida em sua "genética espiritual" herdada de Lót, se comportaram de maneira tão desumana e mostraram tamanha indiferença diante de pessoas necessitadas?

Explica o Rav Yaacov Ashkenazy (Polônia, 1550, 1625), mais conhecido como "Melitz Yosher", que uma pessoa que cumpre uma Mitzvá ou pratica um bom ato por causa do reconhecimento interno da importância deste ato e pelo genuíno desejo de ajudar os outros, faz com que esta boa característica fique enraizada em seu coração, conseguindo transmiti-la para as futuras gerações. Mas se esta boa característica vem apenas pela força do hábito, então ela não fica enraizada no coração da pessoa e, portanto, não é transmitida para seus descendentes.

Esta foi a grande diferença entre os descendentes de Avraham e os descendentes de Lót. Avraham buscou D'us por toda a sua vida, para saber a quem agradecer por tudo de bom que recebia. Esta busca fez com que Avraham refletisse sobre a importância da bondade e entendesse de maneira profunda que o Chessed é um dos pilares que sustenta o mundo. Como ele internalizou esta Mitzvá em seu coração, esta característica foi transmitida também ao coração de seus descendentes. Já Lót não trabalhou em seu coração o valor do Chessed. Por sua longa convivência com Avraham, um homem que aproveitava cada pequena oportunidade para fazer Chessed, Lót aprendeu a fazer bondades simplesmente como um hábito, como parte natural da vida, mas nunca internalizou a sua importância, simplesmente fazia bondades de forma mecânica. Por isso esta característica não foi transmitida aos seus descendentes, que acabaram se transformando, poucas gerações depois, em pessoas egoístas e completamente insensíveis.

Com este ensinamento do "Melitz Yosher" podemos entender um triste fenômeno, que é o de jovens educados em casas observantes de Mitzvót, mas que acabam se afastando dos caminhos espirituais. Por que isto acontece? Pois quando os pais cumprem as Mitzvót sem internalizar o significado dos seus atos e a importância deles, cumprindo-as apenas por hábito e de maneira mecânica, então dificilmente conseguirão transmitir aos filhos a atitude correta em relação às Mitzvót. Assim, os filhos também apenas cumprirão as Mitzvót de maneira mecânica e, mais cedo ou mais tarde, acabarão abandonando-as.

Há outro ponto interessante sobre este incrível ensinamento do "Melitz Yosher". Apesar de muitas vezes estarmos dispostos a gastar esforços, tempo e até mesmo dinheiro para cumprir uma Mitzvá, ainda assim não é uma garantia que esta Mitzvá não está sendo cumprida apenas por hábito. Lót chegou ao ponto de arriscar a sua vida para cumprir uma Mitzvá, mas mesmo assim a Torá ainda considera que esta Mitzvá foi feita apenas pela força do hábito, tendo pouco valor espiritual. Portanto, precisamos o tempo inteiro verificar nossos atos, para checar se estamos cumprindo as Mitzvót com o coração, internalizando sua importância e o seu impacto espiritual, ou se estamos apenas cumprindo de maneira mecânica, por força do hábito, mas sem nenhuma profundidade espiritual.

Em Mitzvót que se repetem poucas vezes durante nossa vida é mais fácil sentir a espiritualidade do momento. Por exemplo, quando uma pessoa participa do Brit-Milá de seu filho, ou faz a Brachá sobre seus "Arba Minim" (4 espécies) em Sucót, ela consegue se concentrar e ter Kavaná (intenção) em suas palavras e seus atos. Mas a grande dificuldade está justamente nas Mitzvót constantes, que repetimos várias vezes todos os dias, como a Tefilá (reza). Pronunciamos 3 vezes por dia, 7 dias por semana, praticamente as mesmas palavras, e por isso é tão difícil manter a concentração. Muitas vezes estamos no meio da Tefilá e percebemos que nossa cabeça está distante, pensando nos negócios, na viagem de férias ou simplesmente naquele dinheiro que estamos devendo a um amigo. Como lutar contra a força do hábito nestes casos?

Explicam nossos sábios que precisamos todos os dias tentar trazer um gosto novo para nossas Mitzvót. Por exemplo, estudando sobre o significado das palavras que mencionamos na Tefilá, desde o entendimento mais simples até as implicações mais profundas de cada uma das palavras que nossos sábios fixaram no Sidur. Algumas vezes podemos mudar de Sidur, simplesmente para quebrar a rotina. Outras vezes podemos fazer a Tefilá em um lugar diferente da sinagoga, ou até mesmo em outra sinagoga, apenas pelo efeito de renovação que isto pode trazer, para fugir da força do hábito.

Estamos no mês de Elul, o mês de preparação espiritual para Rosh Hashaná, o Dia do Julgamento. Certamente há muitas Mitzvót que ainda não cumprimos e que gostaríamos de começar a cumprir, e esta é a época propícia do ano para receber sobre nós um crescimento espiritual. Mas além de acrescentar na quantidade de Mitzvót que gostaríamos de cumprir, um trabalho muito importante é acrescentar na qualidade daquelas Mitzvót que nós já cumprimos, mas que, por causa da força do hábito, acabam se tornando apenas atos mecânicos.

Internalizar a importância de cada Mitzvá e enraizá-la nos nossos corações é a melhor forma de garantir que não apenas nosso próprio serviço espiritual será muito mais significativo, mas que também teremos mais sucesso na transmissão dos valores judaicos para todos os nossos descendentes.

SHABAT SHALOM

Rav Efraim Birbojm

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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ SHOFTIM 5774

BS"D
ESPANTANDO A MORTE - PARASHÁ SHOFTIM 5774 (29 de agosto de 2014)

Era uma sexta-feira de tarde e Jony, que ainda era um calouro na faculdade, voltava para casa. Ele viu Caio, um rapaz da sua sala, caminhando para casa e levando todos os seus livros. Jony se perguntou por que alguém levaria para casa tantos livros na sexta-feira. Chegou à conclusão de que aquele rapaz deveria ser um "Nerd". No final de semana de Jony não havia espaço para livros. Já estava tudo planejado: festas, diversões e um jogo de futebol com os amigos no domingo. Conforme Jony foi caminhando, viu um grupo de rapazes correndo em direção a Caio. Eles arrancaram todos os livros dele e, dando gargalhadas, o empurraram. Caio caiu no chão, enquanto seus óculos voaram longe.

Caio levantou o rosto e Jony viu uma terrível tristeza em seu olhar. Ficou com pena e correu para ajudá-lo. Não pôde deixar de reparar na lágrima que escorria pelo rosto de Caio enquanto ele agradecia pela ajuda. Começaram a conversar e Jony descobriu que Caio morava perto de sua casa. Voltaram juntos, e Caio revelou ser um rapaz legal. Jony aproveitou para convidá-lo para jogar futebol no domingo. Na segunda-feira Caio voltou com todos os seus livros para a faculdade. Jony fez uma pequena piada e perguntou por que levar e trazer de volta todos os livros, mas Caio não respondeu, simplesmente mudou de assunto. Jony e Caio acabaram se tornando melhores amigos durante os anos de faculdade.

Os anos se passaram e a formatura da faculdade se aproximava. Caio foi escolhido como o orador oficial da turma. Ele havia realmente se encontrado durante aqueles anos de faculdade. Estava mais encorpado e havia se tornado um rapaz bonito, respeitado pelos amigos e popular entre as meninas. Visivelmente nervoso, Caio subiu no palco e começou seu discurso:

- A formatura é um momento especial, no qual podemos agradecer àqueles que nos ajudaram durante estes anos difíceis. Pais, professores, irmãos... mas principalmente aos amigos. Eu estou aqui para dizer que ser um amigo para alguém é o melhor presente que você pode dar a outra pessoa. E eu vou explicar porque isto é tão importante...

Para a surpresa de Jony, Caio começou a relembrar o dia em que eles se conheceram, anos atrás. E ele revelou algo terrível. Caio contou que estava muito infeliz, se sentindo deslocado na faculdade, sem amigos. Sua tristeza era tanta que ele havia planejado se matar naquele final de semana. Caio revelou então o mistério dos livros: naquela sexta-feira, ele havia esvaziado seu armário para que sua mãe não tivesse que fazer isso depois que ele se matasse. Caio, visivelmente emocionado, olhou diretamente nos olhos de Jony, deu um sorriso e disse: "Com uma pequena atitude, meu amigo salvou minha vida".

Aquele rapaz popular e bonito contava a todos, de forma aberta e corajosa, sobre um momento de fraqueza. Até aquele dia Jony jamais havia se dado conta da grandeza do ato que havia feito. Naquele instante ele aprendeu a lição mais importante de sua vida: com um pequeno gesto, podemos mudar completamente a vida de uma pessoa, e até mesmo salvar uma vida.

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Na Parashá desta semana, Shoftim, entre outros assuntos, a Torá descreve uma situação na qual um corpo é encontrado em uma região não habitada, no caminho entre duas ou mais cidades, de forma que não é possível identificar o assassino e nem mesmo de onde aquela pessoa que foi morta estava vindo. A Torá então nos ensina que nesta situação deveria ser feito um ritual de expiação por aquele crime hediondo. Por não ser possível saber de onde o morto havia vindo, todas as cidades em volta eram medidas e a cidade mais próxima ao corpo assumia a "responsabilidade". Entre outros procedimentos, os anciãos desta cidade tinham que fazer uma declaração: "Nossas mãos não derramaram este sangue" (Devarim 21:7).

O Talmud (Sotá 45b) questiona a necessidade desta declaração. Por que justamente sobre os anciãos da cidade, as pessoas mais justas e corretas, recairia a suspeita de que eles haviam matado aquela pessoa? Qual é a lógica desta estranha declaração, que fazia parte obrigatória desta cerimônia descrita pela Torá?

O Talmud responde que em nenhum momento a Torá estava suspeitando que os anciãos houvessem cometido o assassinato. Mas justamente por serem os maiores Tzadikim (Justos) da cidade, era esperado deles que tivessem recebido aquele homem e cumprido da maneira correta a Mitzvá de "Achnassat Orchim" (receber bem os convidados). Segundo o Talmud, a declaração dos anciãos de que "nossas mãos não derramaram este sangue" na verdade queria dizer que, se aquele homem tivesse passado pela cidade deles, certamente teria recebido os cuidados necessários e não teria saído sem provisões e sem o devido acompanhamento.

Destas palavras do Talmud fica implícito que se a vítima tivesse sido acompanhada e tivesse levado provisões, certamente não teria sido assassinada. Mas como o Talmud pode afirmar que se o homem tivesse sido acompanhado ele não teria morrido? A pergunta fica ainda mais difícil de acordo com o Rav Yehuda Loew (Praga, 1525 - 1609), mais conhecido como Maharal de Praga, que afirma que para cumprir a Mitzvá de "Levaia" (acompanhar o convidado no momento da despedida) não é necessário acompanhar o convidado até a cidade vizinha, basta acompanhá-lo por "4 Amót" (Amá é uma medida da Torá, que equivale a aproximadamente meio metro) fora de casa. Portanto, o que estes poucos passos acompanhando o convidado mudariam na segurança dele? Além disso, não há nenhuma menção na Halachá (Lei Judaica) de que a pessoa deveria estar armada quando acompanhava seu convidado no caminho. Portanto, como o simples ato de acompanhar o convidado poderia ter prevenido sua morte?

O Rambam (Maimônides) (Espanha, 1135 - Egito, 1204) aumenta ainda mais este questionamento ao afirmar que, dentre os vários componentes da Mitzvá de "Hachnassat Orchim", justamente a parte de acompanhar o convidado no momento da despedida é a mais importante. Como pode ser que acompanhar uma pessoa em parte do caminho pode ser mais importante do que lhe oferecer comida ou um lugar para descansar?

Explica o Rav Yohanan Zweig que a Torá está nos ensinando um fundamento muito importante em relação à psicologia do ser humano. Quando alguém está visitando uma cidade ou está perdido, geralmente está mais suscetível a ser atacado ou roubado do que alguém que é morador da cidade. A razão é que quando um ladrão escolhe sua vítima, normalmente ele busca certo perfil. O ladrão tem medo que sua vítima possa reagir, sacando uma arma ou simplesmente entrando em uma luta corporal para se proteger. Por isso, em geral os ladrões escolhem pessoas que aparentam estar mais vulneráveis e com menos iniciativa de se defender. Uma pessoa que não está familiarizada com o ambiente tende a projetar sua falta de confiança na maneira como se comporta, tornando-se assim uma vítima mais atrativa para o ladrão que, com seu "olho clínico", facilmente percebe esta fragilidade.

É neste sentido que acompanhar um convidado pode salvar a vida dele. Quando acompanhamos alguém que se sente estranho ao ambiente, mesmo que sejam apenas alguns poucos passos, estamos transmitindo nossa tristeza com sua partida e demonstrando que gostaríamos de estar com ele. Isto dá para a pessoa, em última instância, um forte sentimento de pertencer àquele local. A pessoa se sente fortemente conectada ao lugar de onde ela está saindo e, por isso, caminha com um ar de confiança, o que pode afastar potenciais ladrões de quererem atacá-lo. Em contraste, mesmo que a pessoa dê ao visitante comida, bebida e um lugar para dormir, se ela não o acompanha ao menos por alguns passos no momento em que ele está deixando a cidade, o visitante se sente desconectado e emocionalmente fraco. Isto acabará se refletindo em atitudes que projetam a sua falta de confiança, resultando em uma maior propensão de ser atacado por algum bandido que está escondido nas sombras, à espera de uma vítima.

Atualmente, educadores e psicólogos têm discutido muito a ameaça do "bullying" e suas consequências negativas no desenvolvimento saudável de uma criança. Mas os efeitos psicológicos dos nossos atos sobre a autoestima de outras pessoas já foram ensinados há mais de 3 mil anos pela Torá. E esta é justamente a lição da Parashá: através de pequenas atitudes em relação às outras pessoas podemos influenciar de maneira muito marcante a vida delas, de forma positiva ou negativa. Precisamos aproveitar este potencial que temos, de através de pequenos atos dar aos outros mais confiança e autoestima. Um elogio ou uma demonstração de se importar com o próximo podem mudar o rumo de uma vida. Com estas pequenas atitudes, podemos estar trazendo muita vida para o mundo sem nem mesmo perceber.

SHABAT SHALOM

Rav Efraim Birbojm

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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ REÊ 5774

BS"D

QUEM AJUDA QUEM? - PARASHÁ REÊ 5774 (22 de agosto de 2014)

"O Raban Yohanan ben Zakai, um dos maiores sábios da época do 2º Templo, era uma pessoa muito elevada espiritualmente. Certa vez ele viu em um sonho que seus sobrinhos, filhos de sua irmã, perderiam naquele ano setecentos dinarim (moeda da época), uma enorme quantia de dinheiro. Sem contar nada a eles sobre o sonho, Raban Yohanan forçou-os a dar-lhe aquela quantia de 700 dinarim para que ele distribuísse entre os pobres e necessitados. Mas seus sobrinhos, apesar de serem homens de negócio muito ricos, não deram o valor completo e deixaram faltando 17 dinarim.

Na véspera de Yom Kipur, oficiais do governo chegaram para prender os sobrinhos do Raban Yohanan ben Zakai. Eles foram falsamente acusados de sonegação de impostos e mandados para a prisão. O Raban Yohanan foi visitá-los e os tranquilizou, dizendo que quando pegassem deles os 17 dinarim que faltavam, eles seriam soltos e não perderiam mais nenhum centavo. Os sobrinhos questionaram como ele sabia daquilo, e o Raban Yohanan ben Zakai esclareceu:

- Eu já havia sido informado em um sonho do decreto que vocês perderiam 700 dinarim neste ano.

- Então por que você não nos disse nada? - questionaram os sobrinhos - Certamente se nós soubéssemos, teríamos dado os 700 dinarim completos e teríamos evitado estes problemas!

- Eu queria que vocês cumprissem a Mitzvá de Tsedaká de forma sincera, apenas pelo ato de fazer bondade, e não com segundas intenções. Se eu tivesse contado o sonho, vocês teriam me dado o dinheiro apenas para poupar sofrimentos, não para ajudar os pobres. (História Real, Talmud Baba Batra 10a).

Mesmo as perdas financeiras e os sofrimentos que elas envolvem podem ser transformados em méritos se utilizamos nosso dinheiro para dar Tzedaká.

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A Parashá desta semana, Reê, traz diversos assuntos distintos, como o cuidado com falsos profetas, as leis de Kashrut e as Festas judaicas. Outro assunto trazido pela Parashá é a importância de sermos misericordiosos com os pobres, como está escrito: "Se houver um pobre entre vocês, qualquer um de seus irmãos em qualquer uma das suas cidades... você não deve endurecer seu coração e nem fechar sua mão para seu irmão pobre" (Devarim 15:7). A Torá nos ensina a sermos generosos e darmos Tzedaká (caridade) a todos aqueles que estão em dificuldade.

Quando uma pessoa rica ajuda um pobre, aparentemente é o pobre quem está recebendo algo. Mas nossos sábios ensinam que isto não é verdade. O Talmud (Baba Batra 10a) conta que certa vez um malvado romano chamado Turnus Rufus questionou de forma irônica o grande sábio Rabi Akiva. Ele perguntou: "Se o seu D'us gosta tanto dos pobres, por que Ele não os sustenta?". Rabi Akiva não se abalou com o questionamento e respondeu: "Para nos salvar dos sofrimentos do Guehinom (local de expiação espiritual que as almas passam depois do falecimento)". O Rabi Akiva, em sua resposta, nos ensina algo fantástico: pensamos que é o rico que ajuda o pobre, mas na verdade é o pobre que ajuda o rico.

O mesmo conceito aprendemos da história de Ruth, a moabita que se converteu ao judaísmo e se tornou uma grande Tzadeket (Justa) dentro do povo judeu, meritando ser a bisavó de David HaMelech (Rei David). Ela era da realeza de Moav, um povo idólatra, e abandonou todo o conforto da casa de seus pais para seguir o caminho de D'us. Ela foi para Israel com sua sogra, Naomi, em estado de pobreza total, sem ter nem mesmo o que comer. Ela então foi buscar trigo nos campos de um homem piedoso chamado Boaz, que cumpria a Halachá (lei judaica) de deixar parte da colheita para os pobres recolherem. Quando Ruth voltou para casa com uma enorme quantidade de trigo e sua sogra perguntou onde ela havia conseguido tanta fartura, ela respondeu: "O nome do homem para quem eu trabalhei hoje é Boaz" (Ruth 2:19). Mas o que significam estas palavras de Ruth? Ela havia feito algo por Boaz, o dono do campo? Havia trabalhado para ele? Responde o Midrash (Ruth Rabá) que daqui aprendemos que mais do que o rico faz pelo pobre, o pobre faz pelo rico. Está escrito que Ruth "trabalhou" para Boaz, pois ela deu a Boaz a possibilidade de receber méritos por sua bondade com os pobres.

Normalmente imaginamos que a expressão "mais do que o rico faz pelo pobre, o pobre faz pelo rico" se refere apenas ao Mundo Vindouro, e que a única contribuição que o pobre dá ao rico é o mérito que ele recebe por ter cumprido a Mitzvá de Tzedaká, como ressaltou o Rabi Akiva quando afirmou que aquele que dá Tsedaká se salva de sofrimentos espirituais que virão depois da morte. Mas aprendemos da história do Raban Yohanan ben Zakai e seus sobrinhos que também nesta vida o rico recebe mais do que o pobre. Quando uma pessoa dá Tzedaká, ela pensa que está fazendo um favor ao pobre com seu dinheiro. Mas a verdade é que quem nos dá todo o dinheiro que temos é D'us, e parte do que Ele nos dá não é para nosso uso, e sim para dividirmos com os pobres. Se não usamos o dinheiro para Tzedaká, como era a vontade de D'us, então Ele utiliza seus enviados para pegar de volta este dinheiro. E como ensinam nossos sábios, "muitos são os enviados de D'us", isto é, D'us controla o mundo inteiro e facilmente pode tirar de uma pessoa um dinheiro que não pertence a ela.

Portanto, é isto que nossos sábios querem transmitir quando afirmam que o bem que o pobre faz ao rico é maior do que o bem que o rico faz ao pobre, pois o dinheiro que o rico dá já pertence ao pobre, e quando o pobre recebe este dinheiro, automaticamente faz com que o rico fique protegido de sofrimentos e dificuldades terríveis, como afirmou o mais sábio de todos os homens, Shlomo HaMelech (Rei Salomão): "A Tzedaká salva da morte" (Mishlei - Provérbios 10:2).

Mas ainda fica um grande questionamento sobre este ensinamento dos nossos sábios. Vimos que na verdade quem ganha no final das contas é aquele que dá ao pobre. Então por que o pobre precisa sofrer tanto, e passar por necessidades, fome e sede, se os méritos vão para o rico?

Responde o Rav Eliahu Dessler (Latvia, 1892 - Israel, 1953), em seu livro Michtav MeEliahu, algo incrível, que muda completamente nossa perspectiva de como devemos enxergar as dificuldades que temos na vida. Ele afirma que vale a pena para o ser humano viver uma vida de privações e pobreza, até mesmo com dores e doenças, desde que saia disso algo bom para os outros. A pessoa com necessidades normalmente causa com que pessoas precisem ajudá-lo, e assim acabem recebendo méritos para toda a eternidade por causa dele. Portanto, o necessitado também acaba recebendo méritos pelas bondades que causou aos outros.

Aprendemos então que aquele que deixa de ajudar um pobre acaba cometendo três transgressões. A primeira transgressão é que ele perde para sempre a alegria eterna que receberia no Mundo Vindouro pelo cumprimento da Mitzvá de Tzedaká. A segunda transgressão é que a pessoa tentou segurar em seu poder um dinheiro que não era seu. A parte do dinheiro que foi mandada para que a pessoa utilize como Tzedaká, caso não seja utilizada para este fim, também não fica nas mãos dela e acabará se perdendo de outra maneira. E a terceira transgressão é causar um sofrimento em dobro ao pobre. O primeiro sofrimento é que a pessoa poderia ter minimizado as necessidades do pobre com sua Tzedaká, mas ao não ajudá-lo, causou com que o sofrimento dele se prolongue por mais tempo. Além disso, a pessoa que não ajuda o pobre faz com que o sofrimento do pobre tenha sido "em vão", pois o rico não permitiu que o motivo verdadeiro do sofrimento do pobre, isto é, dar ao rico a possibilidade de fazer bondade, se cumpra.

Normalmente aquele que dá dinheiro a um pobre sente que o pobre agora tem uma dívida de gratidão com ele. Mas de acordo com o que nossos sábios ensinaram é justamente o contrário, é aquele que ajuda o pobre que deve se sentir endividado e precisa agradecer pela oportunidade que o pobre lhe ofereceu. Portanto, na próxima vez em que você der uma Tzedaká, agradeça a quem está recebendo, pois na verdade é ele quem está lhe ajudando, neste mundo e no Mundo Vindouro.

SHABAT SHALOM

R' Efraim Birbojm

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sexta-feira, 15 de agosto de 2014

SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ EKEV 5774

BS"D

BOAS INTENÇÕES E MAUS ATOS - PARASHÁ EKEV 5774 (15 de agosto de 2014)


Apenas três dias antes da libertação do Campo de Concentração de Dachau, as tropas nazistas da SS, vendo o rápido avanço dos aliados, levaram cerca de 7.000 prisioneiros, em sua maioria judeus, em uma marcha em direção ao sul, para a cidade de Tegernsee. Durante a caminhada, que durou seis dias, aqueles que não conseguiram manter o ritmo foram executados a tiros, e muitos outros morreram de fome, exposição às condições climáticas extremas ou exaustão. Esta caminhada ficou conhecida como "a marcha da morte". As forças aliadas libertaram o Campo de Concentração de Dachau em 29 de abril de 1945. No início de maio daquele mesmo ano, tropas norte-americanas libertaram os prisioneiros sobreviventes da marcha da morte.

Abraham Lewent, um judeu polonês, foi um dos sobreviventes da marcha da morte e relatou ao mundo os horrores da guerra e a crueldade dos nazistas. Para ele, um episódio que nunca saiu de sua memória foi quando os prisioneiros foram libertados pelos soldados americanos. Abraham Lewent estava deitado, junto com uma centena de pessoas, muitas mortas de fome e de frio. Os soldados americanos colocaram os sobreviventes em jipes e os levaram para hospitais ou prontos-socorros improvisados. Na ânsia de ajudar, vendo os judeus em estado lastimável, eles distribuíram generosamente água e pacotes de comida. Abraham Lewent conta que, quando recebeu seu pacote de comida, um rapaz judeu que estava perto, que era médico, apesar de estar quase morto, gritou:

- Não coma nada! Se você comer qualquer coisa você vai morrer. A única coisa você deve fazer é pegar um pouco de açúcar, colocar na boca e chupar. Jogue o resto fora. E se você quiser guardar, tudo bem, mas não coma nada. Não coloque o leite na boca, não morda o chocolate e não coma a carne!

Aquele rapaz realmente estava certo. O que parecia um ato de bondade e caridade do exército americano transformou-se em uma terrível tragédia. Os judeus, após anos sem comer uma refeição, começaram a desesperadamente comer tudo o que havia naqueles pacotes de comida. Estavam com tanta fome que nem se preocuparam com as consequências. Infelizmente, o mesmo fenômeno se repetiu na libertação de vários Campos de Concentração, causando a morte de milhares de judeus por colapso do estômago ou diarreia, porque seus estômagos não estavam mais acostumados com comida".

Não é suficiente apenas termos boas intenções na vida. Precisamos sempre checar se nossos aparentes bons atos não estão trazendo danos ou consequências negativas, para outras pessoas e para nós mesmos.

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Nesta semana lemos a Parashá Ekev, que começa listando uma série de Brachót (bênçãos) que recaem sobre nós quando cuidamos do cumprimento das Mitzvót. E no final da Parashá novamente D'us condiciona o sucesso da conquista da terra de Israel ao cuidado com as Mitzvót, como está escrito: "E se vocês cuidarem de toda esta Mitzvá que Eu comando para vocês, e a cumprirem, e amarem a Hashem, teu D'us, e andarem em todos os Seus caminhos, e se apegarem a Ele, então Hashem expulsará todas estas nações diante de vocês" (Devarim 11:22,23). Mas o que significa "andar nos caminhos de D'us"? Explica Rashi (França, 1040 - 1105), comentarista da Torá, que da mesma forma que Ele é misericordioso, nós também devemos ser misericordiosos. Da mesma forma que Ele faz bondades, nós também devemos fazer bondades. Quando nos comportamos como D'us, estamos andando nos caminhos Dele.

Ao escutar a explicação de Rashi, pode parecer que é fácil andar nos caminhos de D'us. Mas explica o Rav Yaacov Naiman, em seu livro Darkei Mussar, que não é tão simples assim. Muitas vezes a pessoa pode fazer um ato pensando que está fazendo uma Mitzvá, mas na verdade está fazendo uma grande transgressão. Por exemplo, quando alguém faz uma Mitzvá e, por causa deste ato, acaba causando um dano ou um sofrimento ao seu companheiro, isto é chamado de "Mitzvá Habá BeAveirá" (Mitzvá que vem através de uma transgressão". Quando fazemos uma Mitzvá, nossa intenção é agradar a D'us, quem nos comandou fazer aquele ato. E certamente cumprir uma Mitzvá que causa danos ou sofrimentos aos outros não agrada a D'us. Porém, na maioria das vezes, fazemos isto sem perceber e sem nenhuma intenção de causar dano aos outros. Será que mesmo assim é grave transgredir por desconhecimento?

A resposta está na Parashá da semana passada, Vaetchanan. Há na Parashá um versículo que fala sobre a importância de cumprir as Mitzvót da Torá: "E cuidem e cumpram, pois ela é sua sabedoria e seu entendimento aos olhos dos povos... E dirão (os outros povos): certamente um povo sábio e entendido é esta grande nação" (Devarim 4:6). Rashi conecta este versículo com outro versículo escrito um pouco depois: "Somente cuide muito para você, e cuide muito para sua alma, para que você não se esqueça" (Devarim 4:9). Rashi explica que quando cumprirmos a Torá da maneira correta, com todos os seus detalhes, então todos os povos nos considerarão uma nação de pessoas sábias e entendidas. Mas se não a cumprirmos e nos desviarmos por esquecer das Mitzvót, então os outros povos nos considerarão tolos.

Porém, desta explicação de Rashi fica uma grande pergunta: uma pessoa que se esquece das Mitzvót e se desvia dos caminhos corretos pode chegar a fazer atos terríveis. Então por que Rashi diz que esta pessoa será um tolo? Não seria mais correto dizer que ela será um Rashá (malvado)?

Explicam os nossos sábios que quando alguém faz um ato errado, mas com intenções puras e pensando em cumprir a vontade de D'us, mesmo que as circunstâncias não sejam corretas, neste caso a pessoa não é chamada de Rashá, e sim de tolo. Rashá é aquele que faz um mau ato intencionalmente, com consciência do seu erro, enquanto o tolo é aquele que faz o mau ato de forma inconsciente, achando que está fazendo a coisa certa. Ele é chamado de tolo pois seus atos não são bem recebidos por D'us, apesar do esforço e das suas boas intenções.

Obviamente que fazer maus atos de forma intencional e consciente é algo muito grave e desprezível aos olhos de D'us. Porém, de certa maneira, pode ser até pior ser um tolo do que um Rashá. O Rashá sabe que transgrediu, tem consciência de que fez algo incorreto, e por isso pode conseguir se arrepender e corrigir seu erro. Mas o tolo nem mesmo sabe que errou, e por isso não conseguirá consertar seus erros.

Pensamos que isto pode ocorrer apenas com pessoas pequenas, mas a Torá nos ensina que até mesmo gigantes espirituais cometeram erros graves sem intenção. Um dos exemplos mais marcantes ocorreu com Shaul HaMelech (Rei Shaul), que recebeu de D'us uma importante missão: destruir o povo de Amalek, o povo que representa o mal no mundo. Mas infelizmente Shaul HaMelech não cumpriu a ordem de D'us. Ele teve misericórdia do rei de Amalek, Agag, e o manteve vivo. Este erro de Shaul HaMelech, além de ter sido uma grave transgressão, teve consequências trágicas ao povo judeu. Haman, o Rashá que decretou o extermínio do povo judeu durante o exílio da Babilônia, era descendente do rei Agag. Se não fosse pela intervenção miraculosa de D'us, o povo judeu inteiro poderia ter sido destruído por ele.

Porém, o mais incrível é que Shaul HaMelech, o primeiro rei da história do povo judeu, um homem completamente puro e justo, não percebeu que errou. Quando ele voltou da guerra e se encontrou com Eliahu Hanavi, o profeta naquela época, suas primeiras palavras foram: "Bendito seja você para D'us. Eu cumpri as palavras de D'us" (Shmuel I 15:13). Eliahu Hanavi respondeu com uma forte repreensão: "Por você ter rejeitado a palavra de D'us, Ele rejeitou você como rei" (Shmuel I 15:23). Por este grave erro, Shaul Hamelech perdeu o reinado. Mas ele não estava sendo hipócrita ou falso quando disse que havia cumprido a vontade de D'us. Ele realmente achava que havia feito o que era correto, apesar de ter mudado o que D'us havia explicitamente pedido.

Devemos tomar muito cuidado com os nossos atos, e mesmo quando estamos cumprindo Mitzvót, não esquecer de olhar em volta, nunca esquecer de "andar nos caminhos de D'us", para ter certeza de que neste momento não estamos pisando em ninguém. Pois mesmo sem intenção, se ao fazermos uma Mitzvá acabamos prejudicando outra pessoa, certamente não era isso o que D'us gostaria e, portanto, este ato não será recebido por Ele. Além disso, é importante sempre estudar e conhecer bem as Mitzvót, pois aprendemos que a ignorância não nos isenta das consequências dos nossos atos. Somente assim, conhecendo profundamente a Torá e se preocupando de verdade com as pessoas, conseguiremos alegrar D'us e todos os que estão em volta de nós.

SHABAT SHALOM

Rav Efraim Birbojm

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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ VEETCHANAN 5774

BS"D

CUIDADOS COM O PRÓXIMO - PARASHÁ VEETCHANAN 5774 (08 de agosto de 2014)

"Certa vez um "Shochet" (açougueiro judeu, que faz o abate de acordo com as leis de Kashrut) procurou o Rav Chaim Soloveitchik (Bielorússia, 1853 - 1918), um grande sábio de Torá, pois estava com dúvidas em relação ao abate de um animal e queria que o rabino decidisse se, de acordo com a Halachá (Lei judaica), a carne estava permitida ao consumo. Após analisar bem o caso, o rabino chegou à conclusão de que o animal não estava Kasher. O parecer do Rav Chaim Soloveitchik causou um enorme prejuízo ao Shochet, mas ele aceitou com serenidade a decisão do rabino e não se queixou de sua enorme perda.

Poucos meses depois, o mesmo Shochet se envolveu em uma disputa monetária com outro judeu e ambos foram procurar o Rav Chaim Soloveitchik para escutar seu parecer. O rabino escutou os dois lados com atenção e deu um veredicto desfavorável ao Shochet. Apesar da quantia em questão ser bem menor do que o prejuízo anterior, desta vez o Shochet ficou furioso, chegando até mesmo a insultar o rabino.

Uma pessoa que havia presenciado os dois casos estranhou o fato de o Shochet ter ficado tranquilo da primeira vez, quando houve um enorme prejuízo, mas ter perdido a cabeça da segunda vez, quando havia muito menos dinheiro envolvido. O Rav Chaim Soloveitchik explicou:

- É muito simples. Desta vez ele "perdeu" o julgamento para alguém. O que incomodou não foi a perda financeira, mas o fato dele ter sido "derrotado" por outra pessoa" (História Real).

É interessante perceber o quanto é difícil a área dos relacionamentos humanos. É muito fácil tropeçar em transgressões que envolvem outras pessoas, e por isso temos que tomar muito cuidado.

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Na Parashá desta semana, Veetchanan, os 10 Mandamentos entregues por D'us ao povo judeu no Monte Sinai são novamente repetidos. Nossos sábios explicam que D'us entregou os 10 Mandamentos em duas tábuas para separá-los em categorias. Em uma das tábuas D'us colocou os Mandamentos que são "Bein Adam LaMakom" (entre o ser humano e D'us), como não fazer idolatria e cumprir o Shabat, e na outra tábua Ele colocou os Mandamentos que são "Bein Adam Lehaveiró" (entre o ser humano e seu companheiro), como não matar, não roubar e não cobiçar.

A Torá descreve que as duas tábuas, quadradas, eram exatamente do mesmo tamanho. Porém, a escrita não era igual dos dois lados. Observando os versículos da Parashá nos quais os Mandamentos estão escritos, percebemos que os Mandamentos "Bein Adam LaMakom" são muito mais extensos, isto é, utilizam muito mais palavras do que os Mandamentos "Bein Adam Lehaveiró". Portanto, para preencher o espaço das tábuas, as letras utilizadas nos Mandamentos "Bein Adam Lehaveiró" precisavam ser muito maiores dos que as letras utilizadas nos Mandamentos "Bein Adam LaMakom".

Explica o Rav Moshé MiTrani (Grécia, 1505 - Israel, 1585), mais conhecido como Mabit, que D'us poderia ter enunciado os 10 Mandamentos da maneira que quisesse. Portanto, se Ele fez desta maneira, é porque intencionalmente queria nos transmitir alguma informação muito importante. Ao escrever as letras dos Mandamentos "Bein Adam LeHaveiró" maiores, D'us queria que estes Mandamentos ficassem mais destacados e fossem mais visíveis do que os Mandamentos "Bein Adam LaMakom". Mas por que esta diferença? As duas áreas não são igualmente importantes para chegarmos à perfeição? Então por que dar mais destaque aos Mandamentos "Bein Adam LeHaveiró"?

Responde o Mabit que certamente é muito importante estarmos sempre nos esforçando no nosso relacionamento com D'us, mas na área do relacionamento entre as pessoas temos um Yetser Hará (má inclinação) muito mais forte e, por isso, é necessário dar muito mais atenção às Mitzvót "Bein Adam LeHaveiró". Este conceito é reforçado por um ensinamento do Talmud (Baba Batra 165a), que afirma que "uma maioria tropeça nas transgressões de roubo, uma minoria tropeça nas transgressões de relações ilícitas, e todos tropeçam na transgressão de "Avak Lashon Hará" (literalmente "pó de Lashon Hará", uma forma mais sutil de fala difamatória)". Isto quer dizer que naturalmente as pessoas se cuidam mais das transgressões "Bein Adam LaMakom", como é o caso das relações ilícitas, mas não se cuidam das transgressões "Bein Adam LeHaveiró", como o roubo e o Lashon Hará. Mas por que isso acontece? Por que as pessoas estão mais propensas a tropeçar na área de "Bein Adam LeHaveiró" do que na área de "Bein Adam LaMakom"? Por que o Yetser Hará é tão forte na área dos relacionamentos humanos?

Uma possível resposta está baseada em um dos ensinamentos do Rabino Eliahu (Lituânia, 1720 - 1797), mais conhecido com Gaon MiVilna, que afirma que nossas Midót (traços de caráter) influenciam muito a nossa espiritualidade. Ele ensina que cada Mitzvá que fazemos deriva de um traço de caráter positivo, enquanto cada transgressão que fazemos deriva de um traço de caráter negativo. Isto não quer dizer que alguém que tem Midót negativas não consegue cumprir Mitzvót. Por exemplo, alguém com um mau temperamento, que estoura com facilidade, não necessariamente será prejudicado por seu traço de caráter negativo no cumprimento do Shabat, de Kashrut e de outras Mitzvót "Bein Adam LaMakom". Porém, os traços de caráter negativo certamente prejudicam de maneira expressiva na área de "Bein Adam LeHaveiró". A mesma pessoa com mau temperamento, quando perde a calma com outra pessoa e levanta a voz de forma inapropriada, provavelmente estará cometendo a transgressão de "Onaat Devarim" (machucar o próximo com palavras ofensivas). Se fizer isto na frente dos outros, estará ainda cometendo a gravíssima transgressão de envergonhar o próximo em público. Outro exemplo é a característica negativa de "Ain Raá" (focar o lado negativo das pessoas). Aquele que não se esforça para melhorar nesta característica tão negativa certamente poderá rezar três vezes por dia com fervor ou estudar Torá, mas provavelmente tropeçará na Mitzvá de julgar os outros favoravelmente. Isto quer dizer que, enquanto as Mitzvót "Bein Adam LaMakom" são pouco afetadas por algumas Midót ruins, as Mitzvót "Bein Adam Lehaveiró" são diretamente influenciadas e prejudicadas por elas.

Além disso, mesmo aqueles traços de caráter negativos que dificultam e prejudicam o cumprimento das Mitzvót "Bein Adam LaMakom" certamente também causam efeitos negativos nas Mitzvót "Bein Adam Lehaveiró". Por exemplo, uma pessoa preguiçosa pode perder várias oportunidades de cumprir Mitzvót "Bein Adam LaMakom". Por sua tendência de deixar tudo para depois, ela pode perder o horário das Tefilót (rezas), pode acabar se "esquecendo" de colocar o Tefilin e pode acabar desprezando muitas outras Mitzvót. Porém, este traço de caráter negativo também causa danos aos seus relacionamentos pessoais. A pessoa que é preguiçosa certamente falhará em cumprir suas obrigações domésticas, causando problemas em seus relacionamentos. Outro exemplo é a característica do desejo desenfreado, que normalmente causa problemas em Mitzvót "Bein Adam LaMakom", mas também compromete os relacionamentos humanos. Um marido que é excessivamente ligado à comida, por exemplo, pode se comportar de uma maneira inadequada com sua esposa caso ela lhe sirva alguma comida que não o agrade, ofendendo-a com palavras grosseiras e tropeçando na transgressão de "Onaat Devarim".

Isto nos ajuda a entender por que temos um Yetzer Hará tão forte em relação aos nossos relacionamentos com as outras pessoas. Os nossos traços de caráter negativos nos fazem tropeçar nestes tipos de transgressão, enquanto é quase natural tomarmos mais cuidado com as Mitzvót "Bein Adam LaMakom". Por exemplo, dificilmente encontraremos pessoas mais religiosas que desprezam o jejum de Yom Kipur ou a proibição de comer Chametz em Pessach. Porém, infelizmente acaba sendo comum ver estas mesmas pessoas tropeçarem em seus relacionamentos com o próximo. Por isso, precisamos de esforços e cuidados extras nas Mitzvót "Bein Adam LeHaveiró". E como a principal fonte destes tropeços são os nossos traços de caráter negativos, como o nervosismo, a inveja e a tendência de julgar os outros para o mal, precisamos nos concentrar em vencê-los.

Apesar de ser difícil, mudar traços de caráter negativos é possível. O Rav Shmuel Eliezer Halevi Eidels (Polônia, 1555 - 1632), mais conhecido como Maharsho, explica que a afirmação do Talmud de que "todos tropeçam na transgressão de Avak Lashon Hará", se refere apenas às pessoas que não se esforçam para melhorar nesta área. Porém, todo aquele que se esforça em melhorar seus traços de caráter, com esforço e constância, certamente conseguirá superar seu Yetzer Hará e se tornará uma pessoa verdadeiramente completa.

SHABAT SHALOM

Rav Efraim Birbojm

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sexta-feira, 1 de agosto de 2014

SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ DEVARIM E TISHÁ BE AV 5774

BS"D

AS PALAVRAS E O SILÊNCIO - PARASHÁ DEVARIM E TISHÁ BE AV 5774 (01 de agosto de 2014)


"Certa vez, um sultão sonhou que havia perdido todos os dentes. Logo que despertou, mandou chamar um adivinho para que interpretasse seu sonho. O adivinho, assustado, exclamou que aquele sonho significava uma grande desgraça, pois cada dente caído representava o sofrimento pela perda de um parente. O sultão ficou enfurecido, achando uma grande insolência daquele adivinho. Chamou os guardas e ordenou que lhe dessem cem chicotadas. Não contente com o que havia escutado, o sultão ordenou que fosse trazido outro adivinho e lhe contou sobre o sonho. Este, após ouvir o sultão com atenção, disse-lhe:

- Magnífico sonho, senhor. É o sinal de que uma grande felicidade está reservada para você. O sonho significa que você terá uma vida muito longa, mais longa do que todos os seus parentes.

A fisionomia do sultão iluminou-se num sorriso, e ele mandou dar cem moedas de ouro a este adivinho. Quando o adivinho saía do palácio, um dos guardas do sultão lhe disse, admirado:

- Não é possível! A interpretação que você fez foi exatamente a mesma do seu colega. Por que ao primeiro adivinho ele deu cem chicotadas, e a você ele deu cem moedas de ouro?

- Aprenda uma lição importante - respondeu o adivinho. Na vida não importa apenas o que dizemos, mas também como dizemos..."

Um dos grandes desafios do ser humano é aprender a arte de comunicar-se. Da comunicação depende, muitas vezes, a felicidade ou a desgraça, a paz ou a guerra.

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Nesta semana começamos o último livro da Torá, Devarim, também chamado de "Mishnê Torá" (repetição da Torá), pois o livro inteiro traz o discurso de despedida de Moshé antes de sua morte, no qual ele relembrou os principais acontecimentos dos 40 anos do povo judeu no deserto. E na Parashá da semana, Devarim, Moshé relembrou um dos momentos mais trágicos do povo judeu. No primeiro ano após a saída do Egito, o povo judeu já se aproximava de Israel e finalmente poderia entrar na terra sagrada que havia sido prometida a eles por D'us desde a época dos nossos patriarcas, Avraham, Yitzchak e Yaacov. Mas o povo, ao invés de confiar na palavra de D'us, decidiu enviar espiões para verificar se a terra era realmente boa. Dos 12 espiões enviados, 10 voltaram falando mal da terra e convenceram o povo de que era impossível conquistá-la. O povo chorou durante toda aquela noite, deixando D'us irritado com a falta de confiança. Conforme nos ensina o Talmud (Taanit 29a), D'us disse para o povo: "Vocês choraram sem motivo. Portanto, Eu fixarei esta noite como uma noite de choro para as futuras gerações". Esta noite era Tishá Be Av (dia 9 do mês judaico de Av), um dos dias mais tristes do ano, data na qual as palavras de D'us se cumpriram e várias tragédias atingiram o povo judeu em diferentes gerações, como a destruição dos nossos dois Templos Sagrados e a expulsão dos judeus da Espanha e de Portugal em 1492.

O erro dos espiões custou caro ao povo judeu. Toda aquela geração, cerca de 600 mil homens, recebeu o duro decreto de não entrar na Terra de Israel. O povo judeu teve que permanecer 40 anos no deserto, até que toda aquela geração morresse e uma nova geração pudesse entrar em Israel. Rashi (França, 1040 - 1105) nos conta que o castigo dos espiões foi ainda mais duro. Eles sofreram uma morte terrível e estranha: suas línguas se alongaram e chegaram até os seus umbigos, e vermes saíam de suas línguas e entraram em seus umbigos. Rashi explica que esta morte foi "Midá Keneged Midá" (medida por medida), pois o erro deles havia sido o mau uso da língua. Mas como a língua chegar até o umbigo refletia o erro cometido pelos espiões?

Tishá Be Av é um dia de luto nacional do povo judeu. Quando uma pessoa está enlutada, ela fica em silêncio. Inclusive, de acordo com a Halachá (Lei judaica), é proibido começar uma conversa com alguém que está enlutado. Devemos permanecer em silêncio na presença de um enlutado, deixando para ele a opção de vir conversar caso tenha vontade. Tishá Be Av também é um dia de silêncio, pois a fala teve uma participação muito grande no erro dos espiões e, consequentemente, na destruição dos dois Templos Sagrados. O silêncio de Tishá Be Av é parte do conserto do erro cuja raiz foi o mau uso da fala. Nossos sábios ressaltam a importância do silêncio: "Todos os meus dias eu cresci entre os sábios e não encontrei nada melhor para o corpo do que o silêncio" (Pirkei Avót 1:17). Mas por que a Mishná do Pirkei Avót descreve que o silêncio é bom especificamente ao corpo?

Há outro ensinamento interessante no Talmud em relação ao silêncio. O Talmud (Meguilá 18a) afirma: "Se a palavra vale uma moeda, o silêncio vale duas moedas". Mas o que o Talmud está acrescentado ao que já foi ensinado na Mishná de Pirkei Avót? Além disso, por que Talmud utiliza esta proporção de que o silêncio vale o dobro do que as palavras? Isto não contradiz o ensinamento do Pirkei Avót, que aparentemente descreve que os benefícios do silêncio são muitas vezes maiores do que os benefícios da fala?

Há ainda um questionamento sobre o poder da fala que está relacionado com a criação do ser humano, como está descrito: "E Ele (D'us) soprou em suas narinas a alma da vida, e o homem se tornou uma alma viva" (Bereshit 2:7). Unkelos, o sábio que traduziu a Torá para o aramaico, traduz "alma viva" como "alma falante", ressaltando que o poder da fala é o que diferencia o ser humano de todas as outras criaturas. Porém, várias fontes da Torá mencionam pessoas que tinham a capacidade de entender a língua dos animais. Isto significa que todas as criaturas também têm a capacidade de se comunicar. Portanto, o que é tão único e especial no poder da fala do ser humano?

Responde o Rav Yohanan Zweig que há duas fontes de onde se origina a fala do ser humano. A fala pode ser uma verbalização de um pensamento intelectual, ou uma reação visceral, instintiva, que reflete nossos desejos físicos e emoções. Todas as formas de vida têm a capacidade de transmitir suas necessidades e expressar seus desejos físicos através de sons, mas o ser humano é a única criatura capaz de conceber ideias e articular estes pensamentos através da fala.

Estas duas formas de expressão do ser humano estão constantemente em conflito entre si. É a mente do ser humano que controla sua fala, ou é o seu corpo? Esta luta fica mais evidente naqueles momentos em que o ser humano tem o impulso de reagir verbalmente, mas sua mente diz que antes de falar é necessário considerar as consequências de suas palavras. Portanto, o silêncio é um sinal de controle, em especial quando relacionado à forma de fala visceral e instintiva, quando o silêncio é um reflexo do controle do impulso físico. Quando a Mishná do Pirkei Avót diz que "não há nada melhor para o corpo do que o silêncio", está exaltando justamente este silêncio, que indica o controle dos impulsos físicos do corpo.

Frequentemente a fala é utilizada no lugar de ações físicas, sendo um dos principais exemplos disso o "Lashon Hará" (fala difamatória). Uma das provas de que a fala muitas vezes substitui os atos físicos está em uma das maldições trazidas na Torá: "Maldito aquele que golpeia seu companheiro secretamente" (Devarim 27:24). Rashi explica que esta maldição se refere àquele que faz Lashon Hará de seu companheiro. Apesar de o Lashon Hará ter uma natureza apenas verbal, acaba se tornando um canal sofisticado através do qual o difamador pode golpear sua vítima. E como o Lashon Hará reflete a falta de controle da pessoa sobre o seu corpo, o castigo que ela recebia era a Tzaráat, uma doença que atacava o transgressor com manchas no corpo.

Foi exatamente esta a mensagem que D'us quis transmitir com a forma através da qual os espiões morreram. Quando queremos expressar uma reação instintiva, utilizamos a palavra "viceral", cuja raiz é "víceras", os nossos órgãos internos mais moles, em especial aqueles contidos na cavidade abdominal. A língua dos espiões chegando até o umbigo e os vermes saindo da boca e entrando no umbigo são uma alusão à forma de fala pelas quais eles eram culpados: a fala que sai do estômago, não da cabeça.

O Talmud (Sanhedrin 39a) descreve o ser humano como sendo uma fusão de duas entidades: a mente e o corpo. Uma pessoa cujo corpo reage de uma maneira espontânea, sem limites, é considerada como se tivesse apenas uma única entidade, pois nestas circunstâncias a mente não traz muito benefício para ela. Mas se a mente da pessoa consegue controlar seu corpo, então este é um indivíduo verdadeiramente composto pelas duas entidades. É este o ensinamento transmitido pela Mishná quando exalta o silêncio. "A palavra vale uma moeda" se refere a uma pessoa cujo corpo controla sua fala e, portanto, é como se fosse uma única entidade, enquanto "o silêncio vale duas moedas" se refere ao silêncio que reflete o domínio da mente sobre o corpo, como se fossem duas entidades.

Na próxima 2a feira de noite (4 de agosto) será Tishá Be Av. É um dia de tristeza, mas também é um dia de muita reflexão. Que erros estamos cometendo que nos fazem continuar neste exílio tão longo e sofrido? Quais são as transgressões que nos fazem ter que sofrer acusações antissemitas de todas as partes do mundo, simplesmente quando tentamos nos defender de ataques terroristas? Certamente, se fizermos uma análise verdadeira e autocrítica, perceberemos como o Lashon Hará é parte integrante de nossas vidas. Não estudamos o suficiente para conhecer todas as leis relacionadas com a fala, não nos esforçamos o suficiente para controlar nosso instinto quando temos vontade de falar algo proibido, e infelizmente não nos preocupamos com as consequências, físicas e espirituais, do mau uso da nossa fala.

Que neste Tishá Be Av possamos despertar e consertar nossos erros, em especial o Lashon Hará, para que neste ano seja, se D'us quiser, o nosso último Tishá Be Av de choro e tristeza.

"Uma pessoa sábia reflete antes de falar; uma pessoa tola fala, e então reflete sobre aquilo que disse"

SHABAT SHALOM

R' Efraim Birbojm

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sexta-feira, 25 de julho de 2014

SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ MASSEI 5774

BS"D

O VALOR DE UMA VIDA - PARASHÁ MASSEI 5774 (25 de julho de 2014)


"Alguns anos atrás, cerca de 600 pessoas formadas em advocacia prestavam um exame na Califórnia para demonstrar que estavam aptas a exercer sua profissão. Algum tempo após o início da prova, um dos participantes, um homem com cerca de 50 anos, deu um grito e caiu desmaiado. Os médicos foram chamados, mas enquanto não chegavam, duas pessoas que conheciam as técnicas de primeiros socorros, ao constatarem que o homem havia sofrido uma parada cardíaca, imediatamente começaram a administrar os procedimentos de reanimação cardiorrespiratória.

Quando os médicos chegaram, imediatamente assumiram o caso, permitindo que as duas pessoas voltassem aos seus exames. Porém, com toda aquela situação, eles haviam perdido quase 40 minutos de prova, o que certamente faria uma grande diferença no resultado final. Eles então pediram ao supervisor a permissão de permanecerem fazendo a prova por mais 40 minutos depois que todos terminassem, mas o pedido foi veementemente negado. Sentindo-se prejudicados, os dois levaram o caso a instâncias superiores, para tentar ganhar a chance de fazer uma nova prova, mas o responsável geral pelo exame apoiou a decisão do supervisor. Quando questionado sobre as razões de sua decisão, ele explicou:

- Se estes dois homens um dia querem se tornar advogados, eles precisam aprender esta importante lição sobre prioridades na vida" (História Real).

Infelizmente não é apenas este responsável geral pelo exame de advocacia que não sabe quais são as verdadeiras prioridades. Todo aquele que coloca, através de atitudes irresponsáveis, a vida dos outros em perigo, certamente perdeu os parâmetros corretos e tornou-se um insensível.

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Nesta semana terminamos o 4º livro da Torá, Bamidbar. E a Parashá da semana, Massei, descreve as dezenas de viagens que o povo judeu fez durante os 40 anos em que permaneceu no deserto. Outro assunto trazido pela Parashá é a punição para um assassinato não intencional. Neste caso, o assassino não recebia pena de morte, pois não havia a intenção de matar, mas também não ficava livre. Ele precisava ir para o exílio, em um local chamado "Ir Miklat" (cidade de refúgio), e permanecia lá até a morte do Cohen Gadol (Sumo Sacerdote). E o que o prendia à cidade de refúgio? Por causa do assassinato, um parente próximo do falecido, chamado de "Goel HaDam" (vingador de sangue), poderia matá-lo sem a necessidade de um julgamento, sendo a cidade de refúgio o único lugar seguro para o assassino não intencional, pois lá dentro ele não podia ser tocado. E a Torá nos ensina mais alguns detalhes, como quantas cidades de refúgio deveriam ser construídas e onde elas deveriam se localizar: "E as cidades que vocês devem designar, deve haver 6 cidades de refúgio para vocês. 3 cidades vocês designarão  do outro lado do Jordão, e 3 cidades vocês devem designar na Terra de Knaan (Israel); elas devem ser cidades de refúgio" (Bamidbar 35:13,14). O Talmud (Makót 9b) acrescenta um detalhe interessante: apenas quando as 6 cidades estivessem construídas é que realmente elas começariam a funcionar como cidades de refúgio para abrigar e proteger os assassinos não intencionais.
 
Porém, o Talmud traz outra informação que parece ser contraditória com esta afirmação. Moshé, apesar de saber que as últimas 3 cidades seriam construídas somente após a conquista da terra de Israel, o que ocorreu 14 anos depois da sua morte, ele insistiu em construir em vida as 3 cidades que ficavam fora de Israel. O Talmud inclusive utiliza esta atitude de Moshé como um modelo de como devemos ser ágeis no cumprimento das Mitzvót que aparecem diante de nós. Mas será que este é realmente um bom exemplo de agilidade no cumprimento das Mitzvót? Em geral, a agilidade somente faz sentido quando a utilizamos para cumprir uma Mitzvá imediatamente, ao invés de deixá-la para depois. Porém, qual era a vantagem desta agilidade no caso de Moshé, se ele sabia que as cidades de refúgio construídas por ele não seriam utilizadas até que todas as cidades estivessem prontas, isto é, a Mitzvá ainda não estaria completa?

Além disso, há outro detalhe que nos chama a atenção nas cidades de refúgio. Fora de Israel permaneceram apenas as tribos de Reuven, Gad e metade da tribo de Menashe, enquanto as outras 9 tribos e meia se estabeleceram em Israel. Então por que esta proporção tão desequilibrada de cidades de refúgio, sendo 3 cidades servindo apenas 2 tribos e meia, enquanto as outras 3 cidades serviam as outras 9 tribos e meia restantes? Elas não deveriam ter sido distribuídas de forma mais proporcional?

Responde o Talmud que fora de Israel, apesar de haverem menos tribos, eram necessárias proporcionalmente mais cidades de refúgio, pois lá os assassinatos eram mais frequentes. Isto significa que as pessoas que viviam fora de Israel tinham um nível espiritual mais baixo, e por isso os crimes eram mais frequentes. Porém, esta resposta do Talmud não é suficiente para entendermos o motivo pelo qual havia mais cidades de refúgio, pois somente iam para lá as pessoas que haviam matado acidentalmente, não os assassinos intencionais. Como o fato de ocorrem mais crimes intencionais influenciava no número de crimes não intencionais?

Para entendermos, precisamos refletir sobre o que significa matar uma pessoa "sem intenção". Explica o Rambam (Maimônides) (Espanha, 1135 - Egito, 1204) que existe uma diferença entre uma morte que envolveu uma situação de "Ones" (força maior) e uma morte que envolveu uma situação de "Shogueg" (ato sem intenção). O "Ones" é quando algo acontece sem nenhuma previsibilidade e, portanto, sem o menor grau de negligência, enquanto o "Shogueg" é quando há certo grau de previsibilidade e, portanto, implica em certo grau de negligência. Se um assassinato fosse resultado de um "Ones", aquele que causou a morte estava isento de qualquer responsabilidade e não precisava ir para a cidade de refúgio. Mas o assassinato que era resultado de algum nível de negligência, apesar de não haver intenção, trazia para o assassino uma parcela de culpa e o obrigava a ir para a cidade de refúgio como forma de expiar o erro.

Portanto, o caso de assassinato não intencional descrito pela Torá envolve certa negligência. Além disso, o ser humano é fortemente influenciado pelo ambiente onde vive. Isto quer dizer que em um lugar onde há uma alta incidência de assassinatos, a população perde a sensibilidade do verdadeiro valor e santidade da vida. A consequência é que neste lugar as pessoas ficam mais propensas a se descuidarem e praticarem atos que apresentem riscos à vida alheia. É o caso, por exemplo, de pessoas que bebem e depois dirigem, colocando de forma irresponsável não apenas suas vidas em risco, mas também as vidas de todas as pessoas em volta. A necessidade de mais cidades de refúgio do lado de fora de Israel era consequência da maior frequência de assassinatos, que refletia na falta de sensibilidade das pessoas em relação à santidade da vida e causava mais situações de morte acidental.

Com isto entendemos também a agilidade de Moshé Rabeinu em construir imediatamente as 3 cidades que ficavam fora de Israel. As cidades de refúgio tinham, na realidade, duas funções distintas. A primeira função era ser um abrigo seguro para aquele que cometeu o assassinato não intencional. Mas existia ainda uma segunda função, que era criar no povo judeu um grau maior de consciência em relação à santidade da vida humana. Embora a primeira função das cidades de refúgio somente se efetivou depois da conquista de Israel, a segunda função já teve um efeito imediato. A simples presença das cidades de refúgio, mesmo que ainda não eram efetivas, serviam como uma mensagem de que as pessoas deveriam ser mais cuidadosas com seus atos, ensinando-as a dar valor à vida alheia.

A conclusão é que devemos sempre refletir muito antes de tomar qualquer atitude, principalmente quando entramos em situações que possam trazer riscos para outras pessoas. Por exemplo, às vezes saímos atrasados de casa e, para chegarmos ao trabalho na hora certa, passamos os limites de velocidade. Nossa preocupação normalmente é apenas com a possível multa que podemos receber. Mas a verdade é que a principal preocupação deveria ser com a vida dos outros. Uma criança que pode atravessar a rua sem olhar, ou um motorista na nossa frente que pode fazer uma manobra imprudente, são motivos para sermos sempre cuidadosos quando estamos atrás do volante. Alguns minutos de atraso não justificam colocar a vida dos outros em perigo. E o mesmo se aplica a qualquer situação no nosso cotidiano que possa causar risco à vida dos outros. Se formos mais sensíveis e tivermos mais claro qual é o verdadeiro valor de uma vida, certamente seremos muito mais cuidadosos e responsáveis pelos nossos atos.

SHABAT SHALOM

Rav Efraim Birbojm

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