quarta-feira, 9 de novembro de 2016

ENXERGANDO O QUADRO COMPLETO - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ LECH LECHÁ 5777

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ENXERGANDO O QUADRO COMPLETO - PARASHÁ LECH LECHÁ 5777 (11 de novembro de 2016)

Amy Carmichael nasceu em uma pequena vila na Irlanda do Norte. Era a mais velha de sete filhos. Todos na casa de Amy tinham olhos azuis. Todos, menos Amy. O sonho dela era ter olhos azuis como o mar. Certo dia ela escutou que D'us responde a todas as rezas e passou o dia todo pensando nisso. À noite, na hora de dormir, ela rezou muito. Pediu que, quando acordasse, tivesse olhos azuis como os de sua mãe. Ao acordar no dia seguinte, a primeira coisa que Amy fez foi correr para o espelho. Mas, para seu desapontamento, viu que seus olhos continuavam castanhos. Sua mãe veio consolá-la e ensinou-lhe que D'us escuta todas as rezas, mas o "não" também é uma resposta, pois somente Ele sabe o que é o melhor para nós. Amy não entendia por que D'us não atendeu sua reza, mas confiava Nele.

Amy cresceu e estava sempre ajudando as pessoas, mas era uma candidata improvável para trabalhos de caridade, pois sofria de neuralgia, uma doença dos nervos que deixava seu corpo fraco, dolorido e que a deixava de cama por semanas. Mesmo assim Amy foi trabalhar na Índia. Havia escutado que famílias pobres, em momentos de desespero, vendiam seus filhos para a prostituição forçada. Amy começou a trabalhar ativamente para "comprar" estas crianças e dar a elas uma vida digna.

Para poder circular na Índia e comprar crianças sem ser reconhecida como estrangeira, Amy precisou se disfarçar de indiana. Ela passava pó de café para escurecer sua pele, cobria os cabelos e se vestia como as mulheres locais. Assim, ela podia entrar e sair livremente nos locais de venda de crianças sem chamar a atenção de ninguém. Um dia, uma amiga olhou para ela disfarçada e disse:
 
- Puxa, Amy, você já pensou como seria difícil você se disfarçar se tivesse olhos azuis como sua família?
 
Naquele momento Amy entendeu a grandeza de D'us. Ele havia lhe dado olhos bem escuros, pois sabia que isto seria essencial para a sua missão de vida.
 
Amy montou uma instituição chamada "Dohnavur Fellowship", situada em Tamil Nadu, no sul da Índia. O local tornou-se um orfanato que abrigou e salvou centenas, talvez milhares, de crianças "compradas", dando a elas um futuro. Amy Carmichael morreu na Índia, em 1951, aos 83 anos de idade. (História real) 

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Nesta semana lemos a Parashá Lech Lechá (literalmente "Vá para você"), que começa a descrever a vida de uma das pessoas mais incríveis que já passaram pela face da Terra: Avraham Avinu, o nosso patriarca que trouxe o monoteísmo de volta ao mundo depois de muitas gerações de idolatria e esquecimento de D'us. Avraham era uma pessoa com um gigantesco potencial, e D'us transformou este potencial em realização através de 10 testes que ele passou em sua vida. Após cada teste que Avraham conseguia superar, ele crescia espiritualmente em uma nova área e conseguia se aproximar um pouco mais da perfeição.
 
Sabemos que Avraham nos deixou ensinamentos preciosos. Porém, para aprender mais de Avraham, precisamos entender exatamente quais foram os testes pelos quais ele passou. Muitas vezes olhamos os testes de maneira superficial e acabamos perdendo a lição principal. Um exemplo é o segundo teste descrito nesta Parashá: "Houve uma fome na terra, e Avram desceu para o Egito para morar lá, pois a fome era muito severa na terra" (Bereshit 12:10). Aparentemente o teste foi passar pela dificuldade da fome e a necessidade de se mudar para conseguir seu sustento sem nenhum tipo de questionamento.
 
Mas para entender de forma mais profunda qual foi exatamente o teste de Avraham, precisamos perceber o contexto no qual este teste aconteceu. A Parashá começa descrevendo o teste de "Lech Lechá", no qual Avraham precisou abandonar a sua casa, sua comodidade e sua "zona de conforto" para ir a uma terra estranha, na qual ele não sabia o que encontraria. Na verdade, Avraham não sabia nem mesmo para onde iria, pois D'us ainda não havia revelado. Mesmo assim, sem nenhum questionamento, ele abandonou sua nação, seus amigos e sua família e iniciou sua jornada, passando com louvor pelo difícil teste. Mas ainda não era o momento de Avraham descansar. Logo que ele chegou em Israel, o objetivo que D'us havia definido para sua viagem, houve uma grande fome que o obrigou a ir ao Egito.
 
De acordo com Rashi (França, 1040 - 1105), o teste não foi a fome propriamente dita. O desafio foi não questionar a vontade de D'us, pois Ele havia ordenado a Avraham abandonar tudo e ir para Israel, mas assim que Avraham chegou lá, D'us fez com que tivesse que ir embora. Avraham sabia que, se D'us havia pedido para que ele fosse para Israel, era para que ele pudesse atingir seu potencial espiritual. Porém, agora que ele havia acabado de chegar ao seu objetivo, ao lugar onde poderia crescer, ele se deparou com um obstáculo e foi obrigado a ir ao Egito, uma atitude que aparentemente contradizia todo o propósito da sua missão na vida. Apesar de Avraham acreditar que seu objetivo era estar em Israel, ele se viu obrigado a sair assim que chegou. Ele poderia ter questionado os motivos pelos quais ele havia sido forçado a abandonar seu objetivo espiritual.
 
Explica o Rav Yehonasan Gefen que, apesar das dificuldades, Avraham não se sentiu frustrado nem questionou D'us. Ele reconheceu que não havia entendido completamente como sua jornada de "Lech Lechá" deveria ocorrer, pois sabia claramente que tudo está nas mãos de D'us, cuja sabedoria é infinita. Avraham fez a sua parte, se esforçou, mas aceitou que tudo o que estava além do seu controle era a Vontade de D'us e, por isso, não havia nenhum motivo para desanimar. Ele sabia que a fome não era por "causas naturais", era um decreto que vinha diretamente de D'us, então seguramente havia explicação, havia alguma lógica no Plano Divino.
 
De fato, enxergando o quadro completo, todos os eventos que ocorreram no Egito e todos os desafios que Avraham enfrentou demonstraram ter muitos benefícios, tanto para Avraham quanto para suas futuras gerações. Por exemplo, Avraham voltou do Egito com muitas riquezas, o que teve importantes implicações espirituais. Além disso, o incidente do sequestro de Sara no Egito e a praga que atingiu o Faraó é um exemplo de "Maassê Avót, Siman Lebanim" (Os atos dos nossos patriarcas são um "sinal" para seus futuros descendentes). Avraham estava preparando as "fundações" das futuras experiências que os judeus passariam no Egito muitos séculos depois, incluindo as pragas que atingiriam o Faraó e os egípcios por seus maus atos.
 
Explica o Ramban zt"l (Nachmânides) (Espanha, 1194 - Israel, 1270) que todos os testes que Avraham passou na vida também serão enfrentados pelos seus descendentes, e a forma como ele lidou com seus desafios também foi herdada por nós e nos dará a habilidade para também superarmos os testes que surgem em nossas vidas. Em especial, o teste da fome é muito relevante para nós. Muitas vezes tomamos decisões baseadas no nosso entendimento do que é correto e na nossa vontade de cumprir a Vontade de D'us. Isto muitas vezes envolve mudanças em nossas vidas. Podem ser mudanças grandes, como uma mudança de país, uma mudança de carreira, a decisão de se casar ou de ter filhos, ou até mesmo mudanças pequenas, como o comprometimento de crescer espiritualmente através de pequenos acréscimos no estudo da Torá e no cumprimento das Mitzvót. Normalmente, quando a pessoa assume mudanças em sua vida, já tem suas expectativas de quais desafios terá que enfrentar e como poderá superá-los. Entretanto, é comum nos deparamos com dificuldades e obstáculos que não havíamos previsto e que parecem contradizer nosso plano de crescimento. Nestas situações, há uma forte inclinação para ficarmos frustrados por não conseguirmos crescer da maneira que desejávamos.
 
Mas por que nos sentimos frustrados quando nossos esforços não funcionam como havíamos planejado? Pois achamos que sabemos qual é o caminho ideal para atingirmos o nosso objetivo e o nosso verdadeiro potencial, e pensamos que somente assim nos tornaremos pessoas melhores. Quando somos colocados em uma situação que nos impossibilita de darmos continuidade ao nosso plano de crescimento previsto, nos sentimos frustrados porque achamos que isto nos impedirá de atingir o nosso objetivo. Portanto, a fonte da nossa frustração é acharmos que sabemos exatamente o que vai nos fazer chegar ao nosso máximo potencial.
 
Então qual é a maneira de lidar com estes obstáculos que chegam de maneira imprevista? Devemos reconhecer que somente D'us sabe quais circunstâncias a pessoa deve enfrentar na vida para potencializar seu crescimento, e que qualquer dificuldade que encontramos na vida é apenas um meio que Ele nos manda para ajudar o nosso crescimento e nos possibilitar o desenvolvimento de novas habilidades. Pensamos que as dificuldades nos afastam do nosso objetivo, mas apenas porque somos limitados. Apenas D'us, em Sua infinita sabedoria, sabe o que é realmente o melhor para nós e qual é o nosso verdadeiro caminho de crescimento.

Muitas vezes nos deparamos com obstáculos e dificuldades. Distrações inevitáveis, doenças, mudanças de vida. Nos sentimos frustrados por pensar que não podemos crescer da maneira que desejávamos. Vemos estas dificuldades como obstáculos que nos impedem de nos conectarmos a D'us. A lição do teste da fome pelo qual passou Avraham nos ensina a reconhecer que estes "incômodos" vêm de D'us, e certamente eles carregam o desafio exato que necessitamos naquele momento. Somente assim conseguiremos evitar a atitude prejudicial da frustração e poderemos focar em enfrentar os desafios com alegria e confiança em D'us. 

SHABAT SHALOM    

R' Efraim Birbojm
 
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Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Ben Tzion (Benjamin) ben Shie Z"L e Frade (Fany) bat Efraim Z"L, que lutaram toda a vida para manter acesa a luz do judaísmo, principalmente na comunidade judaica de Santos. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Meir ben Eliezer Baruch Z"L e Shandla bat Hersh Mendel Z"L, que nos inspiraram a manter e a amar o judaísmo, não apenas como uma idéia bonita, mas como algo para ser vivido no dia-a-dia. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de minha querida e saudosa tia, Léa bat Meir Z"L. Que possa ter um merecido descanso eterno.
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quarta-feira, 2 de novembro de 2016

SEPARAÇÃO MOMENTÂNEA – SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ NOACH 5777

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SEPARAÇÃO MOMENTÂNEA - PARASHÁ NOACH 5777 (04 de novembro de 2016)

"Sou médico oncologista, com experiência de 29 anos de atuação profissional. Posso afirmar que cresci e modifiquei-me com os dramas vivenciados pelos meus pacientes. Não conhecemos nossa verdadeira dimensão até que, pegos pela adversidade, descobrimos que somos capazes de ir muito além. Recordo-me com emoção do Hospital do Câncer de Pernambuco, onde dei meus primeiros passos como profissional.
 
Comecei a frequentar a enfermaria infantil e apaixonei-me pela oncopediatria. Vivenciei os dramas dos meus pacientes, crianças vítimas inocentes do câncer. Com o nascimento da minha primeira filha, comecei a me acovardar ao ver o sofrimento das crianças. Até o dia em que um anjo passou por mim. Veio na forma de uma criança já com 11 anos, calejada por dois longos anos de tratamentos diversos, manipulações, injeções e todos os desconfortos trazidos pelos programas de quimioterapia e radioterapia. Mas nunca vi o pequeno anjo fraquejar. Vi-a chorar muitas vezes; também vi medo em seus olhinhos. Porém, isso é humano.
 
Um dia, cheguei ao hospital cedinho e encontrei meu anjo sozinha no quarto. Perguntei pela mãe. A resposta que recebi, ainda hoje, não consigo contar sem vivenciar profunda emoção:
 
- Tio - disse-me ela - às vezes minha mãe sai do quarto para chorar escondido. Quando eu morrer, acho que ela vai ficar com muitas saudades. Mas eu não tenho medo de morrer, tio. Eu não nasci para esta vida!
 
- E o que a morte representa para você, minha querida? - perguntei, tentando disfarçar a emoção.
 
- Olha tio, quando somos pequenos, às vezes, vamos dormir na cama do nosso pai e, no outro dia, acordamos em nossa própria cama, não é? Um dia eu vou dormir e o meu Pai vem me buscar. Vou acordar na casa Dele, na minha vida verdadeira!
 
Fiquei "engasgado", não sabia o que dizer. Chocado com a maturidade com que o sofrimento acelerou a visão e a espiritualidade daquela criança.
 
- E minha mãe vai ficar com saudades - emendou ela.
 
Emocionado, contendo uma lágrima e um soluço, perguntei:
 
- E o que saudade significa para você, minha querida?
 
- Saudade é o amor que fica!" (História real, narrada pelo Dr. Rogério Brandão, Oncologista) 

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A Parashá desta semana, Noach, conta a história do terrível Dilúvio que destruiu a humanidade. Desde Adam Harishon, o primeiro ser humano, que escolheu não escutar a ordem de D'us e comer do fruto que D'us havia proibido, a humanidade foi "despencando" espiritualmente e se desviando, de geração em geração, ao ponto de D'us se arrepender de Sua Criação. Somente Noach e seus filhos encontraram graça aos olhos de D'us, pois haviam se mantido íntegros, e por isso foram poupados da destruição. Noach passou 120 anos construindo uma gigantesca Arca, e um dos propósitos era justamente para chamar a atenção das pessoas de que algo terrível aconteceria caso as pessoas não mudassem suas atitudes. Porém, apesar das pessoas verem a Arca e terem sido advertidas por tanto tempo sobre a vinda do Dilúvio, ninguém mais se arrependeu e consertou seus atos.
 
Há um detalhe interessante que nos chama a atenção quando D'us anuncia que o Dilúvio estava iminente: "Pois em mais sete dias Eu mandarei chuva sobre a terra, 40 dias e 40 noites, e Eu apagarei toda a existência que Eu criei sobre a face da terra" (Bereshit 7:4). Mas por que D'us quis chamar a atenção destes últimos sete dias?  
 
Rashi (França, 1040 - 1105), citando um Midrash (Torá Oral), nos revela que estes sete dias não estavam nas contas originais de D'us. Mesmo quando os 120 anos se completaram, D'us ainda adiou o início das chuvas por mais sete dias. De acordo com uma explicação, o adiamento foi consequência da gigantesca Misericórdia de D'us. Apesar de terem passado 120 anos, tempo suficiente para que as pessoas se arrependessem, Ele quis dar mais sete dias de chance. Além disso, Rashi explica que havia também outro grande Tzadik no mundo, chamado Metushelach, que viveu até a idade de 969 anos. Ele faleceu quando se completaram os 120 anos e, em sua honra, D'us esperou mais sete dias para começar o Dilúvio.

De acordo com a maioria das opiniões dos nossos "Poskim" (legisladores), o período de sete dias de luto que observamos depois do falecimento de um parente próximo, chamado de "Shivá" (que literalmente significa "sete"), não é parte das 613 Mitzvót da Torá, e sim um mandamento rabínico. A fonte para o mandamento rabínico da "Shivá" é este versículo da nossa Parashá, pois de acordo com os nossos sábios, os sete dias que D'us esperou antes de iniciar o Dilúvio são justamente os sete dias de luto da "Shivá" de Metushelach.
 
A morte é um assunto que normalmente não gostamos de pensar. É algo que nos deixa deprimidos e com medo do desconhecido. A morte é uma consequência direta do erro de Adam Harishon, e não apenas ele sofreu as consequências de seu erro, mas também todos os seus descendentes. A morte é um momento de separação de pessoas queridas, algo que traz muito sofrimento para a humanidade. Mas se D'us é tão misericordioso, se tudo o que Ele faz é por bondade, será que há uma maneira de olhar a morte de forma mais otimista? Como não perder as esperanças quando perdemos uma pessoa querida?
 
Outra questão surge ao analisarmos a frase de consolo que costumamos dizer quando visitamos pessoas enlutadas: "Hamakom Yenachem Etchem Betoch Shear Avelei Tzion VeYerushalaim" (Que D'us possa consolar vocês, entre os demais enlutados de Tzion e Yerushalaim). Há algo interessante neste consolo, pois sabemos que D'us têm muitos nomes, o que pode ser observado na Torá e nas Tefilót (rezas). Alguns nomes se referem justamente à Sua misericórdia e compaixão, tais como "Rachum" (O Misericordioso) e "Chanun" (O Gracioso). Porém, nesta frase de consolo não utilizamos estes nomes de D'us, e sim o nome "HaMakom", que literalmente significa "O Lugar". Por que justamente este nome é utilizado? E como esta frase ajuda a trazer consolo aos que estão enlutados e sofrendo pela terrível perda de um ente querido?
 
Além disso, se refletirmos, perceberemos algo intrigante. Antigamente, quando a comunicação a longa distância não existia, a migração de uma família para uma terra distante era praticamente uma despedida para sempre. Na maioria das vezes as famílias nunca mais escutavam notícias de como estavam seus parentes queridos que partiram. Porém, esta despedida não causava nas pessoas o mesmo sentimento de perda que é causado pela morte de um parente. Qual é a diferença, se nos dois casos as pessoas sabiam que nunca mais veriam seus parentes queridos?
 
Explica o Rav Yohanan Zweig que a resposta está em um Midrash que afirma: "O mundo está contido dentro do "espaço" de D'us, e não D'us está contido dentro do espaço do mundo". Nossos sábios estão ensinando que o espaço não era uma realidade pré-existente, ao contrário, foi D'us quem trouxe o mundo à sua existência, foi Ele quem criou a realidade de espaço. Consequentemente, D'us não existe dentro do espaço, e sim o espaço existe dentro da realidade de D'us.
 
A diferença entre perder um parente e vê-lo partir para sempre em uma viagem é que, no caso da migração, havia o conforto e o consolo de saber que as pessoas amadas, apesar da distância, continuavam existindo dentro do mesmo espaço e realidade que elas. Isto trazia para as pessoas certo nível de tranquilidade e aceitação. Portanto, o sentimento de perda causado pela morte de um ente querido deriva do entendimento equivocado de que o falecido não existe mais na mesma realidade daqueles que estão vivos. É por isso que consolamos o enlutado utilizando o nome de D'us "HaMakom", que reflete a noção de que tudo está dentro do espaço de D'us. Portanto, apesar de que aqueles que partiram saíram da realidade percebida pelos nossos cinco sentidos, eles continuam existindo dentro da realidade criada por D'us. Apesar de ser em outro plano de existência, elas continuam dividindo o mesmo espaço que nós. Este conceito é um grande consolo e conforto para aqueles que estão enlutados.

Apesar de ser algo doloroso, a morte é uma grande bondade de D'us. Após o erro de Adam Harishon, a humanidade caiu tanto espiritualmente que foi necessário um novo processo de purificação para nos permitir uma limpeza completa do nosso corpo e da nossa alma. Este processo é a morte, a separação do corpo e da alma para que cada um deles passe por um processo de purificação específico. Nosso "eu" não é o nosso corpo finito, e sim a nossa alma infinita. A morte, a separação passageira dos nossos entes queridos, pode ser difícil, mas deve ser vista da mesma maneira que a despedida de parentes que estão migrando para uma nova terra, para novas oportunidades. A saudade é o amor que fica, e que deve ser guardado para sempre. Mas nunca com desespero e tristeza, e sim com a aceitação e a tranquilidade de sabermos que tudo o que D'us faz é por bondade ilimitada. 

SHABAT SHALOM

R' Efraim Birbojm
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quinta-feira, 27 de outubro de 2016

EXPULSANDO A ESCURIDÃO - SHABAT SHALOM M@IL - PARASHÁ BERESHIT 5777

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EXPULSANDO A ESCURIDÃO - PARASHÁ BERESHIT 5777 (28 de outubro de 2016)

Yossef, um pequeno garoto de nove anos, estava sentado em sua carteira no meio de uma aula. De repente, ele percebeu que se formou uma poça entre seus pés e a parte da frente da sua calça estava molhada. Yossef achou que seu coração iria parar. Como havia deixado isto acontecer? Que vergonha! Quando os meninos da classe descobrissem, nunca mais o deixariam em paz. Quando as meninas soubessem, nunca mais falariam com ele. Yossef estava desesperado e não sabia o que fazer. Ele viu então a professora se aproximando com um olhar de "descobri o que você fez". Naqueles poucos segundos, mas que para Yossef pareciam uma eternidade, uma colega de classe chamada Rivka levantou-se da sua carteira e pegou o aquário cheio de água que havia em uma estante de livros da sala de aula. Rivka começou a caminhar com o aquário, mas tropeçou e, antes de cair no chão, derramou toda a água no colo de Yossef.
 
Yossef fingiu estar irritado, mas por dentro não cabia em si de alegria e alívio. Ao invés de ser ridicularizado, Yossef recebeu o apoio dos colegas. A professora desceu apressadamente com ele e lhe emprestou uma calça de ginástica para que ele vestisse enquanto sua calça secava. Todas as crianças se juntaram para secar sua carteira. A humilhação que ele passaria foi transferida para Rivka. Quando ela tentou ajudar a limpar a carteira de Yossef, os outros colegas disseram de forma grosseira: "Saia daqui! Já não foi suficiente o que você causou ao Yossef?".
 
No fim do dia, enquanto estavam esperando o ônibus, Yossef caminhou até Rivka e lhe perguntou baixinho: "Você fez aquilo de propósito, não foi?". Rivka, com um sorriso, respondeu baixinho: "Eu também molhei minha calça uma vez".
 
Nossa grandeza é medida quando conseguimos nos preocupar com a honra dos outros da mesma maneira que nos preocupamos com a nossa própria honra. 

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Nesta semana recomeçamos o ciclo de leitura da Torá com a Parashá Bereshit (literalmente "No princípio"), que começa descrevendo a Criação do universo, do caos até a perfeição. O ápice da Criação de D'us foi Adam Harishon, o primeiro ser humano, o propósito de tudo. D'us criou o homem do pó da terra e soprou nele uma alma de vida. Mas por que D'us justamente soprou a alma? De acordo com as fontes místicas judaicas, quando a Torá diz que D'us soprou uma alma no ser humano, nos ensina que parte Dele entrou em nós. Isto quer dizer que nossa alma é muito elevada, é parte de D'us, como ensina o mais sábio de todos os homens, Shlomo Hamelech: "A alma do ser humano é uma vela de D'us" (Mishlei 20:27). A alma foi colocada dentro do ser humano para nos iluminar e permitir nossa conexão com a espiritualidade. Porém, sabemos que D'us criou o ser humano com livre arbítrio e para isso é necessário um equilíbrio de forças. Se foi necessário D'us colocar uma "Vela Divina" dentro de nós, significa que a escuridão dentro do ser humano também é imensa.
 
Esta escuridão que existe dentro do ser humano pode ser percebida em diversas personalidades da Torá. Por exemplo, quando a cidade de Yerichó foi conquistada, muitos milagres aconteceram. Havia muralhas gigantescas protegendo a cidade, praticamente intransponíveis, mas D'us fez com que elas caíssem, possibilitando que a cidade fosse conquistada. Yoshua, o líder que sucedeu Moshé Rabeinu, entendeu a importância de aquele milagre ficar guardado para sempre. Ele proibiu que a cidade de Yerichó fosse reconstruída, para que suas ruínas servissem como fonte de inspiração de Emuná (fé) para o povo judeu. Yoshua então proferiu uma maldição: todos os filhos daquele que tentasse reconstruir a cidade de Yerichó morreriam antes do término da construção. Mas cerca de 550 anos depois um homem chamado Chiel Beit Haeli tentou reconstruir a cidade. Quando ele iniciou as fundações, seu filho primogênito morreu. Mesmo assim ele continuou a construção de maneira obstinada e foi enterrando todos os seus filhos, um após o outro. Finalmente, quando ele ergueu os portões da cidade, seu último filho morreu, exatamente como Yoshua havia avisado: "Com (a perda de) seu primogênito fará a fundação, e com (a perda de) seu filho mais novo colocará os portões" (Yoshua 6:26).
 
Porém, esta história da Torá é difícil de ser entendida. Chiel viu que estavam se cumprindo as palavras da maldição proferidas por Yoshua e que seus filhos estavam morrendo um após o outro, então por que ele não interrompeu imediatamente a construção? A maldição de Yoshua era sabida por todos, certamente a construção não foi por falta de conhecimento. Por que ele continuou construindo, de forma obstinada, mesmo enterrando seus filhos? Pois a escuridão do ser humano é tão intensa que Chiel não conseguiu conectar a morte dos seus filhos com a maldição de Yoshua. Ele preferiu acreditar que tudo era um grande acaso, e por isso continuou construindo como se nada tivesse acontecido.
 
Na nossa Parashá há outro exemplo incrível da mistura que existe dentro do ser humano de luz e escuridão. Cain, filho de Adam, trouxe para D'us uma oferenda, como está escrito: "E trouxe Cain das frutas da terra uma oferenda para D'us, e também Hevel trouxe dos primogênitos do seu rebanho" (Bereshit 4:3,4). Esta foi a primeira vez na história da humanidade em que um Korban (sacrifício) foi oferecido a D'us. Percebemos pela linguagem do versículo que Hevel aprendeu de seu irmão Cain o ato de oferecer um Korban. Mas de quem Cain aprendeu que deveria oferecer um Korban para D'us?

Explica o Ramban zt"l (Nachmânides) (Espanha, 1194 - Israel, 1270) que Cain entendeu sozinho o grande segredo dos Korbanót, algo muito profundo e sublime. Isto significa que Cain estava em um nível espiritual muito elevado, mais elevado ainda do que o nível espiritual de seu irmão Hevel. Porém, na continuação da Parashá está escrito: "E D'us aceitou Hevel e sua oferenda, mas Cain e sua oferenda Ele não aceitou" (Bereshit 4:4,5). Rashi (França, 1040 - 1105) explica que a oferenda de Cain não foi aceita pois ele trouxe das piores frutas da terra, enquanto Hevel trouxe seus melhores animais. Porém, a atitude de Cain é incompreensível, pois o mundo inteiro estava à sua disposição, ele não precisava de tantas frutas, certamente elas apodreceriam. Apesar disso, Cain foi egoísta em sua oferenda e trouxe apenas as piores frutas que encontrou. Se oferecer Korbanót não era algo obrigatório, pois D'us não havia exigido de Cain que ele oferecesse nada, e apenas através de seu intelecto e reconhecimento ele entendeu a importância de oferecer Korbanót, então por que ele trouxe apenas as piores frutas?
 
A única forma de responder esta contradição de Cain é através do entendimento de que no ser humano atuam, ao mesmo tempo, a luz e a escuridão, de forma completamente misturada, e uma delas não anula a outra. Muitas vezes agimos de forma contraditória, pois às vezes o que predomina é a "Vela Divina" que temos dentro de nós, e outras vezes o que predomina é a escuridão. O mesmo Cain, que conseguiu alcançar sozinho o segredo espiritual dos Korbanót, em um momento de muita luz, instantes depois ofereceu a D'us apenas frutas ruins, em um momento de completa escuridão.
 
O mesmo pode ser observado na continuação do versículo: "E isto incomodou demais Cain e seu semblante caiu" (Bereshit 4:5). Este desapontamento de Cain veio do seu lado de luz, pois ele reconheceu sua queda e sofreu muito por causa disso. Porém, logo depois Cain, que poderia ter aproveitado seu despertar para consertar seu erro, novamente deixou que a escuridão o dominasse. Após uma conversa com seu irmão no campo, ele se levantou e o assassinou. Sobre o que eles conversaram? Explica o Rabi Yonatan ben Uziel, grande sábio da época dos Tanaim, que Cain falou para o seu irmão: "Por que o seu Korban foi aceito por D'us e o meu não? Não há justiça e não há Juiz, não há Mundo Vindouro, não há recompensa para os Tzadikim (Justos) e não há castigo para os Reshaim (malvados)!" Quando Cain sentiu a sua queda, ao invés de se arrepender e consertar seu ato, ele preferiu negar que existia justiça no mundo, e chegou até mesmo a negar a existência de D'us ao afirmar que "não há justiça e não há Juiz".
 
Mas como pode ser que Cain negou a existência de D'us, se momentos antes havia falado pessoalmente com Ele, como está escrito: "E D'us disse para Cain: 'Por que você está tão irritado, e por que seu semblante caiu? Não é que se você se arrepender será perdoado?'" (Bereshit 4:6,7)? Responde o Rav Chaim Shmulevitz zt"l (Lituânia, 1902 - Israel, 1979) que para se tranquilizar após seu erro e tirar de si o sentimento de culpa, Cain negou tudo e causou com que a escuridão o dominasse completamente, ao ponto de se levantar e assassinar seu próprio irmão. Após o assassinato, quando D'us perguntou a Cain onde estava seu irmão Hevel, ele respondeu: "Eu não sei. Por acaso eu sou o guardião do meu irmão?" (Bereshit 4:9). Cain pensava que poderia enganar ou ocultar algo de D'us? Certamente que não. Na verdade, Cain estava tentando enganar a si mesmo.
 
Mas se a luz não é suficiente para sozinha expulsar a escuridão, como podemos fazer para tirar de dentro de nós este lado negativo? Explica o Rav Chaim Shmulevitz que a resposta está em um comportamento interessante de Avraham Avinu em relação aos três anjos vestidos de beduínos que ele recebeu em sua casa. Assim está escrito: "E ele (Avraham) levantou seus olhos e viu, e eis que três homens estavam parados diante dele. E ele viu, e correu na direção deles" (Bereshit 18:2). Por que o versículo repete duas vezes que Avraham viu? Explicam os nossos sábios que primeiro Avraham viu que a Presença Divina estava parada sobre aqueles três homens, demonstrando que eram pessoas muito grandes. Mas isto não foi suficiente para que Avraham se levantasse e corresse na direção deles. Somente quando Avraham viu que eles também se tratavam com Cavod (honra), um respeitando o outro, ele percebeu que eram também pessoas corretas, e então correu ao encontro deles.
 
Mesmo que Avraham já tinha esclarecido que aqueles três beduínos eram pessoas muito grandes, ainda faltava esclarecer se eles eram pessoas corretas, isto é, se haviam conseguido expulsar a escuridão de dentro deles, pois quanto maior uma pessoa, maior também o seu lado de escuridão para manter o livre arbítrio. O que realmente esclarece se uma pessoa é completa em seu nível espiritual é quando ela respeita as outras pessoas, como ensinam os nossos sábios: "Quem é a pessoa honrada? Aquela que honra as criaturas" (Pirkei Avót 4:1). O Pirkei Avót ressalta que o título de "pessoa honrada" não é dado para aquele que é grande, e sim para aquele que honra e se importa com o próximo, pois assim ele demonstra que expulsou de si o lado de escuridão.
 
Devemos nos esforçar para chegar ao nível de pessoas grandes. Mas devemos nos esforçar ainda mais para chegar ao nível de pessoas corretas. Apesar de termos uma luz Divina dentro de nós, somente afastaremos nossa escuridão interior quando soubermos enxergar e apreciar que todos os outros seres humanos também têm dentro de si uma luz Divina.     

SHABAT SHALOM

R' Efraim Birbojm
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HORÁRIO DE ACENDIMENTO DAS VELAS DE SHABAT - PARASHÁ BERESHIT:

                   São Paulo: 18h58  Rio de Janeiro: 18h44                     Belo Horizonte: 18h43  Jerusalém: 17h17
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Este E-mail é dedicado à Refua Shlema (pronta recuperação) de: Chana bat Rachel, Pessach ben Sima, Rachel bat Luna, Bentzion ben Chana, Ester bat Rivka, Rena bat Salk, Chaia Lib bat Michle, Michle bat Enque, Miriam Tzura bat Ite, Fanny bat Vich, Zeev Shalom ben Sara Dvorah, Pece bat Geni, Salomão ben Sara, Tamara bat Shoshana, Yolanda bat Sophie, Chai Shlomo ben Sara, Eliezer ben Esther, Debora Chaia bat Gueula, Felix ben Shoshana, Moises Ferez ben Sara, Zelda bat Sheva, Yaacov Zalman bat Tzivia, Yitzchak ben Dinah, Celde bat Lea, Geni bat Ester, Lea bat Simi, Yaacov ben Ália, Chava bat Sara, Moshe David ben Chaia Rivka, Levi Itzchak ben Reizel, Lulu Chana bat Rachel, Haia Yona bat Sara, Shulem ben Chaia Sara, Daniel ben Yonit, Chai bat Rivka, Sara Ite bat Michle, Ben Tsion ben Chaya Ruchel, Yaacov Baruch ben Chaya Lib, Masha Fratke bat Chaya Lib, Tinok ben Simcha.
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Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Ben Tzion (Benjamin) ben Shie Z"L e Frade (Fany) bat Efraim Z"L, que lutaram toda a vida para manter acesa a luz do judaísmo, principalmente na comunidade judaica de Santos. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) dos meus queridos e saudosos avós, Meir ben Eliezer Baruch Z"L e Shandla bat Hersh Mendel Z"L, que nos inspiraram a manter e a amar o judaísmo, não apenas como uma idéia bonita, mas como algo para ser vivido no dia-a-dia. Que possam ter um merecido descanso eterno.
 
Este E-mail é dedicado à Leilui Nishmat (elevação da alma) de minha querida e saudosa tia, Léa bat Meir Z"L. Que possa ter um merecido descanso eterno.
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