quinta-feira, 24 de junho de 2010

SHABAT SHALOM MAIL - PARASHÁ BALAK 5770

BS"D
 
ABRINDOS AS PORTAS TRANCADAS - PARASHÁ BALAK 5770 (25 de junho de 2010)
 
"Harry Houdini, um dos maiores mágicos de todos os tempos, tinha uma habilidade especial: ele conseguia escapar de qualquer cela trancada em, no máximo, 60 minutos, com as condições de que o deixassem entrar na cela com suas roupas normais e que ninguém ficasse observando seu trabalho para escapar.
 
Os moradores de uma pequena cidade britânica decidiram então desafiar o grande Houdini. Eles anunciaram que tinham acabado de desenvolver uma cela à prova de fuga e convidaram Houdini para testá-la. O desafio foi imediatamente aceito. No dia marcado, deixaram-no entrar na cela com suas roupas normais. Uma pessoa fechou a porta da cela, girou a chave de uma maneira estranha e todos se afastaram para deixar Houdini trabalhar sozinho.
 
O segredo de Houdini é que ele escondia uma barra de aço longa e flexível no seu cinto e utilizava-a para abrir as trancas das celas de onde escapava. Assim que as pessoas se afastaram, ele retirou a barra e trabalhou por 30 minutos, com seu ouvido muito próximo da tranca, mas nada acontecia. 45 minutos se passaram, depois uma hora, ele transpirava muito mas não conseguia abrir a tranca. Parecia realmente à prova de fuga, era impossível abrir aquela cela! Depois de duas horas trabalhando incessantemente ele caiu, exausto, apoiado na porta da cela. Para sua surpresa, a porta se abriu. Eles não haviam trancado a porta! Este era o truque para enganar o mais famoso artista das grandes fugas.
 
Houdini aprendeu naquele dia uma das lições mais importantes de sua vida: ele podia escapar de qualquer cela e abrir qualquer porta. A única porta que ele não conseguia abrir era a que estava trancada na sua mente"
 
Muitas vezes pensamos que somos incapazes de vencer nossos problemas e superar nossas limitações. Mas o único lugar onde as coisas são impossíveis é na nossa mente. É a única coisa que está realmente "trancada".
 
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A Parashá desta semana, Balak, nos conta sobre um dos personagens mais contraditórios da Torá: Bilaam. Por um lado ele tinha um gigantesco potencial espiritual, ao ponto de conseguir ver anjos e falar diretamente com D'us. Por outro lado, ele se corrompeu completamente por causa de seus desejos insaciáveis e desceu aos níveis mais baixos. Justamente por causa dos seus "dons" espirituais é que ele foi procurado por Balak, rei do povo de Moav. As histórias das milagrosas e devastadoras vitórias militares do povo judeu contra inimigos poderosos causavam temor em todos os povos, e a aproximação dos judeus causou inquietação em Balak. Mas ele era sábio e entendeu que as vitórias do povo judeu não eram por causa de sua força militar e sim por causa de sua força espiritual. Enquanto o povo judeu tivesse as Brachót (bênçãos) de D'us, ninguém conseguiria vencê-los. Portanto Balak contratou Bilaam, por uma enorme quantia de ouro, para que ele utilizasse seus "dons" espirituais para amaldiçoar o povo judeu, o que talvez possibilitasse uma vitória na guerra.
 
Mas a idéia de Balak, apesar de ter sido genial, não funcionou, pois ele esqueceu que ninguém pode levantar nem mesmo um dedo se D'us assim não o permitir. Apesar de Bilaam ter feito três tentativas de amaldiçoar os judeus, D'us os protegeu e, ao invés de maldições, da boca de Bilaam só saíram Brachót. Balak então se irritou muito com Bilaam, como está escrito "E Balak se enfureceu com Bilaam e bateu as palmas. E disse Balak a Bilaam: 'Eu te trouxe para amaldiçoar meus inimigos e você os abençoou três vezes!' " (Bamidbar 24:10).
 
Mas se voltarmos ao início da Parashá, surge uma pergunta. Desde o momento da contratação, Bilaam já havia avisado a Balak que talvez não conseguisse amaldiçoar o povo judeu, como está escrito "Você pensa que eu consigo dizer qualquer coisa? Eu somente consigo dizer as palavras que D'us coloca na minha boca" (Bamidbar 22:38). Então por que Balak ficou tão bravo com Bilaam? Se houvesse a expectativa de que o sucesso estava garantido, a frustração seria entendida, mas depois de Bilaam ter deixado clara a possibilidade de fracasso, por que foi tão grande a insatisfação de Balak?
 
Explica o Rav Yossef Dov Solovetchik, mais conhecido como Beit Halevi, que existem dois tipos de "não consigo". Por exemplo, se uma pessoa pedisse para um amigo dar um tapa na cara de alguém importante e oferecesse dinheiro para isso, a pessoa responderia "não consigo". Se a pessoa oferecesse dinheiro para o mesmo amigo escalar um prédio de 40 andares, ele também responderia "não consigo". Apesar das duas respostas serem iguais nas palavras, elas são completamente diferentes no seu conteúdo. Não conseguir dar um tapa em outra pessoa não é uma incapacidade física, está relacionado com valores intelectuais e morais. Uma pessoa normal não conseguiria dar um tapa em outra pessoa por dinheiro, pois sua consciência o impediria. Já em relação a escalar um prédio de 40 andares, a pessoa não conseguiria por uma real impossibilidade física.
 
Qual a diferença prática entre os dois "não consigo"? No primeiro "não consigo", se o valor oferecido fosse gradualmente aumentado, chegaria um momento em que os valores monetários falariam mais alto do que os valores morais e a pessoa conseguiria dar o tapa. Mas o ato de escalar o edifício continuaria sendo impossível, independente de quanto dinheiro fosse oferecido.
 
Estas duas formas de entender a expressão "não consigo" explicam a grande irritação de Balak. Bilaam, ao ser contratado, realmente disse que talvez não conseguisse amaldiçoar o povo judeu. Mas como Balak conhecia o desejo incontrolável de Bilaam por dinheiro e honra, imaginou que a resposta significava "por este valor talvez eu não consiga fazer este ato moralmente feio, mas se você oferecer mais, quem sabe eu consiga superar este bloqueio". Como Balak estava disposto a pagar o que fosse pela maldição, ele ficou confiante que o acerto econômico ocorreria facilmente. O que ele não esperava é que Bilaam estava realmente se referindo à impossibilidade de amaldiçoar o povo judeu se D'us não permitisse, independente de quanto dinheiro recebesse.
 
Apesar da Torá ter sido escrita há mais de 3.000 anos, ela continua atual como nunca. Da mesma forma que Balak se confundiu sobre qual era o sentido verdadeiro da expressão "não consigo" dita por Bilaam, muitas vezes nós cometemos o mesmo erro. Às vezes dizemos para nós mesmos "gostaria de ser uma pessoa melhor, ajudar mais aos outros, fazer mais Mitzvót no meu dia a dia, mas eu não consigo". O que significa este "não consigo", que é realmente impossível, que tentamos de tudo para alcançar nossos objetivos espirituais e descobrimos que não temos como fazer mais nada? Certamente que não. Mas mesmo assim desistimos sem nem mesmo tentar.
 
A grande maioria das nossas limitações é imposta por nós mesmos. A depressão, uma das piores doenças da atualidade, que atinge uma elevada parcela da população mundial, é muitas vezes consequência da nossa falta de auto-estima. Achamos que somos pequenos, que não conseguiremos nunca chegar a níveis mais elevados, que é realmente impossível. Mas vemos que na prática isto é um grande erro. Se alguém nos perguntasse se conseguiríamos jogar uma partida de tênis por 11 horas seguidas, qualquer um responderia imediatamente que não, pois é impossível. Mas nesta semana dois tenistas passaram mais de 11 horas jogando uma única partida, em um dos torneios mais tradicionais do mundo, o de Wimbledon. De onde surgiu esta força? Na verdade ela sempre existiu dentro de cada um deles, apenas estava adormecida, esperando o momento de aflorar. E o que despertou esta força? Os milionários prêmios e a honra de ser o melhor tenista do mundo. Isto quer dizer que, em geral, o "não consigo" é consequência da falta de motivação adequada.
 
Se pararmos para refletir, chegaremos a uma conclusão lógica: se uma pessoa se esforça neste nível para ganhar um prêmio em dinheiro e fama, coisas passageiras que vem e podem ir embora de um instante para o outro, quanto mais temos que nos esforçar por nossa eternidade, algo que é garantido e para sempre. Por que não nos esforçamos assim espiritualmente? Pois não colocamos no coração a idéia de que cada ato neste mundo vale nossa eternidade. Investimos todo o nosso esforço nas coisas passageiras e não sobra tempo para as aquisições verdadeiras. Portanto, da próxima vez que quisermos crescer espiritualmente e a expressão "não consigo" vier à nossa cabeça, é bom verificar se realmente é impossível ou se estamos apenas enganando a nós mesmos.
 
SHABAT SHALOM
 
Rav Efraim Birbojm
 
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sexta-feira, 18 de junho de 2010

SHABAT SHALOM MAIL - PARASHÁ CHUKAT 5770

BS"D
 
QUESTIONAMENTOS NA VIDA - PARASHÁ CHUKAT 5770 (18 de junho de 2010)
 
"Havia um rei que tinha um ajudante que, além de ser muito sábio, tinha uma característica especial: sempre que ele se encontrava em uma situação adversa, dizia: "Tudo é para o bem". Certa vez o rei e seu ajudante saíram juntos para caçar. De repente, passou um grande animal perto deles e o rei rapidamente apontou seu rifle e disparou. Mas algo deu errado no mecanismo da arma e o rifle explodiu na mão do rei, arrancando um de seus dedos. O rei caiu no chão e começou a se contorcer de tanta dor. O ajudante correu para ajudá-lo e, enquanto cuidava do ferimento, disse: "Não fique triste, rei. Tudo é para o bem". O rei perdeu a cabeça com a falta de sensibilidade daquele ajudante. Ele estava ali, se contorcendo de dor após ter perdido um dedo, e o sujeito vinha lhe dizer que tudo é para o bem! Quando voltaram ao palácio o rei chamou seus guardas e mandou jogar aquele ajudante insolente na prisão.
 
Alguns dias se passaram e o rei, sentindo que já estava recuperado, decidiu sair novamente para caçar. Mas desta vez ele foi sozinho, pois seu ajudante estava na prisão e ainda não havia sido perdoado. No meio da selva, o rei escutou alguns ruídos estranhos e, com muito medo, começou a voltar. Mas foi capturado por índios que estavam em busca de um sacrifício humano para os seus deuses. Já amarrado no altar, o rei esperava pela morte certa. Quando a lâmina já se aproximava do seu pescoço, um dos índios percebeu que o rei tinha um dedo faltando. Como eles poderiam oferecer aos deuses uma pessoa com um defeito? Imediatamente o rei foi libertado e pôde voltar para casa são e salvo.
 
No caminho de volta, o rei começou a refletir e lembrou-se das palavras de seu ajudante: "Tudo é para o bem". Ele estava certo, pois se não tivesse perdido o dedo no acidente com a arma, agora estaria morto. Com um profundo sentimento de gratidão, o rei imediatamente libertou seu fiel e sábio ajudante. Mas uma pergunta ainda lhe incomodava:
 
- Meu amigo, entendo que eu ter perdido o dedo tenha sido algo bom, pois isto salvou minha vida. Mas se tudo é para o bem, por que foi bom você ter ficado preso?
 
- Meu querido rei - respondeu o ajudante - Se eu não tivesse sido preso, estaria com você no momento em que foi capturado pelos índios. Quando eles percebessem que o rei não tinha um dedo e por isso não poderia ser sacrificado, certamente o escolhido para o sacrifício teria sido eu. Ter ficado na prisão salvou minha vida. Como eu sempre digo, tudo é para o bem"
 
Mesmo quando não conseguimos enxergar, temos que saber que existe uma Supervisão particular para tudo o que ocorre em nossas vidas. Tudo o que D'us faz, para o nosso bem Ele faz.
 
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A Parashá desta semana, Chukat, nos ensina sobre uma das mais enigmáticas Mitzvót da Torá: a purificação espiritual através das cinzas da vaca vermelha. Quando uma pessoa tinha contato com um morto, ela se tornava espiritualmente impura e precisa passar por um processo de purificação. Em uma das etapas do processo, as cinzas de uma vaca completamente vermelha (um animal muito raro, em toda a história do povo judeu apenas 9 destas existiram), misturadas com água e outros ingredientes, eram aspergidas sobre a pessoa impura.
 
Existem dois tipos de Mitzvót, os "Mishpatim" e os "Chukim". Os "Mishpatim" são as Mitzvót que conseguimos entender seus motivos de forma lógica e racional. Por exemplo, honrar os pais, não matar e não roubar. Já os "Chukim" são as Mitzvót que não conseguimos, segundo a nossa lógica, entender seus motivos. A Mitzvá da purificação espiritual através das cinzas da vaca vermelha é um exemplo clássico de um dos "Chukim" da Torá.
 
O que há de tão enigmático nesta Mitzvá? Quando as cinzas eram atiradas sobre uma pessoa impura, esta se purificava. Porém, a pessoa que havia atirado as cinzas se tornava espiritualmente impura. Como pode ser que a mesma substância purificava uma pessoa e impurificava outra no mesmo ato? Esta Mitzvá contraria tanto a nossa lógica que nem mesmo Shlomo Hamelech (Rei Salomão), o mais sábio e todos os homens, conseguiu entendê-la.
 
Porém, há um Midrash (parte da Torá Oral) que nos ensina que sim existe uma explicação lógica para esta Mitzvá, mas ela não nos foi revelada intencionalmente. O Midrash conta que quando D'us ensinou esta Mitzvá para Moshé, Ele falou: "Para você Eu revelarei o motivo desta Mitzvá, mas para os outros será um Chok". Há outro Midrash que diz que D'us nos revelará o motivo desta Mitzvá depois da vinda do Mashiach. Destes dois Midrashim surge uma grande pergunta: se existe um motivo, e futuramente ele será revelado para todos nós, por que por enquanto D'us o está ocultando?
 
Explica o Rav Yossef Salant que, com a Mitzvá das cinzas da vaca vermelha, D'us quis acostumar o ser humano a cumprir as Mitzvót mesmo quando elas pareçam ilógicas e sem sentido aos nossos olhos. E através do cumprimento destas Mitzvót ilógicas, o ser humano pode aprender a não questionar D'us quando confrontado com acontecimentos que são estranhos e ilógicos aos nossos olhos. Pois quando as pessoas começam a questionar a bondade de D'us, este é o primeiro passo para o afastamento espiritual. Portanto, o ocultamento do motivo desta Mitzvá teve como principal propósito enraizar em nossos corações a idéia de que, da mesma forma que logicamente não conseguimos entender todas as Mitzvót, assim também não temos capacidade de entender logicamente os caminhos e o comportamento de D'us no mundo. Quando o Mashiach chegar, começará uma época em que não teremos mais notícias "ruins" no mundo e, portanto, não mais haverá questionamentos sobre a bondade de D'us. Então o motivo desta Mitzvá poderá ser finalmente revelado a todos.
 
Todas as vezes que questionamos sobre os caminhos de D'us, estamos cometendo um grave erro. Nossa falta de entendimento vem do fato de tentarmos aplicar a lógica humana a D'us. Se algum acontecimento não está correto segundo a nossa lógica, então chegamos à conclusão que D'us errou ou que D'us não é bom. Isto é, antes de tudo, falta de humildade do ser humano, ao querer igualar-se a D'us. A sabedoria de D'us é infinita, enquanto nós somos seres limitados. A ciência nos ensina que mesmo Einstein, uma das cabeças mais brilhantes em toda a história da humanidade, não utilizou mais do que 10% de sua capacidade cerebral. Como então queremos entender a lógica Divina?
 
É por isso que uma das bases do judaísmo é a Tefilá (reza). Quando um judeu reza, ele se coloca em seu devido lugar. Na Tefilá pedimos todas as nossas necessidades para D'us, enraizando em nossos corações a certeza de que tudo vem Dele. Ensinam os nossos sábios que precisamos nos concentrar durante a Tefilá com 3 Kavanót (intenções) especiais: lembrar que estamos diante de D'us, o Rei dos Reis; lembrar que D'us é infinito e pode tudo; e lembrar que nós somos pequenos e limitados. Isso nos ajuda a ser humildes e a reconhecer a grandeza do nosso Criador.  
 
Mas se questionar os caminhos de D'us é algo negativo, então é difícil entender a passagem da Torá na qual Moshé falou para D'us "Me mostre Teus caminhos..." (Shemot 33:13), pois segundo o Talmud (Torá Oral) ele estava pedindo a D'us para entender porque há Tzadikim (Justos) que sofrem e Reshaim (malvados) que vivem tranqüilamente. E o mais interessante é que em nenhum momento a Torá relata que Moshé foi criticado ou castigado por D'us pelo questionamento. Qual é a diferença?
 
A resposta é que existem dois tipos de questionamento. O primeiro é um questionamento com desconfiança, com falta de humildade, querendo se colocar no mesmo nível de D'us. É querer questionar D'us sem nunca ter se esforçado para encontrar respostas. O outro tipo é um questionamento com humildade, querendo encontrar respostas para poder entender e aprender com os atos de D'us. Essa foi a intenção de Moshé, e este tipo de questionamento é muito incentivado pelo judaísmo.
 
Fazemos parte da geração "fast-food". Quando desejamos algo, queremos tudo pronto imediatamente. Não temos paciência para esperar nem vontade de investir para aumentar nossos conhecimentos. Queremos entender tudo sem muito esforço. Cada vez mais pessoas frequentam "Centros de Kabalá" buscando conhecimentos "profundos" sobre D'us sem nunca terem aberto nem mesmo um livro de Torá, sem nem mesmo conhecerem as Mitzvót mais básicas. Será que é possível entender os planos de D'us sem esforço? Será que é justo questionar e criticar D'us sem conhecer Suas regras? Quem somos nós para colocar em dúvida a bondade de D'us, que criou um universo inteiro com a única intenção de nos fazer o bem, apenas porque não entendemos alguns de Seus atos?
 
Para entender sobre construções, abrimos livros de engenharia. Para entender sobre o corpo humano, abrimos livros de medicina. Mas se queremos de verdade entender D'us, precisamos abrir e estudar a Torá, o nosso "Manual de Instruções" espiritual.
 
SHABAT SHALOM
 
Rav Efraim Birbojm
 
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sexta-feira, 11 de junho de 2010

SHABAT SHALOM MAIL - PARASHÁ KORACH 5770

BS"D
 
NÓS TEMOS DEFEITOS? - PARASHÁ KORACH 5770 (11 de junho de 2010)
 
"Os dias intermediários das festas de Pessach e Sucót são chamados "Chol Hamoed". Apesar de não serem Yamim Tovim (dias onde os trabalhos criativos são totalmente proibidos, como no Shabat), estes dias também têm muita Kedushá (Santidade) e por isso algumas atividades são permitidas apenas em casos de grande necessidade. Uma das atividades que entra nesta classificação é escrever.
 
O Rav Isser Zalman Meltzer era muito conhecido por seu zelo com as Mitzvót e seu temor a D'us. Certa vez ele estava estudando tranquilamente com um aluno durante os dias de Chol Hamoed de Sucót. De repente, no meio do estudo, ele se levantou assustado e pediu ao aluno que lhe trouxesse um papel e uma caneta. O aluno estranhou e exclamou:
 
- Mas Rav, estamos no meio de Chol Hamoed!
 
- Eu sei, não me esqueci disso, mas é uma questão de vida ou morte.
 
Como o aluno entendeu que era realmente algo muito importante, ele correu e trouxe rapidamente um papel e uma caneta. Mas para sua surpresa, o rabino escreveu algumas poucas palavras no papel, guardou-o no bolso e voltou a estudar como se nada tivesse acontecido. O aluno ficou confuso, pois ele havia dito que era algo de vida ou morte. Será que ele tinha entendido errado? Tomou coragem e pediu ao rabino uma explicação. O rabino então falou:
 
- Você sabe que em Chol Hamoed costumam vir à minha casa muitas pessoas para me desejar "Chag Sameach" (Boa festa). Mas com tantas pessoas vindo aqui, é impossível não notar alguns defeitos nas atitudes de algumas delas. E após todo o esforço que cada um faz para vir até a minha casa para me desejar "Chag Sameach", com eu posso olhar para as pessoas e enxergar algo de ruim nelas? Então o que eu faço para não ver o lado ruim dos outros? Todos os anos eu deixo pronto, antes do início das festas, um bilhete me lembrando a olhar os meus próprios defeitos ao invés de olhar os defeitos dos outros. E durante todo o Chol Hamoed, enquanto as pessoas vêm me visitar, de tempos em tempos eu tiro o papel do bolso para me concentrar nos meus erros e não nos dos outros.
 
- Mas neste ano - completou o rabino - eu me esqueci de deixar o papel pronto e só me lembrei só agora. Mesmo sendo Chol Hamoed eu tive que escrever, pois para mim isto é um caso de vida ou morte"
 
Esta é a diferença entre nós e os grandes Tzadikim (Justos). Enquanto para o Rav Isser Zalman se esforçar para não olhar os defeitos dos outros é uma questão de vida ou morte, para nós ficar notando e comentando os defeitos dos outros é a coisa mais comum do mundo...
 
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Na Parashá desta semana, Korach, a Torá nos relata um grave ato de rebeldia durante a caminhada do povo judeu no deserto. Um homem chamado Korach conseguiu convencer um grande grupo de pessoas a questionar as posições de destaque de Moshé e Aharon. O final foi trágico, resultando na morte de praticamente todos os rebeldes envolvidos. E assim a Torá descreve a reclamação dos rebeldes contra Moshé e Aharon: "Por que vocês estão se colocando acima da congregação de D'us?" (Bamidbar 16:3). Mas no fundo, o que havia de tão errado no argumento de Korach? Ele achou que Moshé estava fazendo algo errado, escolhendo para si posições que lhe dessem honra e poder. Como isto o incomodou, ele resolveu reclamar. O que há de tão grave em olhar os defeitos dos outros?
 
Em primeiro lugar, Korach estava cego pela inveja e por isso não conseguiu enxergar algo óbvio. A escolha de Moshé e de Aharon foi feita diretamente por D'us, não foi uma escolha deles mesmos. Quando Korach se rebelou contra os cargos de Moshé e Aharon, no fundo ele estava se rebelando contra D'us.
 
Além disso, é um fenômeno natural as pessoas prestarem atenção nos defeitos que enxergam nos outros e terem vontade de criticá-los por isso. E aparentemente isto é uma característica boa, pois é uma demonstração de que gostamos de ter qualidades, enquanto desprezemos e queremos fugir dos defeitos. Mas na verdade esta atitude do ser humano não é uma qualidade, ao contrário, vem das nossas características negativas. Explica o Rav Leib Chassman que, na realidade, a característica de apontar e reclamar dos defeitos dos outros é conseqüência de nos esquecermos de D'us e de nos esquecermos de nós mesmos.
 
O que significa que só criticamos o outro quando nos esquecemos de D'us? Explica o livro Tomer Dvora, do Rav Moshe Cordovero, que apesar de muitas vezes merecermos um julgamento mais rigoroso, D'us se comporta conosco com misericórdia. Por exemplo, Ele deixa nossos bons atos diante Dele para que se recorde deles sempre, principalmente quando são atos de bondade que fazemos com os outros. Mas com nossos erros Ele é Misericordioso e não deixa que cheguem diante Dele, como se tivesse "esquecendo-se" deles. Se D'us se comporta assim conosco, como nós podemos nos comportar ao contrário Dele, guardando os defeitos dos outros ao invés de procurar apenas suas qualidades?
 
E o que significa que só criticamos o outro quando nos esquecemos de nós mesmos? Pelo fato de acharmos que estamos sempre certos, D'us criou no mundo um sistema para nos ajudar a identificar os nossos erros. Se prestarmos atenção em tudo o que nos incomoda nos outros, perceberemos algo incrível: em algum nível, nós também cometemos o mesmo erro. Se alguém nos incomoda ao ser egoísta, é porque também somos um pouco egoístas. Se alguém nos incomoda por falar de maneira grosseira, é porque também falamos com os outros de maneira grosseira. Assim ensinam os nossos sábios: "Todo aquele que desqualifica o próximo, com seus próprios defeitos o desqualifica". Portanto, temos tantas coisas para consertar em nós mesmos que, se estamos prestando muita atenção nos defeitos dos outros, é sinal de que nos esquecemos de nós mesmos, isto é, estamos apontando o dedo para os outros enquanto nos esquecemos de fazer o nosso próprio trabalho espiritual.
 
Este conceito está também em um dos ensinamentos de Shlomo Hamelech (Rei Salomão): "Que seus olhos olhem para frente, e suas pálpebras diretamente diante de você" (Mishlei 4:25). O que isto significa? Quando olhamos para os outros, a tendência é olhar os defeitos, enquanto quando olhamos para nós mesmos, buscamos sempre as qualidades. Mas a palavra "diante de você" ("Kenegdecha" em hebraico) também significa "contra você". Portanto, o que Shlomo Hamelech, o mais sábio de todos os homens, está nos ensinando, é que quando nossos olhos encontram no outro um defeito, nossas pálpebras devem imediatamente olhar "contra nós", isto é, devemos olhar para nós mesmos para identificar onde temos este defeito que enxergamos no outro. Somente assim conseguiremos melhorar em todas as áreas de nossas vidas.
 
Foi isso o que aconteceu com Korach. Quando ele viu em Moshé o suposto defeito de querer buscar honra e poder, na verdade ele estava vendo um reflexo dos seus próprios desejos. Era Korach quem queria estar acima dos outros. Era ele quem estava sendo movido pelo desejo de poder e honra. O suposto defeito que ele viu em Moshé era exatamente o defeito que havia dentro dele. Mas ao invés de parar e refletir, ele preferiu se rebelar. Apesar de Korach ter um grande potencial, ao invés de consertar o erro que havia nele e realmente chegar a uma posição de destaque pelos seus próprios méritos, ele preferiu procurar defeitos em Moshé. Essa foi a principal causa de sua grande queda.
 
Todos nós temos muito o que trabalhar e crescer na nossa vida. Então, se está sobrando tempo para encontrar os erros dos outros, é um sinal de que não estamos ocupando o nosso tempo suficientemente com os nossos próprios erros.
 
SHABAT SHALOM
 
Rav Efraim Birbojm
 
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(Observação: para Refua Shlema deve ser enviado o nome da mãe, mas para Leilui Nishmat deve ser enviado o nome do pai).

quinta-feira, 3 de junho de 2010

SHABAT SHALOM MAIL - PARASHÁ SHELACH 5770

BS"D
FAÇA SUA PARTE - PARASHÁ SHELACH 5770 (04 de junho de 2010)
"O Sr. Cohen era um homem muito rico, mas de um dia para o outro começou a perder tudo. Seus negócios começaram a falir e suas aplicações terminavam sempre em prejuízos. Desesperado, ele começou a rezar: "D'us, eu preciso de dinheiro. Por favor, me ajude a ganhar na loteria".
Um mês se passou e o Sr. Cohen ainda não tinha ganhado na loteria. A situação estava ficando cada vez mais difícil. O Sr. Cohen decidiu também jejuar e aumentar a intensidade de suas rezas. E assim ele pedia todos os dias: "D'us, por favor, escute meu pedido e me ajude. Eu preciso resolver meus problemas financeiros. É urgente, D'us. Deixe-me ganhar na loteria uma vez na vida".
A reza intensa atingia os mundos espirituais mais elevados. Mas mais um mês se passou e nada aconteceu. Os anjos começaram a ficar agitados. Por que D'us não escutava as súplicas do Sr. Cohen e não o deixava ganhar na loteria? Então foi escutado um forte trovão e uma voz celestial pronunciou:
- Sr. Cohen. Se você quer tanto ganhar na loteria, por que você não compra pelo menos um bilhete?"
D'us é misericordioso. Ele nos ajuda e nos protege. Mas para Ele nos ajudar, antes precisamos fazer a nossa parte.
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Na Parashá desta semana, Shelach, a Torá nos conta sobre um dos maiores erros cometidos pela geração do deserto. Depois do recebimento da Torá, 50 dias após a saída do Egito, o povo judeu se dirigiu para Israel, a terra que D'us já havia prometido aos nossos patriarcas Avraham, Yitzchak e Yaacov, a terra de onde fluía leite e mel. Mas o povo judeu não confiou em D'us e quis enviar espiões para saber como era a terra. O resultado deste evento foi catastrófico: dos 12 espiões enviados, 10 voltaram falando mal da terra de Israel. O povo preferiu acreditar nos espiões que denegriram a Terra Prometida e chorou, sem motivo, como se uma grande tragédia tivesse acontecido. Toda aquela geração perdeu o mérito de entrar na terra de Israel e o povo judeu teve que permanecer 40 anos vagando pelo deserto, até que toda aquela geração morresse.
Mas este acontecimento é difícil de ser entendido. Os espiões enviados não eram pessoas simples, eram os líderes de cada tribo. Como pessoas tão grandes caíram neste erro tão tolo de falar mal da terra de Israel? Por que eles não conseguiram fazer como os 2 espiões que conseguiram ver o lado bom de tudo e falaram bem da terra? Explicam nossos sábios que eles caíram justamente por serem pessoas grandes e importantes. Eles achavam que seus cargos de líderes não continuariam depois da entrada em Israel e por isso olharam as coisas com uma visão seletiva, isto é, tiveram interesse em ver apenas as coisas de maneira negativa.
Porém, mesmo com esta explicação ainda há pontos de difícil entendimento. Mesmo que os espiões achassem que perderiam seus cargos, o que eles ganhariam impedindo a entrada do povo judeu em Israel? Qual era o plano deles, permanecer para sempre vagando pelo deserto ou voltar novamente para a escravidão do Egito? Eram idéias completamente sem sentido! E mais do que isso, como o povo judeu inteiro pôde ser tão facilmente enganado? Como eles puderam acreditar, sem pensar duas vezes, no relato dos espiões? O argumento que os espiões utilizaram foi que a terra era habitada por gigantes e por isso seria impossível vencê-los na guerra. Mas o povo judeu havia presenciado, havia pouco tempo, as 10 pragas milagrosas que esmagaram o maior império do mundo. Eles não haviam visto D'us "engolindo" o exército egípcio inteiro, de uma só vez, dentro do Mar Vermelho. Então por que eles caíram tão facilmente no discurso dos espiões, de uma maneira tão irracional?
Explica o Rav Yechezkel Levinshtein que a essência da criação do mundo material é que o homem possa ter livre-arbítrio. Para isso D'us construiu o ser humano de maneira que ele tivesse uma boa inclinação (Yetzer Hatov) e uma má-inclinação (Yetzer Hará), ambas influenciando-o durante todo o tempo, dando-lhe a possibilidade de, segundo suas próprias escolhas, fazer o bem ou o mal. Explica o livro Messilat Yesharim (Caminho dos Justos) que estamos em guerra com o Yetzer Hará 24 horas por dia, todo o tempo ele tenta nos derrubar, em tudo o que fazemos. Mas se enganam aqueles que pensam que podemos vencer sozinhos o nosso Yetzer Hará, pois ele tem uma força tão grande que somente com a ajuda de D'us conseguimos vencê-lo. Se por alguns instantes D'us deixasse de nos apoiar nesta luta, seriamos facilmente derrotados pelo Yetzer Hará.
A Parashá traz um forte exemplo do que acontece quando D'us deixa de nos ajudar. A queda dos líderes e, posteriormente, do povo inteiro, ocorreu por motivos tolos e sem nenhum embasamento racional, um sinal de que D'us havia deixado de ajudá-los na luta contra o Yetzer Hará. Por que isto aconteceu? A resposta está nas primeiras palavras da Parashá, quando D'us, questionado por Moshé Rabeinu sobre o envio dos espiões, falou: "Shelach Lechá" (Envie para você). Por que "para você"? Explica Rashi, comentarista da Torá, que é como se D'us estivesse dizendo: "Eu não concordo com o envio dos espiões, pois Eu prometi para vocês que a terra é muito boa. Mas se vocês não confiam em Mim, então enviem espiões por conta de vocês. Mas Eu garanto que será através deles que vocês todos cairão". Como o povo judeu não fez a sua parte, isto é, eles não confiaram na promessa de D'us, então D'us deixou-os sozinhos na luta contra o Yetzer Hará, e por isso eles foram derrotados tão facilmente.
O que aprendemos deste terrível episódio? Que se queremos a ajuda de D'us para o nosso sucesso espiritual, antes temos que fazer a nossa parte. Temos que mostrar para Ele que queremos ser ajudados. Temos que fazer o nosso esforço para nosso crescimento espiritual, pois somente depois que fazemos nossa parte, D'us faz a parte Dele e nos ajuda. Como ensinam os nossos sábios: "O homem é levado pelos caminhos que ele deseja seguir". D'us se comporta conosco como um espelho: se nos aproximamos Dele, Ele se aproxima de nós. Mas se nos afastamos Dele, Ele se afasta de nós.
O grande problema é que queremos crescer espiritualmente sem muitas dificuldades. Nas áreas espirituais estamos sempre buscando os caminhos mais fáceis. Porém, não há crescimento sem esforço. Ninguém espera ser um bom profissional sem muito estudo e dedicação. Mas ao contrário, esperamos ser bons maridos, boas esposas, bons filhos e bons pais sem nenhum estudo e sem nenhuma dedicação. Queremos ser pessoas mais calmas, mas não fazemos nada para controlar nossos acessos de raiva. Para assistir uma aula de Torá depois do trabalho estamos sempre muito cansados, mas para passar 2 horas assistindo uma partida de futebol sempre temos pique. Acordamos, vivemos o dia e vamos dormir sem ter mudado nada em nossas vidas, não durante um dia ou durante uma semana, mas durante uma vida inteira. Se não quebrarmos este círculo vicioso, se não partir de nós mesmos, de quem partirá a iniciativa?
D'us pode fazer, e na prática muitas vezes Ele faz, milagres. Mas somente quando fazemos, antes, a nossa parte.
"Se eu não for por mim, quem será por mim? E se não agora, quando?" (Pirkei Avót - Ética dos Patriarcas)
SHABAT SHALOM
Rav Efraim Birbojm
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sexta-feira, 28 de maio de 2010

SHABAT SHALOM MAIL - PARASHÁ BEHALOTECHÁ 5770

BS"D

A JANELA DO VIZINHO É MAIS BRILHANTE - PARASHÁ BEHALOTECHÁ 5770 (28 de maio de 2010)

"Renato vivia com seus pais em uma linda casa na montanha. Ele tinha tudo o que precisava, mas mesmo assim ele não era feliz. Qual era o motivo de sua infelicidade? Todas as manhãs ele abria a janela de seu quarto e via que do outro lado do vale havia uma casa muito grande. Mas não era o tamanho da casa que chamava sua atenção, o que era especial nela eram as janelas, que tinham um brilho dourado como o ouro. Como ele podia ser feliz tendo apenas janelas de vidro enquanto alguém tinha em sua casa janelas de ouro? Todos os dias ele sonhava em ir até aquela casa para pegar ao menos um daqueles vidros de ouro. Seus pais tentavam tirar de sua cabeça aquela idéia tola, mas a vontade o atormentava. Uma manhã ele levantou cedo, decidido que não poderia esperar mais. Se preparou para a caminhada e saiu.


A viagem foi extremamente difícil. O caminho para o vale estava bloqueado por enormes pedras e muitas árvores caídas. Na metade do dia ele chegou a um rio muito fundo que corria no meio do vale e quase se afogou. Do outro lado do vale a floresta era muito fechada e, na tentativa de atravessá-la, ele rasgou suas roupas e raspou a sua pele, causando feridas por todo o seu corpo.

O caminho até a casa do outro lado do vale era íngreme. Exausto, ele estava quase entregando os pontos quando finalmente chegou a uma clareira, onde de longe avistou a casa das janelas de ouro. Havia finalmente conseguido encontrá-la, aquele seria um momento muito especial. Reunindo suas últimas forças, ele correu em direção à casa. Ele queria ver as janelas douradas, queria tocá-las. Mas para a sua decepção, ele descobriu que elas eram feitas de vidro comum. Ele não se conformava com o que havia acontecido. Onde estavam as janelas de ouro? Será que ele havia se enganado por tanto tempo?


Abatido e amargurado pela terrível decepção, ele começou a sua lenta volta para casa. Ao levantar os olhos, ele viu sua própria casa do outro lado do vale. O sol iluminava a casa e, para sua surpresa, as janelas estavam brilhando, como se fossem feitas de ouro..."

Quanto tempo e saúde gastamos para conseguir mais do que precisamos, apenas porque vemos que os outros tem algo que nós não temos, ou por não conseguirmos estar felizes com o que já temos?

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Na Parashá desta semana, Behalotechá, a Torá nos ensina que o povo judeu não passou os 40 anos no deserto acampado em um único local, ao contrário, foram muitos locais de acampamento durante este período, algumas vezes em lugares mais convidativos, outras em lugares mais inóspitos. Segundo a nossa lógica, a permanência em cada um deles deveria ter sido de acordo com a comodidade do local, isto é, em locais mais cômodos eles deveriam ter permanecido por mais tempo, enquanto em lugares piores eles deveriam ter acampado por pouco tempo e logo ter seguido viagem. Mas não é isso o que a Torá nos ensina, pois assim está escrito por três vezes seguidas na Parashá: "De acordo com a palavra de D'us o povo judeu viajava e de acordo com a palavra de D'us o povo judeu acampava" (Bamidbar 9:18). O que estas palavras significam e por que tantas repetições?


Durante todo o tempo no deserto, o momento de viajar e o momento de acampar eram definidos por uma nuvem que representava a presença de D'us. Quando a nuvem repousava sobre o Mishkan (Templo Móvel) o povo judeu acampava, e quando a nuvem se levantava o povo judeu levantava o acampamento e seguia viagem. Mas a vontade de D'us nem sempre coincidia com a vontade do povo judeu. Muitas vezes os judeus chegaram a lugares bons e quiseram ficar bastante tempo por ali, mas logo em seguida D'us os fez continuar a viagem. Outras vezes os judeus chegaram a locais desagradáveis e queriam logo ir embora, mas tinham que permanecer ali por muito tempo. Algumas vezes eles estavam cansados e queriam descansar por alguns dias, mas logo após eles acamparem a nuvem se movia e eles precisavam recomeçar a viagem. Foi o primeiro teste com o qual D'us testou o povo judeu após a entrega da Torá. E apesar da dificuldade deste teste, em um ambiente de stress e perigos, apesar de nem sempre eles entenderem o comando de D'us, o povo nunca se rebelou e nunca viajou ou acampou sem o consentimento Divino. É por isso que a Torá louva o povo judeu, repetindo várias vezes que eles viajaram de acordo com a palavra de D'us, e não de acordo com a sua própria vontade.

Ensina o Rav Yechezkel Levinshtein que a geração do deserto não meritou apenas passar por aquele teste. A geração do deserto meritou nos ensinar uma das lições mais importantes da nossa vida: tudo o que é a vontade de D'us é bom de verdade para nós, mas o que não é a vontade de D'us não é bom para nós. Mesmo que algumas vezes o acampamento em um certo lugar parecia ser algo ruim de acordo com a lógica humana, se esta era a vontade de D'us, então é porque era realmente algo bom. Este conceito pronunciamos todos os dias, nas três rezas diárias. Na primeira Brachá da Amidá (reza silenciosa) louvamos a D'us com as seguintes palavras: "Gomel Chassadim Tovim" (Aquele Quem nos faz bondades boas). O que é uma bondade boa? Existe alguma bondade não boa?


Quando uma pessoa de carne e osso quer fazer algo de bom para outra pessoa, ele nunca sabe as consequências futuras do seu ato. Por exemplo, se um pai dá para seu filho uma bala, é um ato de bondade. Mas se a bala causar uma cárie na criança depois de 2 meses então o ato de ter dado a bala não foi algo bom. Como o ser humano não conhece o futuro, suas bondades nem sempre são realmente boas. Apenas o Criador do mundo, que tem o controle do tempo e do espaço, pode nos fazer "bondades boas", isto é, bondades que são boas levando em consideração também todas as consequências futuras.


Se conseguíssemos aplicar a lição do deserto no nosso cotidiano, teríamos certamente uma vida muito melhor. Se colocássemos no coração a idéia de que somente a vontade de D'us é realmente boa, conseguiríamos vencer nossas más inclinações e apagar de dentro de nós características negativas como a inveja e a busca descontrolada por prazeres. Pois de onde vem a inveja e a busca pelos prazeres? Da nossa ilusão de que sempre nos falta algo, de que D'us não nos deu o que precisamos. Nunca estamos satisfeitos com o que temos, nossos olhos estão sempre voltados para o que os outros têm a mais do que nós. Nos convencemos de que precisamos de coisas que, na verdade, não precisamos. Nunca conseguimos aceitar que uma situação difícil no momento pode ser a preparação para algo muito melhor no futuro.


Nos ensinou David Hamelech (Rei David): "Não tenha para você um deus estranho e não se curve para um deus estrangeiro" (Salmos 81:10). Explica o Talmud que isto não se refere a uma pessoa que se curva diante de uma estátua e sim àquele que se curva diante do deus estranho que está dentro de cada um de nós – as nossas próprias vontades que vão contra a vontade de D'us. Se nós não controlamos as nossas vontades, então são elas que nos controlam e nos levam para onde querem.


A nossa vida se assemelha à viagem do povo judeu no deserto, em direção à Terra Prometida. Há acampamentos mais incômodos onde precisamos permanecer mais tempo, há outros que são muito agradáveis mas passam rápido demais. O nosso trabalho neste mundo é entender que tudo isto está dentro de um plano maior, dentro das "bondades boas" que D'us faz conosco. Somente quando entendermos que a vontade de D'us é sempre algo bom para nós então aproveitaremos muito melhor a viagem.


SHABAT SHALOM


Rav Efraim Birbojm

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sexta-feira, 21 de maio de 2010

SHABAT SHALOM MAIL - PARASHÁ NASSÓ 5770

BS"D
CUIDANDO DOS SENTIMENTOS DOS OUTROS – PARASHÁ NASSÓ 5770 (21 de maio de 2010)
"O Rav Isser Zalman Meltzer era muito conhecido pelo seu extremo cuidado com os sentimentos dos outros. Fazia de tudo para nunca magoar outra pessoa. Sua sensibilidade era tanta que ele vivia os problemas dos outros como se fossem seus próprios problemas. Era frequentemente visto chorando por causa de problemas que pessoas que ele nem mesmo conhecia vinham lhe contar.
Certo dia o Rav Aharon Kotler, que era seu genro, e seu neto foram visitá-lo. Eles queriam se despedir do Rav Isser Zalman, pois estavam indo para Israel, onde participariam de um casamento. Após uma longa e agradável conversa, o Rav Aharon Kotler e seu filho se levantaram para sair e foram acompanhados pelo Rav Isser Zalman. O Rav Aharon Kotler achou que o Rav Isser Zalman os acompanharia até a rua, onde daria um abraço em seu neto. Mas isso não aconteceu, o Rav Isser Zalman não acompanhou os dois até a rua. Ele parou no meio das escadas, acenou com as mãos e desejou uma boa viagem.
Quando eles voltaram de viagem, o Rav Aharon Kotler questionou o comportamento do seu sogro. Ele era sempre tão carinhoso com seu neto, estava sendo lhe dando muitos abraços, por que na véspera da viagem ele havia se despedido apenas com um aceno de mão? O Rav Isser Zalman então explicou:
- Você sabe que minha vontade era dar um grande abraço no meu querido neto. Mas eu me lembrei que neste bairro moram muitas pessoas cujos netos foram assassinados pelos nazistas. Como eu poderia ir para a rua demonstrar publicamente a alegria de abraçar meu querido neto sabendo que há outras pessoas não podem fazer o mesmo?"
Este é o nível de sensibilidade que os nossos grandes líderes chegaram. Eles sentiam as dores dos outros. Eles se preocupavam com a honra de cada pessoa como se fosse a sua própria honra. Este é o nível que nós também podemos e devemos chegar.
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Nesta semana lemos a Parashá Nassó que, entre outros assuntos, descreve as oferendas trazidas pelos líderes das tribos do povo judeu. A partir do primeiro dia do mês de Nissan, quando finalmente o Mishkan (Templo Móvel) foi inaugurado, cada um dos líderes das 12 tribos trouxe uma oferenda pessoal em comemoração ao grandioso evento. Cada dia um dos líderes trazia suas oferendas, que incluíam utensílios de ouro e prata, animais, incenso e farinha. Porém, algo nos chama a atenção nas oferendas: apesar de serem oferendas pessoais e não-obrigatórias, todos os líderes trouxeram exatamente a mesma oferenda. Por que?
Além disso, uma das regras mais conhecidas da Torá é que ela é completamente concisa, isto é, nenhuma palavra está escrita sem motivo. O Talmud (Torá Oral) muitas vezes nos traz ensinamentos baseados em uma única letra que está escrita a mais na Torá. Então por que nesta Parashá a Torá se alonga tanto, repetindo as oferendas dos líderes por doze vezes seguidas, ao invés de escrever apenas as oferendas do primeiro líder e depois "e assim também trouxeram os outros líderes"?
Explica o Chafetz Chaim que nossa meta neste mundo é chegarmos a ser completos, e a única maneira é nos comportando como D'us. Ao estudarmos a Torá observamos como D'us se comporta conosco e aprendemos como nos comportar com as pessoas. Por exemplo, a Torá começa com um grande ato de Chessed (bondade), quando D'us fez para Adam e Chavá (Adão e Eva) roupas, de onde aprendemos que devemos nos assegurar que todas as pessoas tenham pelo menos o que vestir. A Torá também termina com um ato de Chessed, quando D'us pessoalmente cuidou do enterro de Moshé Rabeinu, de onde aprendemos a importância da Mitzvá de se ocupar com todos os detalhes do enterro de um morto.
Desta Parashá podemos aprender um conceito muito importante. A repetição das oferendas nos ensina o cuidado que devemos ter com a honra dos outros. Quando os líderes decidiram fazer doações ao Mishkan, eles se reuniram e decidiram entre si que todos trariam exatamente a mesma oferenda, evitando que surgisse a inveja e a competição dentro do povo judeu, sendo muito louvados por isso. Apesar de todas as oferendas serem iguais, se D'us tivesse escrito as oferendas apenas para o primeiro líder, como se sentiriam os outros? Certamente que, em algum nível, eles ficariam desapontados e tristes. Por isso a Torá fez questão de repetir cada uma das oferendas, para que nenhum dos líderes se sentisse menosprezado. D'us "gastou" muitos versículos em respeito à honra de cada líder. E se a sagrada Torá "gasta" versículos para não diminuir a honra de uma pessoa, quanto mais nós temos a obrigação de nos cuidarmos para nunca desprezar ninguém.
Infelizmente, em nossa sociedade ocidental, diferentemente dos ensinamentos da Torá, as pessoas estão longe de se preocupar com a honra dos outros. Muitas vezes, sem nem mesmo perceber, acabamos magoando, ofendendo e humilhando as pessoas. Por exemplo, colocamos apelidos depreciativos em nossos próprios amigos, em geral envolvendo características físicas que as pessoas preferiam esquecer. Também quando estamos em grupo nossas "brincadeiras" giram em torno de humilhar outras pessoas em público. E em geral nossas conversas estão sempre centradas em denegrir a imagem e a reputação de outras pessoas. Não porque somos pessoas malvadas, mas de acordo com os valores da sociedade onde vivemos, o mais importante é sempre o nosso próprio bem estar e não o dos outros. Muitos pensam inclusive "que mal há, é apenas uma brincadeira!".
O que parece coisas simples e sem importância para nós, aos olhos de D'us não são desprezadas. Ensinam os nossos sábios que aquele que envergonha o próximo em público é como se tivesse derramando sangue. Por que tanto? Pois palavras podem marcar, podem causar depressão e falta de auto-estima, podem fazer uma pessoa perder a alegria de viver. Nos preocupamos com marcas físicas, mas esquecemos que as marcas psicológicas são muito mais profundas e duradouras.
Temos que nos esforçar para cuidar da honra dos outros. Precisamos desenvolver a nossa sensibilidade, sentir que às vezes podemos ferir os outros com brincadeiras de mau gosto ou com palavras não medidas. A Torá nos ordena cuidar da honra dos outros da mesma forma que cuidamos da nossa própria. O grande sábio Hilel nos ensinou uma forma de aplicarmos isso na prática: "Não faça aos outros o que não gosta que te façam". Gostaríamos de receber apelidos que ressaltam nossas características físicas indesejadas? Gostaríamos de saber que as pessoas falam mal de nós? Certamente que não. Então, se é tão ruim para nós, por que continuamos fazendo isso aos outros?
SHABAT SHALOM
Rav Efraim Birbojm

sexta-feira, 14 de maio de 2010

SHABAT SHALOM MAIL - PARASHÁ BAMIDBAR E SHAVUÓT 5770

BS"D
TENHO TUDO O QUE EU NECESSITO – PARASHÁ BAMIDBAR E SHAVUÓT 5770 (14 de maio de 2010)
Certa vez um homem veio a um grande sábio conhecido como Maguid de Mezeritch com uma grande questão. Ele queria entender por que o Talmud diz que uma pessoa deve abençoar a D'us por algo ruim que aconteceu da mesma forma que ele O abençoa quando acontece algo bom. É entendível agradecer por uma bondade, mas agradecer por um sofrimento?
O Maguid escutou atentamente a pergunta e sabia a resposta. Mas ele achou que seu aluno, um grande Tzadik (Justo) chamado Rebe Zuchia, poderia responder de uma maneira ainda melhor. Ele então pediu que aquele senhor se encaminhasse ao seu aluno e fizesse a mesma perguntasse a ele. O homem fez exatamente o que o rabino o havia instruído.
Quando ele chegou na casa do Rebe Zuchia, foi recebido pelo Tzadik com muita alegria e foi convidado a entrar. Lá dentro, o homem percebeu o quão pobre era família do Rebe Zuchia. A casa era muito simples, praticamente não havia móveis. As prateleiras estavam vazias, não tinha quase nada para comer. Percebeu também que o próprio Rebe Zuchia tinha uma saúde frágil e era um homem sofrido. No entanto o Rebe Zushia estava sempre feliz e com um sorriso no rosto. O homem, surpreso com as condições nas quais o rabino vivia, comentou:
- Eu fui ao Maguid de Mezeritch para lhe perguntar como é possível que D'us tenha nos ordenado a abençoá-Lo quando ocorre algo ruim da mesma forma que abençoamos quando ocorre algo bom. Ele me disse que só você pode me ajudar neste assunto.
O Rebe Zushia escutou atentamente e disse:
- Fico triste por você ter perdido seu tempo, pois acho que houve aqui uma grande confusão. A sua questão é realmente muito interessante, mas não entendo por que o Maguid de Mezerich enviou você para mim. Certamente eu nunca poderia dar a resposta, pois eu nunca tive nenhum sofrimento na vida"
Algumas pessoas conseguem chegar ao nível de enxergar que todas as coisas que ocorrem na nossa vida são para o nosso bem. São as pessoas verdadeiramente ricas, que sabem aproveitar tudo o que já conseguiram, ao invés de viver sonhando com o que ainda não conquistaram.
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Na próxima terça-feira (18/05), após o pôr-do-sol, começamos a comemorar a festa de Shavuót, finalizando a contagem de 7 semanas completas a partir do segundo dia de Pessach. Shavuót também é conhecida com Zman Matan Torateinu (o Tempo da entrega da nossa Torá), pois no dia 6 de Sivan, 50 dias depois de Pessach, o povo judeu recebeu a Torá no Monte Sinai. A cada ano a mesma influência espiritual se repete, isto é, novamente recebemos a Torá em Shavuót. Em geral, a Parashá da semana que precede a festa de Shavuót é a Parashá desta semana, Bamidbar. Qual a relação entre esta Parashá e a entrega da Torá no Monte Sinai?
Ensinam os nossos sábios que existem três elementos que estão associados com o recebimento e o estudo da Torá. O primeiro elemento é a água, e diversas vezes a Torá é comparada com a água. Por exemplo, da mesma forma que a água desce dos lugares mais altos para os lugares mais baixos, assim também a Torá escapa dos orgulhosos, que estão no "alto", e se acumula nas pessoas humildes. Como nos ensina o Pirkei Avót (Ética dos Patriarcas): "Quem é o sábio? Aquele que aprende com todas as pessoas". Se a pessoa é humilde, sabe que de todos pode aprender algo e assim cresce espiritualmente. Mas se a pessoa é orgulhosa, acha que sabe mais do que todos e que ninguém tem nada para lhe oferecer, então perde oportunidades valiosas de aprender e crescer espiritualmente.
O segundo elemento com o qual a Torá está associada é o fogo. Quando estamos na escuridão, sem saber para onde ir, o fogo ilumina e nos mostra o caminho pelo qual devemos seguir. Assim também é a Torá, o nosso "Manual de Instruções", que clareia nossa vida neste mundo cheio de incertezas e nos ensina por que caminhos andar. Além disso, quando o fogo é utilizado da maneira correta, ele ilumina e aquece, mas se utilizado da forma incorreta, ele queima e destrói. Da mesma maneira, o estudo da Torá deve ser voltado para que a pessoa se torne alguém melhor, para que se torne um exemplo de boa conduta para os outros. Mas se a pessoa se dedica ao estudo da Torá e seus atos são feios, o nome de D'us é denegrido e isso causa destruição, pois incentiva as pessoas a se afastarem da espiritualidade.
Finalmente o terceiro elemento nossos sábios aprendem do primeiro versículo desta Parashá: "E falou D'us com Moshé no deserto do Sinai" (Bamidbar 1:1). O terceiro elemento que se associa com a Torá é o deserto. Por que D'us escolheu justamente o deserto para a entrega da Torá?
O deserto é um local inóspito. A falta de água e de alimentos torna a vida ali completamente impossível. Mas foi justamente neste local que D'us escolheu levar o povo judeu quando os tirou do Egito, pois no deserto o povo judeu recebeu uma grande lição de Emuná (fé). Eles recebiam seu sustento através do Man (Maná), uma porção de comida que caia diariamente do céu, exatamente na quantidade que cada família necessitava. Durante os 40 anos no deserto nunca faltou Man, sempre as pessoas tinham a quantidade de alimento necessário. O Man, além de possuir o gosto que a pessoa desejasse, continha todos os elementos necessários para manter a saúde das pessoas. O Man caía diretamente na porta de cada família, sem que houvesse a necessidade de investir horas de trabalho por dia para trazer o alimento para casa.
A grande lição do Man no deserto foi de que as pessoas aprenderam que não precisam mais do que aquilo que elas recebem de D'us e que qualquer esforço a mais é tolice. As pessoas conseguiram entender que o que elas tinham era todo o necessário para que pudessem cumprir o seu trabalho espiritual neste mundo. Por isso, quem quer adquirir os conhecimentos de Torá deve viver como se comesse Man, isto é, deve se esforçar para conseguir seu sustento, mas sabendo que esforços a mais no mundo material não trazem mais sucesso, pois o sucesso depende de D'us e não do nosso esforço. Devemos ter nosso trabalho, devemos buscar o nosso sustento, mas se isto toma todo o nosso tempo e não sobra nada para dedicar ao estudo da Torá, é um sinal de que estamos nos esforçando mais do que precisamos. Isso é o que ocorre principalmente quando não estamos contentes com o que temos, e por isso precisamos sempre de mais e mais, mesmo às custas do nosso tempo de crescimento espiritual.
Ensinam os nossos sábios que quando a alma de uma pessoa que falece sai deste mundo e chega nos mundos espirituais, são feitas para ela 3 perguntas: Se ela trabalhou com honestidade, se ela esperou em cada instante pela salvação e se ela fixou tempos de estudo de Torá. D'us não vai nos questionar quantas horas por dia estudamos Torá, pois muito precisam trabalhar para conseguir o seu sustento e não podem dedicar todo o dia ao estudo. Porém, D'us quer saber se fizemos da nossa Torá a preocupação principal de nossas vidas ou se era apenas algo secundário. D'us vai querer saber se, quando chega o final do dia, continuamos na nossa loja para ganhar um pouco mais de dinheiro ou se fomos para a nossa aula de Torá na sinagoga.
Que possamos nos preparar como a água, o fogo e o deserto para podermos novamente neste ano receber a Torá em nossas vidas.
SHABAT SHALOM E CHAG SAMEACH
Rav Efraim Birbojm

sexta-feira, 7 de maio de 2010

SHABAT SHALOM MAIL - PARASHIOT BEHAR E BECHUKOTAI 5770

BS"D

PALAVRAS PODEM DESTRUIR - PARASHIOT BEHAR E BECHUKOTAI 5770 (07 de maio de 2010)

"A pequena Débora havia sido criada em uma família judia pouco observante da Torá e das Mitzvót. Seus pais repetidamente falavam mal sobre os judeus ortodoxos, o que criou nela um sentimento muito negativo. Porém, quando Débora cresceu, teve curiosidade de saber como eram realmente os judeus religiosos, com quem nunca tivera contato. Durante Rosh Hashaná e Yom Kipur ela foi rezar na Yeshivá de Ponovich, na cidade israelense de Bnei Brack. Ela ficou tão impressionada com a devoção das centenas de pessoas que rezavam ali que decidiu voltar para a festa de Simchá Torá.

Tudo estava indo perfeitamente bem. Débora se sentia bem entre aquelas pessoas que a haviam recebido tão carinhosamente. Uma das mulheres a havia ajudado durante toda a reza a encontrar as páginas do Sidur (Livro de rezas), outra havia se preocupado se ela tinha lugar para comer as refeições. Mas Débora, que não conhecia muito as leis judaicas, principalmente as que se referiam à Tzniut (recato), vestia roupas que não condiziam com a lei judaica. Então uma das meninas presentes disse, em voz alta, na frente de centenas de mulheres:

- Ei, garota. Como você tem coragem de vir rezar vestindo roupas tão sem recato?

Imediatamente o castelo encantado de Débora desmoronou. Assim se comportavam as meninas religiosas? Era isso o que a Torá ensinava? Se este era o comportamento dos religiosos, então ela não estava nem um pouco interessada. Saiu correndo, completamente envergonhada, sem saber para onde ir.

Foi então que ela passou por uma multidão que se aglomeravam diante de uma porta. Era a sala do Rav Eliezer Mann Shach, o Rosh Yeshivá (Diretor espiritual) de Ponovich. Ela teve curiosidade de conversar com ele, desabafar e contar tudo o que havia acontecido. Decidiu esperar, mesmo que levasse horas. Mas quando a porta se abriu e algumas pessoas que estavam lá dentro saíram, ela foi imediatamente chamada para entrar, apesar da enorme fila de pessoas que haviam chegado antes dela. O ajudante do Rav Shach então explicou que as mulheres tinham prioridade para entrar. Agradavelmente surpresa, ela entrou e contou toda a história para o Rav Shach, que na época já era um dos maiores rabinos da geração.

O Rav Shach escutou atentamente o desabafo de Débora e chorou. Ele explicou para Débora que aquela moça havia cometido uma grande transgressão. Conversaram por muito tempo e ele a ensinou o quanto devemos ser cuidadosos com os outros e o quanto devemos trabalhar a nossa sensibilidade para não ferir ninguém com as nossas palavras. Débora saiu muito impressionada da conversa. A calma, a doçura e a sensibilidade do Rav Shach a haviam conquistado. Decidiu que queria aprender mais sobre o judaísmo e se tornar uma pessoa mais praticante.

Hoje em dia Débora é casada com um Rosh Yeshivá. Seus filhos e netos são grandes estudiosos de Torá"

Esta história nos ensina a força das palavras. Uma declaração feita de maneira incorreta pode causar muita dor e raiva, e pode atrapalhar para sempre o crescimento espiritual de outra pessoa. Ao contrário, palavras carinhosas e doces podem construir mundos espirituais. (História Real, retirada do livro "Major Impact", do rabino Dovid Kaplan)

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Nesta semana lemos duas Parashiot juntas, Behar e Bechukotai. A Parashá Behar traz algumas Mitzvót Bein Adam Lamakom (entre o homem e D'us) como, por exemplo, a Mitzvá de Shemitá (descansar todos os campos da Terra de Israel a cada 7 anos) e a Mitzvá de Yovel (Jubileu), quando se completavam 7 ciclos de Shemitá, e traz também algumas Mitzvót Bein Adam Lehaveiró (entre o homem e o seu companheiro), entre elas a proibição de causar sofrimentos aos outros, como está escrito: "Quando você vender um objeto a seu companheiro ou comprar algo de seu companheiro, um homem não deve afligir seu irmão" (Vayikrá 25:14). Porém, três versículos depois a Torá novamente repete a proibição de causar sofrimentos, como está escrito: "E que uma pessoa não aflija seu companheiro e que tema a D'us, pois Eu sou Hashem, teu D'us" (Vayikrá 25:17). Por que a Torá precisa repetir duas vezes a mesma advertência?

Explica Rashi, comentarista da Torá, que na verdade os versículos se referem a dois tipos diferentes de "Onaá" (aflição). O primeiro versículo se refere a "Onaát Mamom", isto é, causar sofrimentos em assuntos relacionados com dinheiro. Por exemplo, é proibido se aproveitar da ignorância de outra pessoa para cobrar dela um valor injusto por uma mercadoria. O segundo versículo se refere a "Onaát Devarim", isto é, ferir alguém através de palavras. Qual das duas formas é a mais grave? Poderíamos pensar que a Onaát Mamon é muito mais grave do que a Onaát Devarim, pois quando uma pessoa é ferida verbalmente, ela não perde nenhum objeto de valor, mas quando ela passa por uma enganação monetária ela sofre uma perda real. É o que diz um famoso adesivo de carros nos Estados Unidos: "Paus e pedras podem me ferir, mas palavras nunca vão me machucar".

Porém, o Talmud (Torá Oral) diz justamente o contrário e nos ensina que a Onaát Devarim é mais grave do que a Onaát Mamon por três razões diferentes. Em primeiro lugar, é fácil notar quando alguém está tentando ser desonesto com o dinheiro dos outros, mas é difícil perceber as reais intenções de quem quer prejudicar outra pessoa verbalmente. Portanto quem é desonesto está ciente de que as pessoas provavelmente irão perceber que ele está fazendo algo errado. Se mesmo assim a pessoa faz o erro, demonstra que não tem temor de D'us, mas que também não tem nenhum medo do que as pessoas pensarão de suas ações. Porém uma pessoa que prejudica outras com a sua fala em geral o faz de forma escondida, demonstrando que teme mais as outras pessoas do que D'us. É por isso que no versículo sobre Onaát Devarim está escrito "tema a D'us", enquanto na Onaát Mamon isto não é mencionado.

Em segundo lugar, o Talmud diz que a Onaát Mamon prejudica apenas os bens materiais das pessoas, enquanto a Onaát Devarim é muito pior, pois prejudica a própria pessoa. Isto se refere especialmente a pessoas emocionalmente instáveis, cujos danos causados por um descuido de palavras pode penetrar em sua essência e causar danos irreversíveis.

O Talmud conclui com um terceiro aspecto em que Onaát Devarim é pior do que Onaát Mamon. Se uma pessoa tira dinheiro de outra pessoa de maneira enganosa, para que ele possa reparar o dano basta devolver o que ele pegou injustamente. Entretanto, quando se prejudica alguém com palavras, nenhuma quantidade de desculpas pode mudar o passado, pois as palavras não podem ser pegas de volta. É uma ocorrência comum nos relacionamentos humanos, especialmente no casamento, que algumas poucas palavras sem sensibilidade, pronunciadas em um breve momento de raiva, podem ecoar por muito tempo e causar feridas que nunca mais serão cicatrizadas. E pior do que isso, poucas palavras utilizadas de maneira prejudicial podem se tornar uma "bola de neve", aumentando ainda mais as consequências negativas, até o ponto de ser impossível desfazer o dano causado.

Estamos constantemente envolvidos em conversas com outras pessoas e, portanto, é muito fácil ferir sentimentos através de uma declaração impensada. Até mesmo uma brincadeira que fazemos sem nenhuma má intenção pode estragar uma amizade. Pelo fato de falarmos tanto, acabamos esquecendo o quão sério é a transgressão de ferir os sentimentos das outras pessoas. O Rabino Yonathan Guefen ensina uma técnica que nos ajuda a estarmos mais atentos com esta Mitzvá. Precisamos desenvolver a atitude de sermos tão cuidadosos com nossa fala como somos em outras Mitzvót. Por exemplo, em relação à Kashrut, nunca comemos algo sem verificar se a comida é realmente Kasher e, portanto, permitida para o consumo. Ninguém come impulsivamente e somente depois percebe que não era Kasher. Assim também precisamos estar sempre atentos se o que estamos prestes a lançar de nossas bocas é permitido ou não, se é construtivo ou destrutivo.

A fala é o que diferencia o ser humano de todo o restante da criação. É um presente que D'us nos deu. Facilita nossa comunicação, nos ajuda a transmitir o que queremos com objetividade. D'us criou o nosso mundo com palavras. Por que? Para nos ensinar que as palavras podem construir mundos. Em hebraico, falar é "Ledaber", que vem da mesma raiz da palavra "objeto", que é Davar". A fala, quando bem utilizada, constrói. Ao estudar Torá, ao incentivar, elogiar ou consolar alguém que precisa, ao criticar da maneira correta alguém que se desviou do caminho, estamos nos comportando como D'us e criando mundos espirituais. Mas ao mesmo tempo a fala mal utilizada destrói. Destrói boas amizades, acaba com bons casamentos, pode destruir vidas e mundos espirituais. O nosso Beit Hamikdash foi destruído pelo Lashon Hará, o mal uso da fala.

Ensinam nossos sábios que se as palavras valem prata, o silêncio vale ouro. Por isso, em muitos casos, se não vamos dizer algo construtivo, vale a pena ficar em silêncio.

"Três coisas não voltam atrás: a flecha atirada, a oportunidade perdida e a palavra pronunciada"

SHABAT SHALOM

Rav Efraim Birbojm