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CONTANDO CADA DIA DE VIDA - PARASHÁ CHAIEI SARA 5771 (29 de outubro de 2010)
"Daniel estava viajando pela Europa, conhecendo um pouco da história judaica através das sinagogas antigas. Chegou a um pequeno vilarejo judaico cujo único "ponto turístico" judaico era o cemitério. Sem outra opção, Daniel foi conhecê-lo. Não era um cemitério grande, mas havia muitos túmulos. Olhando as lápides, algo imediatamente chamou-lhe a atenção. Percebeu que em nenhuma das lápides constava o ano de nascimento e de falecimento, estava gravado apenas com quantos anos a pessoa tinha falecido. Porém, o mais estranho é que em todos os túmulos a idade dos falecidos era muito baixa. Em um túmulo estava escrito "20 anos e 45 dias", em outro estava escrito "25 anos e 30 dias", e assim em todos os túmulos. Não havia um único túmulo que passava dos 30 anos! Daniel se assustou, será que aquele era um lugar amaldiçoado, onde todos morriam jovens? Além disso, por que também anotavam os dias de vida?
Quando encontrou um morador local, perguntou se havia algum motivo pelo qual todos ali morriam tão jovens. O homem, vendo a preocupação no rosto do turista, deu risada e explicou:
- Nesta cidade nós temos um costume um pouco diferente. Na verdade, todas estas pessoas enterradas morreram com bastante idade e, inclusive, deixaram filhos, netos e até bisnetos. As idades escritas no túmulo não correspondem ao tempo de vida das pessoas, são referentes a uma contagem diferente que nós fazemos. Quando cada um nasce, recebe um diário aonde vai anotando os dias de vida que foram bem aproveitados. No final da vida, fazemos a soma destes dias e escrevemos o total no túmulo"
Quanto de nossas vidas cada um de nós aproveita? Quando chegar o nosso momento, quantos anos realmente levaremos conosco?
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A Parashá desta semana, Chaiei Sara, nos conta sobre a morte dos nossos patriarcas Avraham e Sara, que dedicaram suas vidas a fazer bondades e a ensinar o monoteísmo ao mundo. Sara faleceu com 127 anos, enquanto Avraham alcançou uma idade ainda mais avançada, como diz o versículo: "E estes foram os dias dos anos de vida de Avraham, que viveu 175 anos" (Bereshit 25:7). Mas a linguagem deste versículo é um pouco estranha. Por que a Torá diz "os dias dos anos", não era suficiente mencionar apenas os anos de vida, que já contém os dias? Além disso, um pouco antes da morte de Avraham, a Torá utiliza a seguinte expressão: "Avraham estava velho e vinha com os seus dias" (Bereshit 24:1). O que significa a expressão "vir com os seus dias"?
O livro Guesher HaChaim, do rabino Yechiel Ticotchinsky, nos ensina que existe uma grande diferença entre uma pessoa que vive muitos anos com muitos dias e uma pessoa que vive muitos anos sem muitos dias. Quando a pessoa aproveita bem cada dia, então após muitos anos de vida ela também tem no seu "currículo" muitos dias de vida acumulados. Já aquele que não se preocupa em aproveitar seus dias, mesmo quando a velhice chega, tem muitos anos mas não tem muitos dias de vida acumulados. É por isso que, quando a Torá menciona os dias de vida de Avraham, diz "os dias dos anos", pois como ele aproveitava bem cada um dos seus dias, além de ter falecido com muitos anos de vida, também levava em seu "currículo" muitos dias bem aproveitados.
Mas o que significa aproveitar bem a vida? Os gregos, quando se referiam à busca constante de prazeres materiais, utilizavam a expressão "Carpe Diem" (aproveite o dia). É assim que aproveitamos a vida, comendo muito, bebendo e nos divertindo em festas?
Todo ser humano que nasce já sabe que veio ao mundo por pouco tempo. Alguns vivem 70, outros 80, a única certeza que temos na vida é que ninguém passa dos 120 anos. Se viemos apenas para ter prazer neste mundo, por que não vivemos para sempre? Por que existe um limite do qual nenhum ser humano passa? E mais do que isso, todos os dias nós acordamos, estudamos, trabalhamos, damos duro o dia inteiro, a semana inteira. Chefes mal-humorados, discussões em casa, trânsito pesado, amigos resmungões. Não vivemos imersos em prazer o dia inteiro. Ao contrário, se escrevêssemos em um diário, a cada hora, o que acontece durante o nosso dia, das nossas 24 horas diárias contabilizaríamos em média pouco mais de uma hora diária de prazer. Portanto, dos 70 ou 80 anos que vivemos, no total não acumulamos mais do que 3 anos de prazer na vida. Se fomos criados para ter prazer nesta vida, por que no final das contas temos tão poucos momentos prazerosos?
A resposta é que realmente fomos criados para ter prazer. Mas o prazer verdadeiro não está nesta vida, aqui é o momento de preparação, a oportunidade de, através de cada ato, meritar a eternidade. O Olam Habá (Mundo Vindouro) é o lugar onde receberemos o prazer eterno para o qual fomos criados. Porém, quando a alma sai deste mundo, não pode mais fazer nenhum ato que traga méritos. O momento é agora, nesta vida material, quando nosso livre arbítrio nos dá méritos e cada escolha certa vale eternidade.
Explica o Zohar, livro místico do judaísmo, que antes da pessoa vir ao mundo, todos os seus dias de vida param diante de sua alma e a advertem a não desperdiçar seu tempo. Por isso, quando o ser humano desperdiça seu dia com vanidades ou transgressões, este dia sobe para o céu, completamente envergonhado, e fica sozinho do lado de fora, esperando até que a pessoa se arrependa. Se a pessoa não se arrepende, quando ela morre, fica com este dia faltando. Mas afinal, qual o problema de faltarem dias? Depois que a pessoa morre, que diferença faz se ela levou daqui mais ou menos dias?
Quando vamos a um evento importante, gostamos de estar bem vestidos. Imagine a vergonha que sentiríamos ao descobrir, no meio da festa, que há um enorme buraco na nossa roupa. Explica o Zohar que a pessoa, ao sair deste mundo, se despe do corpo material. E com o que ela se veste para se apresentar diante do Criador do universo? Com seus dias de vida, que formam para ela uma roupa honrosa. Cada dia que falta é um buraco que fica nesta roupa espiritual. Como vamos nos sentir se nossa roupa, como a qual nos encontraremos frente a frente com o Criador, estiver cheia de furos?
Avraham aproveitou cada um dos seus dias, buscando preencher seu propósito na vida. Em todos os seus atos ele demonstrava que sua vida era guiada pela vontade de fazer o que era correto. Ele não tinha preguiça, ele não se deixava levar pelos seus instintos e desejos. É por isso que a Torá ressalta que Avraham "veio com os seus dias", pois quando ele se apresentou diante do Criador, vestia uma roupa honrosa sem nenhum furo.
Será que nós aproveitamos da forma correta o mais importante dos nossos bens, o nosso tempo? Conseguimos manter o foco no nosso trabalho espiritual? É difícil, com tantas coisas que nos desviam da nossa meta. Prazeres que, por serem mal utilizados, nos desviam. Dificuldades, cansaço, confusão de prioridades. Como fazer para não perder o foco? Nossos sábios ensinam que uma das maneiras é lembrarmos constantemente o dia da nossa morte, isto é, colocar no coração a idéia de que nossa vida é temporária. Um exemplo de como isso funciona é a sensação com a qual voltamos do enterro de algum conhecido. Quem é que não volta diferente do cemitério, dando mais valor para a vida? Porém, sem reflexões, sem um esforço, este sentimento de valorizar cada instante da vida desaparece em pouco tempo.
Neste mundo cada segundo vale muito, cada pequena oportunidade conta. Os prazeres materiais e o descanso duram pouco, mas as Mitzvót e os nossos bons atos nos "vestirão" e nos acompanharão por toda a eternidade.
SHABAT SHALOM
Rav Efraim Birbojm
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